O Professor (Parte1)

2.2K 64 6
                                    

Desci as escadas o mais rápido que pude pra alcançá-lo, ele já estava em seu carro dando partida. Acenei para fazê-lo parar e logo pude ver aquele homem maravilhoso, o que todas as garotas queriam, sair do veículo. Passou a mão em seu cabelo, como era de costume, e andou em passos largos em minha direção com um sorriso discreto.
- Algum problema?
- Não, nenhum. Só queria avisar que nesse final de semana eu vou viajar com minha mãe e minha irmã. - Tentei manter distância dele, mas havia uma força que sempre me atraía para os seus braços.
- Ah, tudo bem. - Sorriu sem mostrar os dentes. - É uma pena porque eu queria te mostrar uns lugares aqui da cidade.
- Desculpa.
- Sem problemas, (s/a). - Encarei bem sua expressão amena e viajei em seus olhos verdes. Como esse homem pode ficar ainda mais perfeito na luz do dia? Esses mistérios eu sou incapaz de desvendar. Até que desperto com a buzina do carro da minha irmã logo atrás de mim.
- Vamos, moça? - Ela disse animada por debaixo dos seus óculos escuros. - Boa tarde. - Dirigiu-se a ele.
- Boa tarde, senhorita. - Sorriu abertamente.
- Então é isso... Até amanhã.
- Até.
Entrei no carro e o vi caminhar até o seu. Mesmo de costas ele continua lindo, é daqueles tipos de homem que pelas costas você já sabe que é muito bonito. Seus ombros largos e marcados na camisa só o deixam mais sexy sob o meu olhar. Partimos pra casa e aproveitei pra colocar a conversa em dia com a minha irmã. Há tempos que não tínhamos intervalos pra isso.
- E como vocês estão? - Ela perguntou rindo.
- Bem. - Encarei o chão, envergonhada. Até porque nosso relacionamento não era um dos mais normais. - Ele disse que queria me levar pra conhecer alguns lugares daqui da cidade, mas eu terei que viajar, então...
- Que droga! Quer que eu fale com a mamãe pra adiar?
- Não. - Ri bebendo um pouco de leite. Minha irmã mais velha era sensacional. - É bom que teremos um tempo longe e ficaremos com saudades. Distância é bom para um casal.
- Também acho. O reencontro é sempre caloroso. - Piscou o olho.
- Safada. - Joguei a almofada nela.
- Um brinde a distância por alguns dias. - Ergueu o copo e eu repeti o gesto. Às vezes era difícil dizer quem era a mais nova e a mais velha aqui.
(...)
- Bom dia, galera. - Hero chegou à sala de aula sério, era difícil acontecer isso.
- Bom dia. - Todos responderam em uníssono, afinal, ainda estavam sonolentos por estudar na parte da manhã.
Terceiro ano do ensino médio... Aquele momento em que sabemos que estamos na reta final e falta menos de um ano pra acabar tudo aquilo e seguir mais uma etapa da vida. Aquela fase em que muitos ainda não sabem o que fazer, que vivem romances estranhos no ponto de vista de algumas pessoas, romances não muito sérios ou até romances proibidos, que era o meu caso. Namorar o seu professor de Geografia... É normal isso?
- Aonde eu parei na última leitura? - Perguntou abrindo seu livro. Ninguém respondeu. - (s/n), pode me informar?
- Sim. - Conferi as folhas rapidamente e olhei o parágrafo marcado com lápis. - Página 86 parágrafo 5.
- Obrigado. - Sorriu brevemente e voltou a explicar o mesmo assunto da aula passada.
- Professor, posso ir ao banheiro? - Hannah perguntou.
- O que houve? - Hero manteve sua postura séria, a qual ele quase nunca adota, apenas quando está com problemas.
- Cortei meu dedo. - Mostrou o anelar ensanguentado.
- E o que te deu pra se cortar na sala?
- Foi sem querer, profe...
- Vá para a diretoria. - Largou o livro em sua mesa e abriu a porta. - Resolva-se com a coordenadora, limpe isso e só entre na próxima aula. - Falou grosso e pude ver a garota sair de cabeça baixa, completamente envergonhada.

