Atlanta Boy • Chandler Riggs

1. Atlanta Boy

Eu andava calmamente pelas ruas de Londres. Era isso o que eu fazia a maioria das vezes para eu não ter que encontrar com meu padrasto em casa, porque quando eu voltasse, provavelmente ele estaria dormindo. Porém, agora era diferente, nós havíamos brigado. E foi mais feio do que das últimas vezes. Tem acontecido muito desde que minha mãe morreu. Era só eu, e ele. Uma garota de 16 com um cara que mal conhecia. Chegava até a dar medo. Mas eu não tenho ninguém mais.

Atravessei a rua e me sentei em um banco de frente para um lago. Eu não tirava os olhos do celular nem por um segundo. Eu acompanhava o vídeo da briga de umas garotas da escola.

— Não devia mexer no celular assim, pode ser roubada – eu me assustei e olhei para o garoto sentado ao meu lado.

— Ai menino, que susto – falei o olhando — O que tá fazendo aqui no escuro? – ele me olhou e eu fiz um sinal pra ele não responder — Já sei o que vai dizer. Algo como "minha vida está uma droga".

— Eu ia dizer que briguei com minha namorada – ele falou dando de ombros.

— Ah. Isso é uma droga de todo jeito.

— E porque está aqui no escuro? – eu o olhei e sorri colocando as mãos no bolso do moletom.

— Minha vida está uma droga – respondi por fim e ele riu.

— Chandler – ele disse estendendo a mão. O cumprimentei e o olhei.

— Alisson. – eu disse — Você não é daqui, é?

— Não, eu vim de Atlanta. – assenti e olhei pro rio que corria bem abaixo de nós.

— Eu percebi, é por causa do seu sotaque e tal... Sempre gostei de Atlanta.. Estão gostando da cidade?

— Muito. E é meu último lugar antes das aulas voltarem. Estuda em qual?

— England High School, ela é a mais chata de todas as  outras escolas. Os professores são uma droga e tem toda aquela coisa de uniforme e tal.

— Uniforme? Sério?

— Sério. E são os piores que pode imaginar. Saia, sapatilha, meias longas e blusas estranhas. – ele riu e eu o olhei. — Está rindo porque não é com você

— Você deve ficar engraçada usando todas essas coisas – nós rimos, mas eu parei quando meu celular tocou. Era John, meu padrasto. Eu ignorei a chamada e o garoto me olhou.

— Ex-namorado? – ele perguntou apontando pro meu celular.

— Gostaria de poder dizer ex-padastro, mas eu não posso. – eu disse e ele assentiu.

— Deve ter motivos pra não querer falar com ele.

— Mais ou menos isso. Qual foi o motivo da briga com sua namorada?

— Ciúmes.

— Que chato. Manda ela ir tomar um café no Starbucks, a maioria das pessoas ficam dóceis. Bem, eu tenho que ir. – falei me levantando — Até mais garoto de Atlanta.

— Até a próxima garota de Londres.