— bem vindos a vigésima quarta edição do prêmio anual de melhor empresa de nova York!
Loki escutou a voz do apresentador preencher o salão, através dos inúmeros alto-falantes que compunham o local. Do bar, ele deu um sorrisinho de lado, pensando que aquela já estava no papo. As demais empresas não eram nem páreo para a Empire publicity.
Virando um shot de tequila, observou um loiro, muito bem alinhado em seu terno de linho vermelho marsala, esbanjando egocentricidade e trajado de um sorriso prepotente, caminhar em sua direção.
Por outro lado, o loiro viu em seu concorrente, uma tanto quanto atraente, com seus cabelos bem ajustados para trás e muito bem vestido em seu terno de lã fria verde musgo, uma ótima oportunidade de destilar o seu narcisismo e o mérito elevado de sua empresa, que, segundo seus pensamentos, já seria nomeada a vencedora.
— Olá é...— jogou um verde, querendo saber o nome do dono da concorrência que tanto lhe era comentada pelos haters.
— Loki. — respondeu simplesmente, querendo não puxar muito assunto.
O moreno era ácido, não gostava de muito papo e sentia que, daquela conversa, só sairia ultrajes. Loki era um ótimo observador. Tinha a perspicácia de estudar os indivíduos e saber as características congruentes de cada um, e o moreno sentia o cheiro da prepotência vinda de longe do loiro sentado ao seu lado.
— uau, que coincidência. Eu sou o Thor, prazer em conhecê-lo, irmão. — o loiro tentou ser amigável, sacando que aquele era um tipinho difícil de requerer atenção.
Loki por mais que tivesse a aparência elegante e impassível, denotava arrogância, superioridade e, acima de tudo, alguém que não era muito receptivo para novas amizades.
O moreno sorriu do gracejo de Thor, não sabendo o real interesse do loiro em si, mas decidiu ser menos introspectivo, contudo, quando ele tomava partido disso, seu sarcasmo, que era seu principal acompanhante, não permanecia de fora.
— a que devo a honra de sua humilde atenção honroso Thor, filho de Odin? — se era para usar referências mitológicas, ele também o sabia fazer, mas é claro que, ao contrário do outro, sua brincadeira não saiu tão amigável assim, pois o sarcasmo estava ali, pingando de cada sílaba.
Sorte do loiro ser tão lerdo ou ter um ego muito inflado, pois ele encarou aquilo como um elogio grandioso, vindo do moreno dotado de beleza ao seu lado.
— eu só queria desejar boa sorte. Soube que é um forte concorrente e a Empire sempre está nas bocas dos representantes da minha empresa nas reuniões de negócios. Ótimos números em. — sorriu resplandecente.
Thor era realmente muito amigável e, apesar de todo o seu amor exacerbado por si próprio, era alguém mais humilde, digamos assim, em relação ao moreno, que viu aquilo como uma afronta.
Loki, que agora tomava um Martini, sorriu, deixando Thor impressionado com a beleza contida naquele sorriso, é, realmente, o moreno lhe parecia em demasia atraente, mas o que tinha de bonito, tinha de arisco, assim como um gato selvagem.
— eu não preciso de sorte. Como disse, minha empresa está na boca de muitos por aí, então o vencedor já tem nome...— Loki se aproximou da orelha do outro e sussurrou, com orgulho, o nome da vencedora. — Empire.
E soltou um risinho logo em seguida, arrepiando Thor por completo. Por mais excitante que aquilo tenha lhe parecido, o loiro era deveras complacente, mas não tolo como um cachorro e não sairia por menos.
— o que te faz pensar que a sua empresa já ganhou? Ela até pode tomar as bocas por aí, mas, pelo o que eu sei, o serviço não é tão competente assim, então deve ser por isso que ela ganha proporções gigantescas nas bocas alheias, pois já ouviu falar que um serviço muito mal executado fica mais falado de que um serviço bem feito? -- alfinetou o Loiro, bebericando a sua cerveja, e sorrindo falsamente logo em seguida.
Ele até tentou ser afável, mas Loki era arrogante demais, não lhe deu oportunidades, então teria que usar das ofensas também.
Entretanto, o moreno era escaldado e não seria aquela mera provocação que iria lhe afetar. Ele deu uma gargalhada sútil e, pela primeira vez, encarou o loiro, percebendo o porquê dele ser tão cheio de prepotência. A beleza dele era digna de um Deus grego, ou melhor, nórdico, e aqueles cabelos curtos, complementando aquele sorriso glorioso, só o deixava ainda mais lindo. Contudo, Loki deu de ombros, já viu muitas belezas como aquela, não seria a do egocêntrico que o faria cair de joelhos. A beleza dele era grande, mas era tudo meramente superficial.
— oras o que as más línguas teriam para falar da minha empresa? Pega o seu exemplo anterior, ótimos números, não lembra? E tem mais uma coisa que me faz ter a certeza de sair vitorioso, pois um prêmio nunca seria dado a uma empresa de nome tão ridículo e de índices tão medianos no mercado. É meu bem, pelo visto a seu narcisismo está corroendo seu intelecto.
ele era sagaz, o loiro não poderia negar, ficou irritado, pois os argumentos dele tinham esmagado os seus e os transformado em pó. contudo, ele não deixaria Loki sair por cima.