- Professor, eu acho que o senhor foi rude demais com ela. - Michael disse cauteloso. Bom, Hero sempre nos deu a liberdade de opinar em suas aulas.
- Ah, fui? Quer acompanhá-la também e ampará-la?
- Desculpe. - O pobre rapaz afundou em sua cadeira.
- Agora vai ser assim, quem cochichar está expulso da minha aula. - Sentou-se na cadeira massageando a têmpora. - (s/n). - Disse mais rouco que o normal fazendo-me pular da cadeira de susto.
- Vou ser expulsa? - Perguntei nervosa ouvindo algumas pessoas rirem. Merda, merda, merda.
- Como?
- O senhor falou meu nome logo após anunciar algo sobre expulsão.
- Eu ia pedir para que lesse o próximo parágrafo, mas já que está tão afim de ir embora, pode ir.
- Não, não é isso.
- Pegue seus materiais. - Não acredito que ele está fazendo isso. Puta merda. - Você vai fazer uma redação sobre respeito na diretoria junto com Hannah.
- Mas o senhor é professor de Geografia. - Susan gritou do fundo da sala.
- Vai me contrariar? - Bateu o apagador na mesa. - Levante-se mocinha, venha também.
- Mas... - Greg, o cara mais inteligente da turma, manifestou-se. - O senhor vai expulsar todos da sala? Ninguém vai assistir sua aula hoje e o assunto vai atrasar, senhor Fiennes. - Ainda sentada na cadeira, o vi suspirar e encostar a cabeça no quadro.
- Desculpem-me! Todos vocês. Eu... Eu estou com estresse acumulado.
- Isso é falta de sexo, professor. - Rick gritou rindo fazendo todos rirem, inclusive Hero.
- Deve ser, Rick. - Olhou pra mim, eu estava assustada, ainda tensa segurando meu caderno. - Pode ficar aí mesmo (s/a). Greg, vá chamar a Hannah e Susan pode voltar a dormir.
- Valeu. - Susan comemorou.
Ele havia voltado a ficar simpático e o seu bom humor de sempre também voltou ao normal. Hero passou uma atividade qualquer que eu nem fiz questão de tentar fazer. Minha cabeça estava a mil por hora e um turbilhão de pensamentos invadia minha cabeça como granadas. Eu estava bastante chateada com ele, afinal, eu sempre fui boa aluna e nunca me expulsaram da sala. Nunca mesmo. Abaixei a cabeça e deixei que minha mente trabalhasse em uma maneira de descobrir o que estava acontecendo com meu namorado.
- Você está bem? - Ouvi sua voz falha em meu ouvido.
- Sim.
- Dor de cabeça?
- Não.
- Cansaço?
- Sim.
- Está irritada?
- Não.
- Muito irritada?
- Sim.
- Comigo?
- Sim.
- Agora era a vez de você dizer não. - Levantei a cabeça e dei de cara com seu sorriso aberto e suas barroquinhas evidentes. Seus olhos verdes já tinham o brilho que sempre tiveram.
- Idiota.
- Fique aqui quando o sinal bater. - Levantou-se e seguiu para ajudar algumas pessoas com a atividade.
(...)
Naquele dia Hero tinha me explicado que estava irritado porque aconteceram alguns problemas com sua família e ele precisaria viajar no mesmo período de tempo que o meu, no final de semana, para resolver tudo pendente. Disse também que estava com saudades de mim e que morreria se passasse muito tempo, aquele papinho de homem safado pra ganhar beijos e carinhos mais atrevidos.
- Segunda você estará na escola? - Hero perguntou ao telefone. Sua voz estava estranha.
- Não. Acho que não.
- Por quê?
- Talvez não chegue antes do portão fechar, só vou na terça.
- Tudo bem. - Suspirou... Aliviado? - Eu te amo.
- Eu também te amo.
- Não esqueça disso, por favor.
- Okay.
O final de semana na casa da minha avó havia passado rapidamente, tão rápido que quando vi já estava dentro do caro voltando pra casa na noite de domingo. Acho que dará pra ir à escola e encontrar meu namorado, na verdade fazer uma surpresa pra ele. Hero irá adorar, tenho certeza. Cheguei de madrugada em casa e corri pra dormir.
- Olha quem chegou! - Camila, uma amiga minha, comemorou na entrada do colégio. - Achei que viesse amanhã.
- Eu também achei, mas cheguei hoje de madrugada e quis vir.
- Ah, se eu fosse você ficava em casa pra descansar um pouco.
- Eu não.
- Mas eu sei por que você veio, ou melhor, por quem você veio. - Sorriu maliciosa e eu ri. - Eu também viria, com certeza.
- Que bom que me entende. - Sentamos num banquinho lateral da entrada e eu logo vi o carro vermelho de Hero estacionar, mas quando ele saiu eu notei que não estava sozinho.
- (s/a), tem uma mulher no carro.
- É uma mulher?
- Sim.
Antes de fechar a porta ele falou algo com a morena que estava dentro e subiu os vidros. Ela permaneceu lá e Hero entrou na escola sendo saudado por todos, seu sorriso forçado não escondia seu desconforto com algo. Aposto que tem algum problema com aquela morena e eu vou descobrir agora.
- Eu vou lá.
- Me espera! Vou contigo. - Camila pegou a sua bolsa e correu comigo até o carro. Eu bati no vidro fumê do lado do passageiro e ela desceu.
- Algum problema, queridinhas? - Retirou os óculos escuros e sorriu tão forçada quanto Hero há minutos atrás.
