Três desejos

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A garota ainda estava sem reação com aquele homem belo e mágico em sua frente. Ela ficou ainda mais surpresa quando o escutou chamá-la de mestra, pois aquilo não fazia nenhum sentindo pra ela. O furão tinha se escondido no bolso do vestido da garota por estar assustado com aquele ser misterioso. Alessandra viu o tal homem ficar no tamanho normal de uma pessoa (apesar que ele continuava muito mais alto que a garota) e aproximando-se da mesma. Ela continuava paralisada como se o tempo tivesse congelado pra ela e o homem não hesitou em colocar a mão em seu queixo e aproximar os rostos de ambos, fazendo a garota ficar com as bochechas avermelhadas e olhar para aqueles olhos belos que mais pareciam dois rubis muito brilhantes. 
- Como vai ser mestra? Vai ficar me olhando ou vai fazer seus três desejos? 
- D-desejos? 
- Sim, eu sou um gênio e estou aqui para realizar três desejos seus. 
- Isso é muita informação pra mim, quero dizer… eu posso pedir o que eu quiser? 
- Existe algumas exceções, mestra. Eu não posso fazer ninguém se apaixonar, não pode pedir mais desejos e não faço pessoas mortas voltarem. 
- É um pouco difícil pensar nesse lugar apertado e abafado, seria melhor em outro lugar. 
No estalar de dedos do gênio, eles estavam fora daquela floresta e estavam num campo perto de uma pequena fazenda. Alessandra estava mais calma, pois agora sabia que não ficaria mais presa naquela floresta, mas ainda tinha a questão dos pedidos a ser resolvida. 
- Obrigada por nos tirar de lá, e sinceramente,  não sei o que vou pedir primeiro. 
- Pense bem... Ah, a sensação de ver o dia pra mim é maravilhosa. 
- Você é prisioneiro? 
- Na verdade fui amaldiçoado por uma feiticeira, mas isso fica pra outro momento. O que importa agora é o seu desejo. 
- Eu sempre quis ser como aquelas pessoas que vivem no castelo: comem o que querem, tem roupas bonitas e camas macias. 
- Uma princesa no caso? 
- Isso mesmo, mas eu nunca desejaria ser arrogante como eles. 
Alessandra lembrou de Ciel e ela gostaria de ter outra oportunidade de conversar com ele com mais calma e quem sabe fazer uma amizade, para isso ela teria que ser uma princesa para ser bem-vinda no castelo. Ela já tinha tomado a decisão de seu primeiro pedido e sorriu para o gênio que ainda estava aguardando algum desejo da mesma. 
- Eu desejo me tornar uma princesa! 
A garota falou com um tom confiante de voz e isso deixou o gênio animado para realizar o primeiro pedido. Primeiro ele fez aquele lugar humilde virar um belo jardim com os mais belos tipos de flores e arbustos decorados. Um castelo foi surgindo do chão e a visão do mesmo era magnífica por fora e em seguida os dois apareceram dentro do castelo e a visão por dentro era ainda melhor com todos aqueles móveis e objetos caros decorando o local. O gênio percebeu que estava se esquecendo de uma detalhe: uma princesa precisava andar bem vestida e elegante e Alessandra ainda estava com seus trapos velhos. Com outra mágica, ele fez os trapos velhos virarem um belo vestido rosa com alguns enfeites de prata dando um toque especial, sapatos combinando, o cabelo da garota ficou todo arrumado e enfeitado com algumas flores. Alessandra estava como uma verdadeira princesa.  
- E o próximo pedido, mestra? Aliás qual é o seu nome? 
-  Hum...não sei o que pedi agora, e me chamo Alessandra e você? 
- Pode me chamar de Sebastian Michaelis, você está muito bonita, Lady Alessandra. 
Novamente a garota estava corada com os elogios do Gênio, ela sorriu para ele e agradeu pelo elogio. 
- Estava pensando se você gostaria de ser meu mordomo, afinal vou precisar de um. 
- Tem certeza que quer que seja eu? Quero dizer… a maioria dos meus mestres nunca me quis por perto, entende?
- Não tenho motivos pra mudar de ideia, e você já passou muito tempo dentro dessa lâmpada. 
Sebastian parecia um pouco comovido com as palavras da garota, pois em todos esses anos nenhum de seus mestres pediu a companhia do mesmo ou se importou dele viver dentro daquela lâmpada pequena, ser mordomo daquela princesa seria algo inesquecível pra ele mesmo que fosse só para ficar atendendo ordens, qualquer coisa era melhor do que ficar dentro daquela lâmpada minúscula. Novamente o gênio estalou os dedos e virou um mordomo muito atraente e especialmente bem arrumado. Ele foi em direção a garota fazendo uma pequena reverência e colocando a mão sobre seu peito em sinal de respeito e lealdade com a princesa. 
- Tem alguma ordem para mim, mestra? 
- Sim, gostaria que você escrevesse uma carta convidando o príncipe Ciel Phantomhive para um chá no castelo. 
- Sem querer ser um pouco rude, lady, mas não deveria ser você a escrever a carta? Já que é um pedido seu. 
- É que eu…não sei ler e nem escrever. 
