Nossa casa Amarela.

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      Como não lembrar da minha rua toda cheia de cascalhos, que quando chovia, era uma alegria, pois meus irmãos e eu corriamos na enxurrada e procurávamos pedrinhas de ouro...sério! Meu irmão achou uma, duas.... era dito popular, por todos,  pois nossa cidade  Jaraguá é  terra de ouro, pode acreditar...acredite quem quiser...rs.
      As cercas de taboca, era o que cercava as casas e a trepadeira de flores pequenas e vermelhas cobria todas elas, sem separar uma das outras e no inverno ficava tão lindo!
      Outro detalhe é que as cercas eram da altura do pescoço da mamãe rsrs...pra as vizinhas conversar com as outras ou trocar  bolos e pedir emprestado algo que faltava,  pó de cafe, sal, açúcar rsrs...
       Meu saudoso papai era alto,  elegante, que parecia um soldado quando chegava do trabalho de guarda fio do correio, eu pequena dos cabelos loiros e labios grossos, olhava de baixo a cima, ele me pegava nos braços,  beijava minha testa e sempre sorria, papai parecia um soldado de verdade. Na nossa humilde casa amarela da rua do Vagão,  não  faltava vinho no Natal e nem balinha" Nilva" depois do almoço,  ele comprava uma lata enorme e todos os dias colocava duas nas nossas mãos,  era festa para meus irmãos e eu.
     Com o passar do tempo éramos uma familia de verdade, com brigas, intrigas, e abraços.
       Nossa vovozinha Ana era uma graça,  ficava aqui, acolá,  na  nossa casa, da minha tia ou de um parente.     De cabelos brancos gostava de remendar as roupas que ja nem dava pra usar mais, ela me chamava todas as vezes par colocar a linha na agulha e me me dizia : Santa Luzia te dá  boa visão...vovozinha Ana, queria me engambelar rsrs...mas Graças a Deus tenho boa visão. Mas não me impotava me sentia importante em ajudar todas as vezes que precisava.
     Nem te conto...há  vou contar! Morava perto da nossa casa a Dona Luiza dos cachorros, ela era magrinha e tinha os cabelos longos e brancos, diziam que não gostava de visitas e nem de tomar banho, a casa dela tinha uns trinta cachorros que latiam
o tempo todo, à noite eles  urravam estranho e latiam muito, eu morria de medo,  nem passava  por perto, mas sentia curiosidade de saber mais sobre aquela mulher misteriosa. Se tinha alguém  que a amava. Um dia ali por perto me chamou, fiquei apavorada e sai correndo, dias depois de novo,  ela  queria me dar uma balinha de menta, me lembro até  hoje, aceitei , e ela disse: vai  embora agora pequena linda!
     Foi o único contato que tive com aquela mulher, por anos perto e ao mesmo tempo distante de nossas vidas .Quando as vezes estou só  e os cachorros começaram à latir, sinto aquela sensação de criança, não  mais medo, mas lembranças que ficaram na memória, de pessoas  tão  diferentes,  que ficaram na minha lembrança,  as vezes com nuvens que passam, mas as vezes como o sol que brilha.     
        Lucilene Pereira
     🌷coisas de Lu.🌷

   

COISAS DE LU.( coletânea, momentos da minha vida.)Onde histórias criam vida. Descubra agora