O caráter da felicidade sob os aspectos da solidão e da virtude.

106 4 0
                                    

A solidão de Ser: passo fundamental da existência

Quanto mais vivo, mais percebo que a felicidade se encontra cada vez mais longe do convívio social. Pois como disse o poeta britânico, Lord Byron:

Há um prazer nas florestas desconhecidas;
Um entusiasmo na costa solitária;
Uma sociedade onde ninguém penetra;
Pelo mar profundo e música em seu rugir;
Amo não menos o homem, mas mais a natureza...

Encontro satisfação nas minhas caminhadas matinais, no observar do céu estrelado noturno, do sol se pondo e nascendo para a vida. Enfim, em cada detalhe do mundo distante da civilização, eu consigo encontrar a felicidade. Essa felicidade, portanto, na minha opinião, se encontra na solitude. Diferentemente da solidão, o estado de solitude, é aquele o qual, conseguimos criar os vínculos e significados do mundo, sem a necessidade de outrem. Ou seja, quando nos encontramos no íntimo e resoluto momento do pensar, afirmamos nossa existência e assim atribuímos significados e simbolismos para a vida. Essa atividade, é de cunho individual e cabe a cada um de nós busca-la. Ela é o primeiro passo da existência.

"A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais"

Arthur Schopenhauer

"Acho saudável ficar sozinho a maior parte do tempo. Ter companhia, mesmo a melhor delas, logo cansa e desgasta. Gosto de ficar sozinho. Nunca encontrei uma companhia mais companheira do que a solidão"

Henry D. Thoreau

O sentido da vida

Por isso, para mim, devo dizer que a felicidade se encontra intimamente ligada a busca do sentido existencial. Em outro ensaio de minha autoria, eu afirmo que o sentido da vida, se encontra no 'eterno buscar', isto é, a constância eterna do sempre preencher as lacunas da existência. Sócrates dizia, "conhece-te a si mesmo e conhecerás o universo e os deuses". Sócrates foi o primeiro filósofo grego a deixar a temática dos céus e trazer o sentido da existência para o núcleo do indivíduo. O Sujeito tem de se tornar autônomo para Sócrates e compreender que o Saber começa Nele, e se estende para o Universo. Com isso, cada ser, é um cosmo para Sócrates. O desbravar do Ser individual abre caminhos para o infinito e insondável. E essa busca, é infinita, pois a physci humana sendo reflexo do cosmos, é eterna e infinita.

Nesse viés, a felicidade entrelaçada com a busca do sentido deve ser solitária. Mas como sabemos, a vida é feita de ciclos. Estamos em constante metamorfose, como expressa na obra de Franz Kafka. A fase de reconhecimento da existência é eterna e de foro individual, todavia, ela pode ser compartilhada. Não podemos deixar os vínculos sociais de lado. A felicidade por mais que se manifeste de forma profunda na solidão, deve se expandir pela vida. Pois, a verdadeira felicidade, é aquela que é compartilhada.

O amor que transfere o transcendente ao humano, ao imanente.

E novamente, citando meu outro ensaio, lhes afirmo então, a importância do amor. A minha concepção do amor é aquela pregada pelos poetas ultrarromânticos do século XVI.

Pois bem, o amor, para mim, é a transcendência da busca do sentido existencial pessoal e individual para outra pessoa. É a extensão da busca do viver. O amor une dois indivíduos, dois microcosmos para que possam se entrelaçar e virarem um só. O amor é a compreensão, é o saber, é o viver. Mas viver verdadeiramente.

Ensaios filosóficos sobre a ExistênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora