Um

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- Quero que vocês preparem uma dissertação de no mínimo quatro folhas sobre a obra que acabamos de analisar, se eu descobrir novamente que tem aluno copiando do outro, é zero pelos próximos dois semestres na minha matéria. Estamos entendidos ? - Sr° McCorey pergunta dando fim a mais uma das suas aulas.

- Sim, senhor. - Responde a sala.

- Podem pegar seus trabalhos na minha mesa. - Ele diz quando a sala começa a se movimentar para sair.

Mais uma aula do Sr° Harry Ranzinza. Amélia, Amélia, pare com isso! Grita meu subconsciente mas não posso evitar. Nesses últimos três meses as aulas de análise literária eu sou a única entre os 80 alunos da minha sala que ele pega no pé para tudo, "Amélia, erros constantes na vírgula", " Amélia, esqueceu novamente o livro?", "Amélia, tão talentosa, mas precisa de mais esforço", Amélia isso, Amélia aquilo. Eu não aguento mais.

Arrumo minhas coisas e desço a escada da sala indo até a mesa do professor, esperei todos saírem para dessa vez ele me críticar - porque isso vai acontecer - sem ninguém ouvir. Quando me aproximo para pegar o meu envelope com o trabalho, ele simplesmente não está lá e eu olho sem entender para o professor.

- Ótimo. Todos já foram, queria lhe entregar pessoalmente o melhor trabalho dá sala. - O professor tira de sua maleta o envelope com meu nome no verso e eu olho sem acreditar. - Parabéns, senhorita Mendonça. O melhor trabalho dá sala foi o seu.

Ele me estende o envelope e eu o pego muito surpresa e feliz. Esse carrasco me deu a maior nota ?

- Ótimos argumentos, boa escolha de palavras na introdução e realmente, você me surpreendeu desta vez. - O professor se levanta e para na minha frente.

Olho sorrindo para meu envelope tão feliz que eu poderia soltar fogos de artifício.

- Isso é sério ? - Ele confirma com a cabeça. - Desculpa a falta do crer nisso, é que o senhor... o senhor pega bastante no meu pé e eu... eu achei que o senhor não gostava de mim.

- Sinceramente senhorita Amélia, me ofende você pensar que sou uma espécie de vilão. - Ele sorri, um tanto malicioso e eu fico sem graça. - Insisto na senhorita pois dentre esses 80 alunos, você é uma das poucas que se esforça realmente por boas notas. Admiro seu esforço e determinação.

- Meu Deus! - Explodo em sorrisos e gritinhos de felicidade. Olho no meu relógio e estou atrasada para meu trabalho na biblioteca, mas meu Deus isso aqui é um milagre. - Eu tenho que ir para a biblioteca, mas de verdade, muito obrigada professor! De verdade.

Saio correndo um pouco, quase tropeço ao descer da escada e trombo em alguns alunos que passam. Ao sair do prédio de Estudo de línguas e arte, corro pelo gramado do campus até o outro lado onde fica a biblioteca, abro a porta de entrada e dou de cara com Teresa.

- Boa tarde, dona Teresa. - Ela me faz um sinal de silêncio e eu tento conter minha felicidade.

A biblioteca é gritante, ainda fico boba com sua grandeza e como seus arabescos de madeira são perfeitos. As mesas espalhadas estão com alguns alunos estudando e logo Teresa vem até mim na bancada de entrada.

- Que felicidade toda é essa ? Achou um dólar na rua ? - Ela se senta ao meu lado na mesa atrás da bancada e eu trato de mostrar meu envelope. Ela o pega e abre e começa a gritar de felicidade.

As pessoas que estavam lendo fazem um "Shiiiii" e ela contém seus gritinhos.

- Você conseguiu, Amy! Isso é fantástico. - Ela começa a mexer no seu carrinho de livros e coloca algumas revistas em cima da bancada. - Você almoça ai, e pode demorar um pouquinho, mas depois você pode colocar essas revistas na prateleira lá na seção de atualidades ? Tenho que ir resolver algumas coisas na administração, volto rapidinho.

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