¬silencio

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Havia combinado de encontrar com Bianca na biblioteca naquela tarde, mas sua mensagem enviada há alguns minutos me dizia que ela me deixaria esperando... mais uma vez. Desiste de pegar uma sala de estudo para nos duas e fui para as mesas, já que era proibido – apenas para mim – ficar estudando nos corredores da biblioteca como antes.

Só de pensar no sermão que havia recebido naquele dia e de todos os olhares que eu ainda recebia, eu tinha vontade de vomitar. Pessoas hipócritas. Meu celular me avisava que eu –ainda- tinha algumas mensagens para serem visualizadas, mas eu apenas ignorei mais uma vez. Encontrei uma mesa vazia no fim da biblioteca e me sentei nela, já deixando os meus livros sobre ela.

Eu tinha alguns resumos para fazer pra uma matéria e que valia quase cinquenta por cento da minha nota para pouco mais de um mês. A minha sorte era que eu já estava bem adiantada e não precisei entrar em desespero como alguns alunos da sala.

Abri meu notebook sobre a mesa e me abaixei para pegar alguns livros na bolsa, quando levantei novamente, Gabriel estava sentado na minha frente e parecia sério. Eu tinha certeza que até pouco tempo atrás era outra pessoa que estava ali! Seu silencio permaneceu, mas seus olhos me encararam por alguns minutos. Tentei falar algo, perguntar o que ele estava fazendo ali, mas ele levou seu dedo indicador aos lábios e logo depois apontou para a placa de silencio.

Mas logo em seguida me mandou uma mensagem.

"Quando sair."

Era a única coisa que dizia na mensagem de texto, mas eu havia entendido bem. Ele queria falar comigo só depois que saíssemos da biblioteca. Tentei manter a concentração em meus estudos pelo o tempo que eu teria que ficar ali, mas quase de minuto em minuto, meus olhos me traiam e encontravam Gabriel imerso em seus estudos a minha frente.

Havíamos feito isso incontáveis vezes durante os últimos meses. Estudar. Mesmo que Gabriel fosse um ano há minha frente, a companhia dele para os estudos era bem melhor do que a de Bianca, que não parava quieta e sempre me cortava o raciocínio para me mostrar algum meme que achou na internet.

Mas naquele dia, eu não consegui escrever mais nada do que duas folhas e abaixei a tela do meu notebook depois de salvar as poucas palavras que forame escritas. Só nessa hora, senti os olhos dele sobre mim. Arrumei minhas coisas – ou melhor, joguei tudo na bolsa e fui em direção da saída rapidamente, parei em frente as portas de vidro da biblioteca e esperei.

— Por quanto tempo você ainda vai me evitar? — Gabriel falou atrás de mim e logo em seguida colocou seu braço sobre meu ombro. Olhei para encara-lo e ele tinha um sorriso no rosto, que me fez revirar os olhos.

Se Gabriel tivesse uma marca registrada, seria o seu sorriso. Aquele garoto realmente sabia que era bonito e o que o sorriso fazia com as garotas.

— Eu não-

— Você já almoçou? — me interrompeu. Por alguns segundos eu tentei entender e no final foi fácil, ele também evitaria o assunto. Neguei sua pergunta com a cabeça. — Vamos comer alguma coisa? Estou morto de fome.

Passei meu braço ao redor de sua cintura e confirmei: — Só se você me levar para comer aquela salada deliciosa! — digo entusiasmada e começamos a descer a pequena escadaria em frente da biblioteca.

— Fala sério! Digo que estou morto de fome e você quer me levar para comer salada? — passamos por algumas garotas que me olha torto por estar tão intima de Gabriel. Se os boatos do ocorrido há alguns meses haviam acabados, outros apareceram em relação a nós. No começo imaginaram que estávamos juntos, mas depois que fomos vistos ficando com outras pessoas em uma festa o boato mudou e começaram a especular de um relacionamento aberto.

Na cabeça deles era muito difícil acontecer uma amizade entre nós dois, sem existir segundas intenções.

E até era... Até uma semana atrás. 

O Desastre Amoroso de Hayley ManatoOnde histórias criam vida. Descubra agora