02 | PHOTOGRAPH

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🌑

Pela primeira vez em quase 5 meses, eu voltei para casa sozinho.

Depois de tanto insistir com o carinha gostosinho, ele se levantou e foi embora, e eu fiquei sentado, com cara de tacho, frustrado por ter recebido um não. Eu nunca tinha chegado nessa parte, então eu não soube muito como reagir, então só bufei, arrumei meus cabelos e fui para o bar, bebi mais umas duas garrafas de soju e fui embora, sem vontade nenhuma de flertar novamente ou ficar com alguém.

E foi estranho chegar no meu apartamento, porque não parecia ser meu, a muito tempo, e eu não considerava um lar ou qualquer coisa assim. Era só um lugar que eu precisava pra não ficar na rua; ou na empresa. Era simples demais, neutro demais. Não tinha muito a ver comigo, não tinha muitas decorações, nem porta retratos com família, amigos ou coisas do tipo. Na sala era um sofá em formato de L, cinza claro, uma mesa de centro de vidro, as paredes eram brancas, com uns dois quadros de pintura abstrata na cor preta e branco e uma estante home com a TV. Só.

Obviamente era na parte rica da cidade, e ficava na cobertura, porque como CEO de uma grande revista, eu não poderia morar em qualquer lugar, porém era só isso. Eu morava ali por status, e mesmo assim não era como se eu realmente morasse ali.

Depois do meu quase casamento, muita coisa mudou na minha vida. Eu mudei muito. Mas ao mesmo tempo que foi bom, foi ruim, porque eu não me reconhecia mais, e não era de um jeito bom, que agradava as pessoas, que faziam elas quererem estar por perto.

Eu mudei por necessidade de não me afogar em mim mesmo.

Tudo isso que eu fazia, no fundo, bem no fundo, eu sabia que era só pra mascarar a dor que eu ainda sentia de ter sido abandonado no altar, de todos aqueles olhares para mim, com pena. Já era ruim o suficiente ter sido abandonado no altar, agora ser abandonado por outro homem? Era ridículo, ainda mais no país em que eu vivia.

Eu não escondia para ninguém a minha orientação sexual, porque eu não me importava, nem um pouco, mas a dor de ter sido abandonado por um homem me incomodava, e muito, porque eu fiz de tudo para conseguir organizar um casamento homossexual, para conseguir alguém que selasse aquilo da forma que seria comum para um casal heterossexual, e o que aconteceu? Fui abandonado.

Eu fui e ainda sou chacota na família, desde antes do casamento, e agora também. E qual o motivo? Só porque eu amava alguém. É ridículo.

E na revista, eu mesmo coloquei a minha imagem na capa, com todos os detalhes do casamento e do abandono, pra não ter burburinho nenhum sobre coisas demais que eram somente fofoca, e não o acontecido de fato. Claro que alguns jornais usaram aquilo como forma de fraqueza, alegando que eu tinha feito aquilo para mascarar algo mais sombrio. Ridículo.

Mas eu me reergui, e dei a volta por cima, colocando a Persona no topo, sendo comentada em toda a Coreia, e fora dela também, porque todos queriam saber sobre Park Jimin, o abandonado no altar.

Agora eram, exatamente, 10h20 da manhã, e eu estava na sala do meu apartamento, com o notebook no colo, organizando algumas coisas da próxima edição da revista, para distrair a minha mente e focar em algo que realmente valia a pena na minha vida.

Decidi que precisava de tipos diferentes de fotografias na revista, e precisava inovar em estilos, formas diferentes de colunas e notícias de outros países sobre o que estava em alta na moda naquele momento. Dar uma repaginada e lançar um novo estilo de revista, e isso seria para o próximo mês.

Peguei meu telefone e liguei para Taehyung, que demorou 3 toques para atender.

- Quem morreu?

ETHEREAL• pjm + jjkWhere stories live. Discover now