II

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– Rápido Ella! – Anna resmunga, ansiosa, encarando a mais nova. – Eles vão chegar logo!

– Eu estou indo o mais rápido possível! – A citada retruca, concentrada.

Todos os presentes se mexiam, impacientes com a demora, e ter TDAH não facilitava as coisas.

Para garantir que nenhuma das crianças sob o seu teto fugisse, a diretora colocara várias fechaduras e trancas com cadeados na porta, cada uma tendo uma chave diferente necessária para destrancar a porta.

Os poucos minutos que levaram para abrir a porta parecia enlouquece-los, o que, de fato, fazia, mas suspiros aliviados foram ouvidos quando o click da última tranca foi ouvido, e a porta, finalmente aberta.

– Ótimo, vamos! – May disse, já empurrando os mais novos para saírem.

Anna estava prestes a atravessar a enorme porta de madeira atrás dos outros, quando a viu.

A cozinheira chefe se aproximava, carrancuda, olhando com desgosto para as crianças que saiam pela porta, com uma colher de madeira em sua mão. Atrás de si, seus companheiros pareciam perceber a mesma coisa.

Rapidamente se virando, ela começou a empurrar a última que restava ali além dela, que também tinha reparado na mulher que se aproximava.

– Vai Ella! Avise para o pessoal que eu vou encontrar vocês lá, ok? Exatamente lá! Onde sempre vamos!

E, sem dar tempo para a Stone mais nova responder, a empurra para fora, batendo a enorme porta em sua cara. Ella provavelmente ficaria furiosa, mas ela pensaria nisso depois.

Seus olhos rapidamente esquadrinharam o enorme hall de entrada, atrás de alguma coisa que a ajudasse a atrasar a cozinheira e sua equipe, mas não havia nada a vista. Pelo menos, nada útil.

Seria necessário algo que os desacordasse, ou os fizesse escor... Era isso!

Abrindo sua mochila, a garota viu o saquinho com as bolinhas de gude dos meninos, o que a fez sorrir triunfante, agradecendo por não ter jogado-as fora.

Despejando o conteúdo no chão, ela viu as bolinhas rolarem e se espalharem, assim como viu um a um os membros da equipe da cozinha escorregando e caindo. Menos, é claro, a chefe.

– Essa mulher é difícil, hein? – a mais nova resmungou. - E por que ela sempre está com aquela colher de madeira na mão? Ela não dá nem um pouco de medo. - Ela murmura sob sua respiração antes de aumentar o tom de sua voz para que a outra ouvisse. - Sabia que sua comida é muito boa mas você é uma chata que deveria ser processada por ameaçar crianças com colheres de pau?

Apenas deu tempo da mulher dar um rosnado gutural do fundo de sua garganta, porque logo uma maçã comida pela metade batia com tudo em sua cara, e Anna abria a porta, disparando para o lado de fora.

– Adeus! – Ela gritou, se virando para trás e acenando, sem parar de correr, o deboche evidente em sua voz.

Essa foi a pior decisão que tomou, pois logo um grito de susto escapou de seus lábios quando ela caiu em um local escuro, bem em cima de seu tornozelo e, com isso, uma dor lancinante subindo por sua perna a partir dele.

Algumas quadras a diante.

Ella logo alcançou os outros, todos correndo como se aquela fosse a maratona de suas vidas e eles só tivessem aquela chance.

Tinham combinado com a mais velha de se encontrar no colégio abandonado que ficava a algumas quadras do orfanato.

Eles estavam perto do ponto de encontro, mas Ella estranhava aquilo. Nenhum sinal de Anna. Onde ela poderia estar?

The Forbidden Breeds - PJO&HOOOnde histórias criam vida. Descubra agora