Lidando com a vida

01- Assumindo uma posição

Um novo dia começa e eu, Dean, acordo, apenas sei que acordei mais não abri os olhos. Não quero abri-los, não quero que outro dia se inicie trazendo até mim o desgosto que sinto por mim. Quero que esse dia chegue ao fim. Não consigo mais viver. Não consigo mais ser feliz. Não consigo querer viver desde quando os perdi e tudo o que me sobrou foi minha irmã. Que por falar nisso já deve estar me esperando como todos os dias. Por um instante apenas queria que a terra se auto destruísse, que caísse uma bomba nuclear capaz de destruir com toda a terra, a vida simplesmente podia deixar de existir, por que eu simplesmente não paro de respirar e morro, mas ainda vivo.

 Então decido abrir os olhos por que o dia não vai chegar ao fim só porque quero. Olho para o relógio pendurado na parede, no meio do quarto, são sete e meia, exatamente a hora, em que minha irmã me espera.

Levanto-me e sento na beirada da cama. Por um instante tá tudo bem depois a dor volta ao meu peito e me lembro da minha vida, dos meus pais mortos, da minha irmã, Annabely, quase morta em meus braços, de que perdi tudo porque sou um “jovem superdotado” como gostam de dizer por aqui. Não é bem assim que me defino. Tenho simplesmente uma anomalia que açoita a minha vida. Sou capaz de ler a mente das pessoas e de levantar objetos, tudo com a minha telepatia e telecinese, seja La o que isso signifique. Por causa disso perdi tudo, quase tudo, perdi meus pais. Desde quando eles morreram, eu e minha irmã estamos aqui nessa escola para jovens superdotados. E o diretor daqui, Derek, esta com a minha guarda e da minha irmã afinal só tenho 17 anos e minha irmã 15. Porque ele? Boa pergunta. Ele era simplesmente um grande amigo dos meus pais e ia nos visitar de vez em quando mais ligava todos os dias. E do nada ele que fica responsável por mim e Annabely. Nem procurei saber dessa historia, de como ele conseguiu a nossa guarda e de como ele sabia que isso iria acontecer? Ou se meus pais sabiam que isso ia acontecer e passou nossa guarda pra ele? Sei lá, essa uma das coisas que não quero saber. Tenho muitas perguntas não respondidas e muitas incompreensíveis por mim, mas agora isso é a minha vida. Perdi tudo a cinco meses, e nesse tempo todo fiquei aqui na escola, me isolando de tudo e de todos menos de minha irmã e é claro de Derek.

 Passamos esse tempo todo juntos, às vezes chorando, as vezes olhando o vazio existencial mas sempre tristes e chorando, um no colo do outro no fundo da escola onde ninguém nos via e longe o bastante para minha anomalia não ler a mente de ninguém e me atrapalhar. Depois de passar o dia chorando e Derek levando nossas refeições, quase de noite, nos separamos, eu para o dormitório masculino e ela para o dormitório feminino. E então choramos, tentamos dormir pra dor passar, mas as lembranças insistem em aparecer em nosso sono, decidem nos visitar e nos fazer acordar assustados e nos açoitar fazendo-nos lembrar de que tudo foi real. E então todos os dias acordo e nos encontramos pra chorar e nos torturar lembrando-me do que aconteceu em nossas vidas.

 Nesse instante percebo que ainda estou parado olhando pro relógio que agora marcam  7:45, olho pra cama ao lado ainda vazia porque não tenho um parceiro de quarto. Rapidamente visto uma blusa e desço as escadas torcendo para não encontrar ninguém e minha mente não entrar em colapso.

 Assim que desço as escadas avanço em direção ao corredor que me levam até a entrada do dormitório masculino, e no limite que uma garota pode chegar do dormitório avisto Annabely parada em pé olhando para duas garotas e dois garotos ao longe rindo provavelmente da piada que algum deles contou. Tão longe que meu “poderes” apenas se concentra em invadir somente a mente de Anna. Antes de me aproximar dela minha anomalia já entra em ação e leio sem querer seus pensamentos “ queria um dia voltar a ser feliz como eles são.”

 - Oi – Eu disse apenas olhando pro mesmo lugar que ela.

- Oi .

 Percebo que ela ainda olha para o grupo de amigos e de novo contra a vontade “ quero minha vida de volta”.