capítulo 2

755 94 122
                                    

-... precisa de uma carona?

Quando ouvi sua voz, corei um pouco, nada que fosse muito exagerado. O observei e o mesmo estava olhando para mim, esperando minha resposta.

-Claro..

***

A chuva descia tão levemente como a luz do sol ao entardecer, o seu cheiro era tão bom que poderia ter um merecido perfume. Folhas de árvores caíam junto com a chuva, o que deixava o ambiente agradável.

Depois de alguns minutos de caminhada silenciosa, comecei a pensar em alguma forma de puxar algum assunto, pois o ar estava pesado.

-.. então.. - falei com o nervosismo claro em minha voz - eu nunca te vi nas aulas ou nos intervalos.

Ele me olhou por alguns segundos, parecendo não esperar por tal pergunta.

-Socializar não é o meu forte...

-A-a... entendo, também era antissocial, mas comecei a falar com professores e assim fui socializando- falei com um sorriso em meu rosto, não estava o olhando, mas pude sentir seus olhos me observando.

-Que ótimo. - o tom de sua voz era rouca, mas de algum jeito, ela era encantadora e calma.

Quando chegamos em um ponto de ônibus, ele parou sem explicação ou motivo aparente. Fiquei um pouco assustado quando ele entregou o guarda chuva em minhas mãos.

-O.. oquê foi?

-Pode ir com ele até a sua casa. - fiquei mais confuso ainda, não tinha caído a fixa.

-P-porque..?

-Não fique tão pensativo, eu moro no fim do quarteirão. - o mesmo apontou em direção contrária à minha casa. Ele saiu debaixo de onde nós dois estávamos, indo em direção aonde o mesmo indicou.

-Uh-EU TE ENTREGO ELE AMANHÃ! -falei gritando. pois ele já estava um pouco distante.

-Pode ficar com ele, que não o esqueça da próxima vez que chover! - ele disse acenando, em sinal de despedida.

Pude vê-lo ir embora, colocando a mão nos bolsos, a única diferença é que estava molhado agora, tossindo como se estivesse rouco. Depois de o perder de vista, fui pela direção contrária à dele.

***

Não consegui dormir, a vontade de desenhar alguma coisa vira em minha cabeça, tinha o costume de desenhar tigres brancos, não que já tivesse visto um pessoalmente, só gostava do animal.
Nenhuma idéia vinha em minha mente, só o moreno de olhos negros que encontrei mais cedo, o guarda chuva que ganhei estava em meu quarto, quiz deixar ali pois seria melhor doque deixá-lo no apoiador, mas também tinha meus motivos para tal ação.

Como mais nada vinha a minha cabeça, começei a desenhar o mesmo. Quando o terminei, estava vergonhoso pois lembrei da sua voz doce e cansada, seu rosto que parecia ter sido esculpido por deuses, o olhar penetrante que tinha... tudo nele me fascinava.

"talvez...eu encontre o novamente amanhã..?"


Esse pensamento veio em minha cabeça em um instante depois de ter lembrado do mesmo, percebi também que não perguntei seu nome, que foi uma coisa que me senti idiota de não perguntar.

∆ one day of rain ∆Onde histórias criam vida. Descubra agora