Um jogo muito diferente

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No susto Felipe quase quebrou a outra perna, mas se recuperou e perguntou:

-O que aconteceu?

A mãe parecia estressada, até demais, estava trêmula e parecia que seus olhos iam saltar:

-A não, mais essa agora! Como quebrou a perna? Está com a perna engessada!

-Mãe, calma, eu caí, mais ou menos...

-Como? Essa não, a vovó vai embora e agora você quebra a perna!

Felipe começou a tremer e seus olhos a se encher de lágrimas:

-O que aconteceu com a vovó?

A mãe começou a se acalmar e sua expressão mudou, parecendo mais calma e coerente:

-Filho, a vovó...Não vai voltar, só isso, eu lamento.

Felipe entendeu a mensagem, chorou muito e se trancou no quarto.

***

Felipe amava muito a avó e a perda dela era um enorme peso para ele. Ele começou a comer pouco e a emagrecer muito rápido, freqüentemente ficava sozinho no quarto durante horas e às vezes chorava sem motivos aparentes, começou a faltar nas aulas e a tirar notas abaixo de zero, ficou muito calado.

A mãe teve de largar o emprego para conseguir um que desse um bom tempo para ficar com o filho e por sorte conseguiu um emprego de balconista de uma loja de cosméticos, onde seu turno era das duas da tarde as cinco e ganhava razoavelmente bem para uma balconista de loja. Passou-se um ano e a situação continuava a mesma, exceto pelo fato de Felipe ir ficando cada vez mais depressivo...

***

Seus melhores amigos, Marta e Lino, começaram a se preocupar e resolveram ir à casa de Felipe ver o que estava acontecendo com ele e perguntar o porque do seu comportamento estranho, Felipe explicou o que aconteceu e Lino teve uma idéia genial:

-Pessoal, tive uma idéia! Felipe, você vai falar com sua avó!

***

Estava tudo pronto, velas brancas, uma bíblia e um tipo de jogo muito estranho:

Um tabuleiro cheio de letras e uma flecha de madeira com um buraco circular no meio, mais ou menos do tamanho das letras. Lino tomou a liberdade de explicar:

-Este é um tipo de jogo onde se usa a fé para falar com gente morta...

Marta interrompeu:

-Seja mais delicado! Felipe está deprimido e você vem falando de gente morta, gente morta... Espíritos talvez fosse mais sutil.

-Não é minha culpa se são defuntos! -Lino revidou.

Felipe:

-Vamos logo!

Lino:

-Então ta, vamos para as regras: nós seguramos as mãos um dos outros formando uma corrente em volta do tabuleiro, assim –explicou Lino, mostrando como se faz - a flecha fica no meio do tabuleiro, agora devemos fazer uma oração para o falecido e depois fazemos a pergunta que queremos que ele responda! Simples, né?

Marta achou muito estranho, fez careta e perguntou:

-O que esperamos que aconteça agora?

-Bom, é para a flecha se mover e seu buraco no centro vai indicar as letras que vão formar a resposta da pergunta que faremos... Qual será?

Felipe:

-Como minha avó está?

Eles seguiram as regras e a flecha começou a se mover...

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