- Não, nenhum. - Eu respondi. - É que nós queríamos saber do professor Fiennes. Esse carro é dele, não?
- Sim. Meu querido acabou de entrar. - Sorriu novamente. - Mais alguma coisa?
- Sim, só uma coisa.
- Diga.
- Você é amiga dele? - Perguntei receosa e ele riu alto.
- Não, querida. Sou noiva dele. - Destravou o cinto e estendeu a mão. - Prazer, me chamo... - Antes dela falar, saí andando pra dentro do colégio com lágrimas grossas saindo de meus olhos. Eu estava sendo consumida pela raiva. Bati fortemente na porta da sala dos professores e quem atendeu foi Beth, uma professora de Inglês do fundamental.
- (s/n), minha linda, o que deseja? - Questionou atenciosa como sempre.
- Professor Fiennes está aí?
- Vou chamá-lo. - Dirigiu-se pra dentro da sala e eu o vi de costas conversando com outro professor. - Hero, a (s/n) do terceiro ano está lhe procurando aí na porta. - Notei que ele paralisou em seu lugar e virou aos poucos.
- (s/n)?
- Sim, a do terceiro ano.
- Claro que eu sei quem é, Beth. - Respondeu grosseiramente e foi até a porta me encontrando com o rosto lavado em lágrimas. - Vamos pra sala vazia lá de cima. O que houve?
Saí andando em sua frente e Camila ficou em frente à sala dos professores a minha espera. Subi para o terceiro andar e durante o caminho Hero tentou segurar minha mão, mas eu fiz questão de empurrá-la pra longe. Entramos na sala e eu já não aguentava segurar o choro e explodi em lágrimas como uma menininha numa casa de horrores.
- Converse comigo. O que houve? Você me disse que não viria hoje, o que aconteceu?
- Ah, trouxe ELA só porque saberia que eu não estaria aqui, não é?
- Ela quem? Do que você está falando?
- Da mulher no seu carro! A sua noiva, Hero! - Ele arregalou os olhos.
- (s/a), eu... eu ia acabar com ela.
- Quando pretendia me contar? Nunca? Só quis se aproveitar de mim até enjoar?
- NÃO! Não... - Passou as mãos pelo cabelo e pelo rosto. Seus olhos vermelhos revelaram que ele estava chorando. - Eu estava criando uma forma de acabar com a Ianna sem que ela depois voltasse pra nos atormentar.
- E nisso o casamento chega e eu aqui servindo de vadia pra você?
- Você não é isso, não diga isso novamente. - Segurou meu rosto, tentei me soltar, mas foi impossível. - Eu te amo. Amo mais que a mim mesmo. Eu não queria mentir pra você, mas quando vi já estava envolvido demais contigo e não queria dar um tempo no nosso namoro pra acabar o noivado com ela. Eu tenho medo de te perder, amor. - Beijou minha boca com desespero, eu não tinha forças pra retribuir. - Me perdoa, por favor.
- Eu não acredito que isso está acontecendo.
- Não me abandona, (s/a). Eu te imploro.
- Hero, eu não...
- Sim, você pode. Olha, eu vou lá agora e acabo tudo com ela. Você é mais importante pra mim, entende isso, por favor. - Suas lágrimas caíam em sua camisa formando uma pequena poça.
- Eu...Eu preciso pensar. Caramba Hero! Você é noivo.
- Prometo que hoje mesmo acabo com ela, mas não me deixa. Eu te amo, (s/a)
- Tudo bem, eu já entendi. Fica calmo, pensa direito e conversa com a sua noiva.
- Não fala assim. Eu não sinto nada por ela.
- Mas ela continua sendo sua noiva. - Ele suspirou e eu limpei minhas lágrimas me recompondo.
- Eu vou resolver isso.
- Então só me procure quando estiver tudo resolvido. Eu preciso pensar e você também, não coloque a carroça na frente dos burros. Somos grandinhos demais pra fugir desses problemas.
- Você volta pra mim? - Fiquei calada por um tempo e seus olhos se encheram de lágrimas novamente. - Eu juro que acabo com ela, amor.
- Volto. - Respondi cautelosamente vendo-o sorrir sincero. - Mas... Só me dá um tempo.
- Está bem, está bem. Tudo o que você quiser.
- Tchau, vou pra casa. - Apanhei minha bolsa no chão e saí da sala, mas antes recebendo um puxão no braço e um beijo calmo de Hero.
- Eu te amo.
- Eu também. - Sussurrei tristemente e junto com a Camila voltei pra casa. Disse a diretora que não estava me sentindo bem e vendo minha cara ela me liberou e ainda deixou que a Camila viesse comigo pra me fazer companhia.
Eu amava demais Hero e não me importou o fato dele ser meu professor. Acha mesmo que vou me importar com o fato de que ele foi noivo? Isso mesmo, ele pode ter mentido pra mim, mas eu entendi que foi por medo de me perder, até porque se ele tivesse acabado comigo eu teria arranjado um namorado na escola só pra provocar ele. Agora o fato é: se ele acabar mesmo com essa mulher e vier me procurar, como eu tenho certeza que será, eu voltarei pra ele. O amor sempre falará mais alto em meu coração.

Continua...

*Oiii seus lindos bom resolvi continuar a Fanfic ,nn vou deixar vcs na mão igual outras escritoras q abandona sem dar as cara daqui a pouquinho sai a parte 2 e 3 ja escrevi elas

♡Bjjs/Nathy♡

Imagine  Hero Fiennes TiffinOnde histórias criam vida. Descubra agora