Sonho impróprio

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Como todos os dias, levantei bem cedo para ir trabalhar. Arrumei meus filhos e também umas bagunças que eles fizeram na sala. Minha rotina era assim, eu fazia tudo sozinha, não digo que não dou conta, mas me deixava exausta. Dou um beijo em cada um e os levo para a creche, hoje o dia vai ser longo e cheio. Vou fazer uma cirurgia bem longa, precisava ir mais cedo para me preparar.

- Bom dia Grey. Está com uma cara péssima. - disse Bailey. Nunca deixava de ser irônica

- Estou ótima. - eu disse sem muita certeza. Paramos no carrinho que vendia café fora do hospital, eu pedi um e ela outro. Pegamos e fomos andando até a porta.

Não estava bem, minha cabeça não parava de pensar no que tinha acontecido ontem. Era pra ter sido o casamento do Alex com a Jo, mas acabou sendo um desastre, e como se não bastasse, Andrew DeLuca me beijou. Não digo que não gostei, mas ele é meu aluno, não posso e nem devo.

- Bom dia Dra. Grey - levo um susto com essa voz e me viro, ele estava atrás de mim. Parecia preocupado. - Antes de mais nada, eu queria pedir desculpas por...bom...o que aconteceu ontem...

- Sem problemas - eu disse querendo evitar o assunto

- Não, você é minha chefe, eu não deveria ter feito aquilo. Não sei o que deu em mim, estava bêbado e o seu vestido...nossa... perdão, quero dizer...nunca vai acontecer novamente.

- Andrew, tudo bem. - eu disse sem graça - bom, mudando de assunto...você tá comigo hoje, vamos?

Fomos ao quarto do paciente, iríamos fazer uma cirurgia de oito horas. Ficava sem graça de tê-lo por perto, não sei o que dava em mim...toda vez que ele me olhava vinha a cena do beijo na minha mente. Espantei esses pensamentos e me concentrei na cirurgia, o que não durou muito tempo porque ele sempre me olhava durante o procedimento e eu desviava o olhar.

Dias se passaram e eu percebi sempre que ele me olhava de uma forma diferente. Me olhava com um olhar que fazia tempo que não recebia. E eu desviava ou o repreendia com o olhar.

Já estava tarde, tinha poucos médicos de plantão. E eu estava exausta, e fui ao quartinho me deitar um pouco. Lembrei meu tempo de interna e residente, sempre ficava nesses quartos. Deitei, fechei os olhos por um tempo e só lembro de ter acordado com o barulho da porta.

- Ah... desculpa, não sabia que tinha alguém aqui. - disse Andrew ao entrar e me ver deitada

- Tudo bem, pelo menos deu pra descansar um pouco - ri e levantei andando pra porta, mas ele segurou meu braço e eu me virei.

- Pode ficar se quiser... - sorriu, nunca tinha reparado no seu sorriso até agora, e que sorriso...

- Não, você deve tá cansado, melhor te deixar sozinho...

- Ficaria melhor se você ficasse - sorriu e me olhou com aquela cara que ele sempre me olhava - conversar pelo menos...

- Está bem - sentei na cama encostada na parede, e ele também sentou um pouco afastado de mim. Ficamos um momento em silêncio, mas ele o quebrou.

- Sabe Dra. Grey, eu sempre te admirei, não só como médica, mas como pessoa. Você sempre foi um exemplo pra mim na medicina - eu o olho - quando eu entrei aqui e soube que iria trabalhar com Meredith Grey me senti honrado - eu ri e ele sorri - tô falando sério, você é um exemplo pra muitas pessoas e ser seu aluno...é uma ótima experiência - percebi que seu olhar desceu pra minha boca, que tentação!
Ele foi se aproximando e observando se eu ia me esquivar. Vendo que não, finalmente me beijou...eu queria.

Não sei em que momento aconteceu, mas quando vi ele já estava em cima de mim. Estávamos deitados, nos beijando...ele percorria com sua mão pelo meu corpo e eu estava gostando. O pensamento de "ele é seu aluno, você não pode" permanecia na minha mente, mas a tentação falou mais alto.

Andrew desceu seus beijos pelo meu pescoço e eu arqueei minha cabeça pra trás deixando-o mais amostra. Ele voltou a me beijar ferozmente, só se escutava os estalos dos beijos pelo pequeno quarto. Até que eu parei os beijos e o fiz olhar nos meus olhos.

- Andrew...não podemos...- eu disse resistindo

- Dra. Grey...Dra. Grey... - ouvi uma voz me chamando e acordei assustada. Demorei a raciocinar, parecia tão real...mas só foi um sonho.

- Estão precisando de você. - Dr. Webber me acordou do sonho impróprio que eu estava tendo. Levantei e fui correndo para o quarto do paciente.

Que droga Meredith, o que deu em você? - pensei

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