Che Guevara

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Esqueci de trancar a porta essa noite. O excesso de responsabilidade está me enlouquecendo.
Ouvi alguém entrando mas não pude ver o rosto direito.
Era amigo, isso eu tinha certeza.
Conversamos um pouquinho de "brincadeira" e quando acendi as luzes Fidel Castro estava na minha frente.
Não sei quem ficou mais assustado.
Eu quase gritei. Quase.
Já vi muitas coisas nesse mundo mas nunca imaginei ver o chefe da nação, o grande guerrilheiro e o meu amigo Fidel de cueca.
Não entendi a expressão no rosto dele. Eu estava sem camisa e isso é normal já que era o MEU quarto.
Ser o braço direito do chefe dá algumas vantagens, não é?

-O que você faz aqui camarada?-perguntei.

-Eu queria conversar com você.-ele disse mas não acreditei.

-Vestido assim?

Ele corou.

-Posso me sentar?-perguntou ele.

Nunca o vi tão vermelho na minha vida.

-Claro.

E enquanto eu pegava uma cadeira ele se sentou na minha cama.

-Ernesto sei que você não está entendendo nada.

Uma ideia surgiu na minha cabeça.

-São as dores não é? Vou pegar meu material e vamos fazer uma análise tá bom?Sei que é perigoso procurar um hospital. Nunca se sabe se um simpatizante do Fulgêncio estará por perto.

Peguei meu estetoscópio e coloquei no peito dele.

-Seu coração está descompassado. Vou fazer uma pequena pressão nos seus ombros e você me diz onde dói ok?-perguntei.

Ele assentiu.

Eu fiz uma espécie de massagem em seus ombros, braços e pescoço procurando por algum osso fora do lugar.

-Fidel você está muito quieto. Preciso que me diga se dói.

E enquanto eu encostava meu rosto perto de seu coração para ouvi-lo ele me beijou.

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