•Sixteen•

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     Ao chegarmos em casa, com a ajuda do uber, entramos com receio, mas nem Leah nem Eloísa estavam na sala.

  — Ava, tem algum lugar em que a gente possa arranjar roupas melhores pro seu pai? - ela pensou um pouco antes de responder.

  — Tem o quarto do Jean!! É do lado do escritório. - ela disse, eu assenti com a cabeça e levei Pierre até lá.

       Estranho, como eu nunca tinha percebido que tem uma porta no escritório que leva exatamente pro quarto do Jean?

     Enquanto nós íamos para lá, achei estranho não ouvir nenhum barulho e nem ao menos um sinal de que Leah e Eloísa estivessem na casa. Ao achar roupas razoáveis, dei-as pra ele e disse onde era o banheiro para que ele pudesse se trocar.

     Enquanto eu o esperava, Ava chegou correndo até mim, segurando um pedaço de papel.

  — O RENÊ VAI NASCER! - ela gritou.

  — O QUÊ?! - gritei supresa. Aquela era a primeira vez que eu escutava o nome do bebê.

  — Leah deve estar no hospital com a mamãe nesse momento. Se o Jean não estiver lá também, ele deve estar trabalhando.

  — Então o que estamos esperando?! Temos que ir pra lá! - exclamei assim que vi Pierre sair do banheiro com novas roupas.

     Quando saímos da casa e eu tranquei a porta, percebi que havia um carro branco e luxuoso na garagem.

  — É o carro do Jean. - explicou Ava. — Como ele está aqui, significa que eles devem ter ido de ambulância para o hospital.

  — Você sabe dirigir? - perguntei para Pierre e recebi uma resposta negativa.

  — Saber até sei, mas faz tanto tempo que não dirijo que fico com receio de fazê-lo. Eu esqueci a maioria das coisas.

  — Bom, estão é isso. Eu dirijo enquanto vocês me falam o caminho para o hospital.

  — Você sabe dirigir? - perguntou-me uma Ava nervosa.

  — Para tudo tem uma primeira vez. - faleo calmamente, disfarçando quanse que completamente meu medo.

     Ava tirou as chaves do carro de debaixo do tapete - não sei o porquê de alguém pôr uma chave alí - e entramos no carro. Com muito esforço, eu dei a partida.

     E foi isso. Aos meus 20 km/h, recebendo buzinadas e xingamentos dos outros motoristas, e seguindo as orientações de Ava, chegamos ao hospital.

  — Podem descer. - falei, como se fosse uma motorista profissional. — Tenho uma coisa para fazer. - eles as sentiram e desceram. — Alô? Louis? É que eu preciso de um favorzinho...

*****

     Depois de ele me falar seu endereço, e tirando o fato daquele não ser o melhor carro para quem estava dirigindo pela primeira vez, não foi difícil chegar lá. Ele já me esperava no portão.

     Estacionei e, depois de um abraço caloroso de dois amigos que não se viam a dias ou semanas, entrei.

  — Quero lhe apresentar minha casa. - ele disse e eu o acompanhei pelo chamado "tour pela casa".

     Ele me mostrou todos os cômodos: a espaçosa sala, a adorável cozinha, a agradável varanda, o lindo quarto de seus pais e, por último, seu quarto, no qual tinham mais brinquedos do que a sociedade permitiria a um menino de sua idade ter. 

  — Eu amei a sua casa! - exclamei maravilhada, entrando em seu quarto. — Mas então, sobre o favor, eu lembro de você dizer que sua tia era advogada e eu vou precisar da ajuda dela para... - minha fala não se completou quando eu ouvi a porta se fechando bruscamente atrás de mim.

  — Acho que o favor pode aguardar... - disse Louis, apagando todas as luzes do quarto e fechando a cortina de sua enorme janela.

     Nesse preciso momento, meu coração disparou movido pelo medo. Eu comecei a suar e me arrepiei, sentindo a adrenalina e o pavor me dominarem.

  — L-Louis? O q-que tá a-acontecendo? - senti minha voz fraca falhar.

  — Nada. É que você me deve um favor, Yasami. - ele disse, se aproximando cada vez mais. Com a escuridão, eu mal o via, mas conseguia sentir seus movimentos e ainda ver seu vulto.

  — N-Não me lembro de lhe dever nada. - falei, tentando manter a calma.

  — Então deixe eu lhe refrescar a memória. - ele disse, vindo para trás de mim e me agarrando. Conseguia sentir sua respiração quente em meu pescoço, assim como sentia suas mãos me tocando bruscamente. Ele apertava meus peitos enquanto roçava seu membro entre as minhas coxas.

     Eu queria falar. Queria gritar, mas não conseguia me mexer. Estava paralisada pelo pavor. Então, quando eu senti ele começar a levantar minha blusa lentamente, consegui gritar e, quando ele enfim me soltou, dei um soco na cara dele.

  — MAS QUE PORRA É ESSA, LOUIS??! - tornei a gritar, desesperada e aliviada ao mesmo tempo.

  — Desculpe Yasami, eu não queria...

  — NÃO QUERIA O QUÊ? ME ESTUPRAR?

  — É que eu achei que fosse recíproco...

  — SÓ SE FOR LÁ NA PUTA QUE PARIU!

  — Eu só queria te deixar melhor depois do término do seu namoro...

  — Então é isso? Você nunca foi meu amigo, só queria que eu terminasse meu namoro pra ficar com você? - ele não respondeu. — Foda-se, não quero mais falar sobre isso. - falei, me dirigindo à saída do quarto. — Na verdade, nem apareça mais na minha frente, tá? Por favor.

  — Ei, mas e o favor que você ia me pedir?

  — Pode deixar que eu me viro sozinha. - falei friamente, fechando com violência a porta do quarto depois de sair.

     Eu nunca corri tanto depois de sair de uma casa. Entrei no carro rapidamente, dei a partida e, pela primeira vez, dirigi aos 80 km/h. Eu só queria sair dali.

     Eu já estava voltando ao hospital com a incrível ajuda do meu amigo Google Maps, mas sinto que deveria ter olhado pra frente e não só pro celular, porque eu não vi quando atravessei um cruzamento e um carro bateu no lado do carro em que eu estava. A última coisa que eu lembro é do carro capotando antes de eu apagar completamente.

My Fucking Brother[segunda temporada]Onde histórias criam vida. Descubra agora