Um enorme susto

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Marta saiu correndo de casa sem saber se era tão estranha a coisa que estava acontecendo na casa de Lino, não acontecia nada empolgante naquele bairro havia anos, chegando lá ela olhou pra mãe de Lino e falou:

-O que está acontecendo?

E a mãe de Lino respondeu:

-Acho que nada, seu amiguinho Felipe chegou e subiu pro quarto de Lino com uma mascara no rosto, ouvi um grito e Lino veio pra sala correndo, perguntei o que havia acontecido e Lino disse que bateu a cabeça, bebeu água, depois foi para seu quarto tremendo, acho que a batida afetou o cérebro dele...

Marta desconfiou que Lino não batera coisa nenhuma a cabeça e subiu para o quarto dele o mais rápido que pôde, levando um enorme susto ao chegar:

-Lino o q...Q...Que aconteceu?

Lino estava desesperado:

-Felipe chegou assim!

A sombra Felipe queria ser mais real:

-Que foi gente?Sou eu, não estavam com saudade?-Mas essa frase não os convenceu.

Marta estava mais do que surpresa:

-Eu não vou ficar parada, vou pegar uns livros de horóscopo, espíritos, Ets, naves de Ets, e o que vier na cabeça!

Lino não perdeu tempo, abriu a janela para respirar melhor e disse:

- E eu vou pegar aquele jogo de conversa com os espíritos!

Saíram e deixaram a sombra-Felipe com o Felipe-sombra sozinhos, mas quando voltaram nenhum dos dois estava lá...

Lino e Marta saíram correndo, mas perceberam que a sombra-Felipe já estava muito longe, então Marta falou:

-E se pregarmos cartazes de "procura-se!"?

-E como iriam acreditar que um menino virou uma sombra?

-É mesmo!

-Vamos ter de procurá-lo sozinhos!

-Lino, o que você acha que aconteceu com Felipe?

-Não sei, mas com certeza não é nada bom...

Marta começou a roer as unhas e a pensar se Felipe estaria bem, "vai ver a sombra foi dar uma voltinha", era o que Marta queria pensar "... vamos achá-lo logo, sei que vamos...", Marta sempre teve uma quedinha pelo Felipe, e não era agora que ia perdê-lo:

-Lino, eu procuro no cinema, é o lugar mais fácil de uma sombra se perder de vista.

-E eu?Passo na lanchonete e tomo um lanche?-Disse Lino impacientemente.

-Pára! Você também tem de procurá-lo, seu ignorante...

-Calma, foi só uma brincadeira...

Imediatamente, Lino foi interrompido por Marta:

-BRINCADEIRA?Você acha que tudo isso é uma brincadeira? Felipe está em perigo!!!!!!!

E saiu correndo sem olhar pra trás.

Lino simplesmente ficou imóvel, sem saber o que fazer, então ouviu um grito:

-E vai procurar o Felipe!

Lino, então, retomou a atenção e foi correndo para uma direção qualquer, sem rumo...

***

Enquanto isso, Marta chegava no cinema onde estava em cartaz:

"O Terror é Cego"

"Suspense, humor negro. A morte fica cega e tenta levar pro além a pessoa errada. É imperdível!"

Como era a primeira sala que viu, pagou o bilhete e entrou, se sentou na fileira mais alta, para ficar de olho em todas as fileiras de baixo, com certeza a sombra não estaria perto da tela, pois havia muita luminosidade, mas é melhor prevenir...

O filme era totalmente assustador e varias vezes ela quase gritou, a morte corria atrás dum homem, depois corria atrás do outro, realmente uma terrível confusão! Porém, como todo filme tem fim, as luzes se acenderam, mas a sombra não estava lá...

***

Marta saiu do cinema bem a tempo de ver Lino correr em sua direção:

-Marta! Eu procurei no "Dinocenter", aquele cinema 3D sobre os dinossauros e vi um vulto! Ele deve estar na Praça do Dom Pascal, vamos!

Imediatamente Marta se interessou na pista, era um grande passo para achar Felipe e não podiam perdê-lo!

Pegaram o primeiro táxi que viram e deram R$30,00 pro motorista por o "pé na tábua", o motorista deu tudo de si na condição de darem bastante gorjeta, chegando lá, deram mais R$10, 00, o que significava R$40,00 somente por uma corrida de umas seis quadras dali.

Chegando lá viram muitos dinossauros, mas nenhum Felipe, definitivamente ele não estava mais ali...

***

Lino e Marta estavam quase perdendo as esperanças quando viram um vulto indo para a Avenida Gertrude Maria, viraram a esquina e se depararam com a rua mais sinistra da cidade, sempre ouviram falar daquela rua, palavras estranhas:

"Ouvi dizer que existem muitos, muitos mesmo, gatos por ali, a maioria pretos e chamuscados, seus olhos são verde esmeralda com um brilho, um brilho diferente...".

Realmente havia muitos gatos ali, a maioria com as mesmas características citadas:

"... Os casarões vivem com as portas e janelas fechadas e são de madeira, e existe uma casa, a de tijolos verdes mal alinhados com uma estranha marca em forma de um X com facas cruzadas num tijolo, único tijolo, perfeitamente reto, bem alinhado e limpo, e ali, vive uma bruxa, mas de lá ninguém sai e ninguém entra..."- esses eram os comentários dos mais velhos...

Se havia mesmo uma bruxa ali, só existia um meio de saber, batendo na porta e tremendo ao mesmo tempo, eles ficaram imóveis na porta da bruxa, mas o que veio depois, não era bem o que esperavam:

-Sim?Quem são, de onde vieram, estão com fome, entrem!

Uma doce velhinha os atendeu, não parecia uma bruxa, nem um tiquinho, parecia mais a fada dos dentes, ou a fada azul, menos uma bruxa:

-Meus queridos, o que fazem aqui?

Lino estava calculando: nunca viram ninguém entrar ou sair dali, a lenda existe desde 1800, vive uma velhinha ali, algo estava errado:

-Se me dá licença, viu o nosso amigo passar por aqui?

A doce velhinha parou de servir seu chá (que pelo que Marta viu, fora da validade desde 1900) E dirigiu um olhar gelado a Lino:

-Não, não vi, desejam algo mais?

Marta interrompeu o "não" de Lino:

-Sim.

Lino cochichou:

-Enlouqueceu?

Marta disse:

-Como vive se nunca te viram entrar ou sair desta casa?

A velhinha ficou séria:

-Meus queridos, querem mais chá?Puxa!Como está tarde, suas mães vão ficar preocupadas!-

Enquanto os empurrava pra fora a velha teve um último e breve comentário:-Chaaaauuuuu.

Marta não teve duvidas:

-Aqui começa uma investigação!

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