Dark Angel

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Eu poderia dizer que sou uma mulher francesa comum, mas eu estaria mentindo. Meu nome é Angeline Lacroix e eu soo como o pesadelo para muitas pessoas. Você entenderá tudo em breve, mas vamos começar do início, quando eu era apenas uma garotinha vivendo sua melhor fase.

Eu nasci em cresci em Bordeaux, uma cidade portuária no sudoeste da França, banhada pelo rio Garonne, famosa principalmente por suas vinícolas e sua arquitetura dos séculos XVIII e XIX. Meus pais eram funcionários de uma das principais vinícolas da cidade, produtora dos vinhos Abancourt. Todos os funcionários moravam na fazenda, em casas simples, mas repletas de alegria e festança; as crianças corriam livres entre o vinhedo e o brincavam com os pés na terra, sentindo a pureza do ar do campo. A infância perfeita a meu ver. Ou quase perfeita.

Tudo mudou quando em uma noite um incêndio tomou conta da casa dos funcionários e dos patrões, a fumaça preencheu o pulmão de alguns e o fogo carbonizou os que não conseguiram escapar, entre eles, meus pais. A única coisa que eu me lembro daquela noite é acordar com pessoas ao meu redor enquanto eu estava deitada na terra ao lado de fora da casa, havia muito barulho e fumaça, pouco depois eu apaguei e só acordei quando já estava no hospital. Após passar por exames e ser constatado que eu estava em perfeitas condições de saúde, eles pensaram em me liberar, mas eu não tinha para onde ir, então acharam melhor que eu passasse a noite no hospital até ser encaminhada para um orfanato. Algum tempo depois a polícia francesa constatou que o incêndio foi acidental e o caso foi encerrado, mas eu nunca acreditei nessa teoria. Você aceita seu destino e continua a viver, dia após dia, sobrevivendo as dificuldades uma de cada vez, sentindo-se fortalecido a cada pequena conquista, mas isso não significa que às vezes as lembranças não voltem para te assombrar.

Foi no orfanato Petits Anges (Pequenos Anjos) que eu cresci após perder meus pais aos nove anos de idade. Nunca fui adotada, todos os pais potenciais buscavam crianças menores do que, geralmente bebês. E nós, os mais velhos, íamos apenas comemorando cada primavera que passava, sonhando com o dia que estaríamos fora de lá, vivendo por nossa conta, sonhando em como seria e em tudo que poderíamos ser. A realidade é que nada é fácil como pensamos quando éramos crianças. A vida depois do orfanato não era o sonho que esperávamos, era muito difícil, na verdade. Eu trabalhava como garçonete em dois lugares diferentes, um durante o dia e o outro a noite, tinha apenas quatro horas de sono e dinheiro suficiente para pagar o aluguel de um pequeno apartamento que dividia com três amigos do orfanato no subúrbio de Paris. A minha sorte era poder me alimentar no trabalho, um gasto a menos, mas ainda assim não sobrava dinheiro para nada. Eu precisava mudar essa realidade, passava noites em claro pensando em como fazer isso, como subir esse degrau difícil e ter uma vida melhor, não regada de luxo mas melhor, só não sabia como ainda.

Até que em uma noite trabalhando no bar Antony Johnson, um americano de boa aparência me recrutou para sua equipe de Bellas nos Estados Unidos. Mulheres extremamente atraentes contratadas para seduzirem homens e mulheres por alguma razão, negócios, flagras de traição ou interesses confidenciais. Éramos apenas atrizes pagas para fazer nosso trabalho independente do motivo do cliente, sem ter relações sexuais, nunca deixávamos ir tão longe. Andávamos com uma escuta, sendo monitoradas por seguranças prontos para entrar em ação caso algo saísse do nosso controle, mesmo quando sabíamos alguns golpes para defesa pessoal. Além do alto salário por cada trabalho executado com sucesso, foram anos de muito aprendizado para mim, como encenar, seduzir e manipular, úteis na minha atual carreira.

Você deve estar se perguntando como era possível seduzirmos alguém tão rápido sendo que todas as pessoas são diferentes, com diferentes preferências e personalidades. É muito simples, nós recebíamos uma ficha completa de cada alvo: preferência pela aparência da mulher, hobbies, interesses pessoais e assuntos que mais gostava de conversar. Era fácil se conectar com eles usando uma peruca e estudando sobre seus interesses. Era como uma ratoeira com o melhor e mais fino queijo francês para atrair um pequeno camundongo, fazendo com que ele seja atraído pelo seu ponto fraco, sem ter ideia do que o futuro reserva para ele.

Em pouco tempo me tornei a número um da empresa, responsável pelo maior número de trabalhos e pelos mais difíceis também. Foi assim que minha fama chegou até Rose Taylor e ela decidiu me contratar como uma de suas agentes. É claro que quando ela fez isso, eu não sabia bem como ser uma espiã, é por isso que ela sempre me disse que eu era um "investimento". Durante um tempo ela investiu em mim, me ensinando tudo o que eu precisava. Lá fui treinada pelos melhores atiradores para ter a melhor pontaria, seja com qualquer tipo de arma, mas minha favorita era um par de pistolas S&W M&P 40. Me ensinaram diversas artes marciais, mas o que me foi mais útil foi o Krav Magá, que não é exatamente uma arte marcial, já que não possui regras. Um sistema de combate corpo a corpo, que envolve técnicas de luta, defesa contra armas, bastões, facas e golpes. Todos os golpes são treinados com o objetivo de ultrapassar todo e qualquer tipo de situação de violência, do modo mais rápido e eficaz, por vezes sendo letal.

Nem todas as missões envolvem morte então levou um tempo até eu fazer minha primeira vítima: um membro da máfia irlandesa. Depois disso, foi questão de tempo, e muita dedicação, para fazer o meu nome no ramo, até ganhei um apelido: Dark Angel. O rosto de um anjo, o coração de um fantasma. Anjo esse que traz consigo a morte. Você cumpre a sua missão sem nunca deixar um rastro, você simplesmente some. 

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