— eu não tenho mais tempo a perder com um perdedor, seus números até podem ser ótimos, mas não são suficientes para merecer um prêmio. Os investidores querem algo jovial, com modernidade, e a sua empresa é muito obsoleta. Agora, se me der licença, eu tenho um prêmio a receber. — touché. Thor levantou o copo de cerveja em um brinde, virando-o logo em seguida e rindo para o moreno antes de sair.
Loki, é claro, parecia igualmente inatingível por fora, mas por dentro borbulhava de raiva. Quem era aquele loiro sem intelecto que vinhera a falar barbáries da sua empresa? Obsoleto era a avó dele, pensou. veriam por meio de provas qual dos dois estavam certos.
Loki se dirigiu ao seu lugar na mesa redonda, em que estavam os principais gestores, diretores, gerentes e, é claro, o CEO da empresa vulgo ele mesmo.
Ainda bufando de raiva, analisou, minucioso, todo o local e ficou ainda mais irritadiço. Ao lado da sua mesa, bem na frente, perto do palco, estava o loiro ultrajante, com a mesa, ao contrário da sua, repleta de mulheres da mais bela pompa, todas lindas e elegantes.
Seriam os funcionários daquela empresa todas mulheres? Não, não poderiam, pois estavam todas informais demais para uma comitiva de executivos. Além de egocêntrico, encéfalo, prepotente, ainda era mulherengo? Na boa, sua lista de contras para odiar o loiro só estava crescendo.
E tudo só piorou quando o apresentador subiu ao palco, deu início a premiação e, após um longo discurso, nomeou o dono da empresa vencedora.
— e o vencedor desta edição é...Thor Odinson! Dono da Thunder publicity! — falou o apresentador, cheio de entusiasmos e segurando um prêmio de cristal, com encrustados em rubi, em um formato abstrato.
Loki tremeu. Tremeu de ódio ao ver aquele sorriso presunçoso estampado no rosto angelical do loiro, voltado para si, antes do mesmo agarrar a cintura de uma ruiva e uma morena e subir até o palco ridiculamente com as duas o acompanhado. Era uma cena patética de se ver, o moreno queria levantar e retirar-se, para poupar seus olhos daquela cena grotesca, contudo, tinha modos, além de ser deveras orgulhoso, então fez o melhor que pode e aplaudiu falsamente a vitória do loiro.
— discurso! Discurso! — gritavam todos, ensandecidos, com exceção de Loki, que rolou os olhos mediante a tanta babação de ovo.
Tá, ele queria estar naquele palco sendo o prestigiado, mas não era inveja, pois apesar de um mero prêmio, ele ainda tinha a total certeza que era melhor em eficácia do que aquela empresa de nome tão pouco original, como o dono.
— se insistem. — sorriu. Idiota, pensou Loki. — eu já havia comentado agora a pouco com um amigo, que eu iria ganhar esse prêmio, pois a Thunder publicity é muito contemporânea, ao contrário de muitas outras empresas publicitárias por aí. não estou citando nomes, não ponham palavras na minha boca, mas, com isso, eu só queria mostrar que já sabia do potencial da minha empresa e que esse prêmio só veio para provar o merecimento, o mérito e o reconhecimento do meu trabalho. Agradeço a todos os meus executivos que não poderam estar aqui hoje e me deixaram acompanhado de belas damas. Todos contribuíram para essa vitória de hoje e meu muito obrigado. Quero parabenizar também a empresa Empire, que, mesmo não ganhado, é boa. Não tanto quanto a minha, mas é boa sim. — Thor diz, provocando o moreno que se segurava, para não mandar a sua finesse para a casa do caralho, subir naquele palco e quebrar aquele prêmio na cara egocêntrica daquele idiota.
Todos olharam para si quando o loiro o parabenizou e ele apenas deu um sorriso falso, não querendo demonstrar para a imprensa tamanha sua frustração e ódio sentidos no momento.
E no fim daquele showzinho risível, o loiro foi aplaudido com fervor por todos os presentes ali, mais um vez Loki se tornando uma exceção. Como, coincidência, ou em mais um ato de provocação, Thor fez questão de depositar um beijo deveras exagerado na bochecha da morena, com os cabelos na mesma tonalidade que os de Loki, enquanto cravava os olhos no moreno.
Era uma insinuação, que mais parecia uma gozação feita com a cara de Loki. Depois daquilo, ele não conseguiu mais continuar a presenciar aquela grande infâmia, retirou-se do local com a mesma imponência na qual chegara, mas não com a mesma segurança.
Foi para casa na promessa de que nunca mais queria ver aquele loiro egocêntrico na sua vida e que mudaria de calçada se o encontrasse na rua, porém, seus planos deram totalmente errado, pois, para uns, o destino estava totalmente contra a seu favor, pois não só retornara a encontrar com ele, como o mesmo se tornou o mais novo membro de seu grupo de amigos. Mas, para outros, o destino só estava traçando suas linhas e que, logo logo, ambos agradeceriam pelas peripécias do mesmo.
Ambos se odeiam, vivem se alfinetando, mas dos lugares mais improváveis floresce o amor e ainda tem aquele questionamento: será que os opostos se atraem? Estão preparados para descobrir?
Contínua...
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Um casamento às avessas.
RomanceUm dito cujo ditado popular se aplica perfeitamente quando não vamos com a cara de uma pessoa. "O sangue não bateu". essa é a frase dita quando alguém, que nunca vimos na vida,nos desagrada. Uma desculpa, podemos dizer assim, quando a inveja, ranco...