Epílogo
Michael atravessou o portão segurando a jarra com água benta. Caminhava rápido, os saltos batendo no chão polido e branco. Seus olhos doíam ao ver tanto branco e, ignorando aquela sensação incomoda em seu peito, parou e deixou a jarra cair. Esta, se quebrou e a água espalhou-se por todo o perímetro em uma onda fraca, secando quase instântaneamente. Seus olhos voltaram-se para frente e ele viu Gabriel e Uriel caminharem distraídos, sem emitir uma palavra. Michael desviou seu olhar para a enorme janela que ocupava toda a parede. A paisagem mudou, substituindo o topo de uma pirâmide pela paisagem de uma parque em Londres.
"E então?" perguntou Uriel. Ela e Gabriel se puseram um de cada lado, Michael no meio. Os três Arcanjos observavam o parque, mas seus olhos mantinham-se em duas figuras no banco, que conversavam sussurradas.
"Eles acreditam que estamos com medo deles. Talvez... talvez os demônios estejam, mas nós não." Michael disse. A cena no parque se desenrolou e, onde estava Crowley, agora estava Aziraphale; e onde estava Aziraphale, agora estava Crowley.
"Você tinha que tê-lo visto." Gabriel deixou um sorriso leve tomar sua face. Sorriso este que não era visto desde os primordios do tempo. "Apesar de estar usando a aparência de Aziraphale, seus olhos eram os mesmos. Raphael nunca soube esconder nada. Não de nós."
"Ele aqui foi quase como voltar ao início." Uriel admitou, o corpo rígido, o rosto tombando para o lado e os olhos brilhando em saudades ao ver Crowley rir tão abertamente.
Os três Arcanjos, apesar de não serem os mesmos de antes, ainda nutriam o carinho pelo seu querido irmão. E eles nunca, em hipótese alguma, trataram Raphael como algo morto ou inexistente. Lembravam do Arcanjo que gostava de jogos e que vivia sujo de poeira estelar. Lembravam do mesmo os remendando e dos abraços, afinal, Raphael sempre teve os melhores abraços do Céu.
O Céu, que antes era barulhento e cheio de risos, se tornou vazio depois de sua queda. Mas seus irmãos nunca deixaram sua lembrança se esvair e, quando souberam da serpente do Éden e da maçã, não impediram. E quando notaram o olhar brilhante de Aziraphale em todas as rondas, fingiram que não sabiam do Acordo. Esconderam e encobriram os dois, mesmo Raphael (agora Crowley) não sendo o mesmo.
E novamente, eles fingiram não notar a troca de lugares. Deixaram que os dois pensassem que estavam, novamente, enganando suas administrações. Talvez Beelzebub e seus súditos haviam notado as pistas, mas se haviam, não quiseram lidar com isso. Não lidariam com nada, afinal, haviam se livrado do mais excêntrico demônio do inferno de uma vez por todas. O desejo de vingança poderia ser guardado para o dia do juízo final.
"O que iremos fazer com eles?" Gabriel perguntou depois de um tempo. Os dois agora riam e caminhavam para mais um dos encontros não-tão-secretos que tinham em um restaurante na cidade.
Não era como se eles não soubessem. Ou que não desconfiassem dos milagres de Aziraphale e nem das encrencas que eles se metia. Eles sabiam de tudo, afinal. Eram Arcanjos, os príncipes celestes.
"Nada." Michael ditou, sorrindo de lado. "Nada mesmo." repetiu, mais forte e imponente. Alcançou a mão de Gabriel e o puxou um abraço, que prontamente ele deixou-se ser enlaçado. Uriel, suspirando, enlaçou o pescoço de Michael por trás e descansou a cabeça no ombro do irmão. Apesar do vazio do quarto irmão naquele círculo, suspiraram satisfeitos.
A cena mudou. A pirâmide retornou para a janela.
Eles estavam felizes se o seu irmão estivesse feliz.
[X]
notas: oioioioi!!!! Fico feliz que tenham chegado até aqui. Eu espero que tenha gostado da história. Estou muito orgulhosa dela.
Obrigada por ler, espero que vote e comente. Para qualquer erro, me informe por dm ou por aqui mesmo.
Beijos e até uma próxima vez!
VOCÊ ESTÁ LENDO
RAPHAEL | good omens
Fanfic"Aziraphale era o lembrete da ignorância e ingenuidade de todos os anjos. Foi entregue à ele uma espada flamejante e uma tarefa. Afastaram-no, com medo do pobre anjo ter o mesmo destino que os outros numerosos caídos. Gabriel, Michael e Uriel haviam...