Alessandra ficou envergonhada ao falar essas coisas e imaginava que ele fosse debochar de sua situação, porém o mordomo não o fez e apenas sorriu para ela de uma maneira meiga e disse que iria atender sua ordem, mas pediu também para que virasse seu professor particular para ensiná-la etiqueta, já que como era uma princesa, devia aprender agir como uma, então ela aceitou a proposta, se sentindo feliz em saber que aprenderia coisas novas com ele. A carta foi enviada e chegaria em três dias para o príncipe, nesse tempo Sebastian ensinava o básico de cada coisa importante como: aprender a se comportar na mesa, ter uma postura, aprender a escrever e a ler e outras coisas que no começo pareciam difíceis, mas a princesa aprendia rápido com seu mordomo. Alessandra adorava passar seu tempo com Sebastian, mesmo que fosse apenas como uma aprendiz, mas ela sentia outro sentimento quando estava perto de seu mordomo. 
O príncipe recebeu a carta no dia proposto e foi logo se aprontando para ir para o castelo, ele estava curioso para conhecer essa princesa que nunca tinha ouvido falar antes. Sua carruagem chegou na frente do castelo e o jovem foi recebido por Sebastian que já estava a espera do mesmo e o ajudou a sair do transporte e o levou pelo caminho do jardim que era agradável tanto pelo aroma das rosas quanto pela visão das mesmas decorando o lugar. Alessandra estava perto de uma pequena mesa com dois lugares, e assim que Ciel olhou para ela achou que a princesa parecia muito familiar e que já tinha encontrado com ela em outro lugar. Ela estendeu a mão para ele e mesmo como um nobre cavalheiro, beijou gentilmente a palma de sua mão e sorriu de maneira discreta para a dama em sua frente. 
- Agradeço pelo seu convite, como posso chamá-la, bela dama? 
- Pode me chamar de Alessandra, e eu que agradeço por ter aceitado meu convite. Fique a vontade, por favor. 
Os dois sentaram-se nos lugares e Sebastian apareceu com uma bandeja que tinha o chá, alguns doces e salgados para a degustação, o mesmo pediu licença e se retirou do lugar para deixar os dois mais a vontade. Os dois jovens apreciavam o chá e Ciel estava encantando com os doces que foram servidos. 
- Nossa, esses doces são melhores do que os do meu castelo. Você tem um excelente cozinheiro, princesa. 
- Obrigada, mas quem faz tudo é o meu mordomo. Eu e ele moramos aqui, e tem o Tom é  claro. 
O furão que caminhava pelo jardim, pulou no colo do príncipe e ficou aconchegado em suas pernas. 
- Esse furão… você é a garota do mercado?!  
- Sim, não estou mais naqueles trajes porque descobriram que sou uma princesa perdida. 
A jovem obviamente não iria falar nada sobre a lâmpada, achou melhor deixar essa parte oculta e inventar uma história. Os dois conversaram bastante e trocaram muitas ideias a tarde toda. Ciel percebeu que já estava na hora de voltar para seu palácio, agradeceu novamente pelo convite, dizendo que ficaria muito honrado em receber outro convite para outra ocasião, e ele lembrou que teria um pequeno baile no seu castelo na outra noite e ficaria satisfeito em recompensar aquela visita convidando a princesa para o baile. Alessandra aceitou o convite um pouco nervosa, pois nunca tinha ido numa festa da realeza antes. Ela se despediu do príncipe e viu o mesmo partindo na carruagem. Sebastian notou que a garota parecia preocupada e um tanto ansiosa. 
- Está tudo bem, lady? 
- Nunca fui em uma festa e estou nervosa de como deve ser o lugar e as pessoas. 
- Eu vou com você, e vou ajudá-la para que seja a dama mais bonita da festa. 
As palavras de seu mordomo eram bem confortadoras e ele sempre arrumava um jeito de fazer Alessandra sorri e esquecer de seus problemas, e esquecer principalmente que o mesmo ainda devia dois desejos para ela.
Na hora de dormir, Sebastian estava preparando a cama e a deixando confortável para sua mestra como fazia de costume todas as noites. Nessa noite ocorreu algo um pouco inesperado antes do mordomo sair do quarto. 
- Sebastian… você poderia dormir comigo essa noite?
- E tem como negar alguma ordem sua, mestra?
Ele sorriu daquela maneira carismática que a garota adorava, geralmente Sebastian dormia no quarto dos empregados, mas essa noite foi surpreendido com o pedido de sua mestra. Ele deitou sobre a cama e assim que o fez, a jovem ficou aconchegada e até que o abraçou, Sebastian não esperava isso e parecia que tinha recebido uma surpresa atrás da outra. O tal gênio não poderia negar que mesmo aquela vida sendo muito diferente da sua primeira, estava sendo muito melhor e mais proveitosa, afinal ele nunca tinha estado com alguém que gostasse mesmo de sua companhia já que desde que nasceu foi criado por servos que só estavam lá porque eram escravos e não tinham outra escolha. Sebastian começou a entender que nunca foi feliz com todas aquelas riquezas, pois a maior riqueza que ele poderia ter naquele momento talvez estivesse bem do lado dele dormindo como um anjo. 

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