Através do espelho

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Bonjour!

Antes de tudo, isso é um mimo para quem está tristinho com a vinda das meninas para o Brasil pois não vai ter a oportunidade de ver elas de pertinho. Então fiquem com uma atualização bem gostosa que vai ser bem importante lá na frente (quem sabe, sabe).

Vou fazer questão de gritar muito por vocês em todas as músicas e demonstrar o nosso amor por elas da melhor forma possível!

Tenham uma ótima leitura e lembrem-se que são Um em um milhão!

🩰

Myoui Mina, sete de dezembro de 1956.

Existem duas coisas no mundo das quais eu realmente me importo muito: balé e música. Talvez por ter crescido bem sozinha e com uma diferença de 7 anos do meu irmão irresponsável, uma mãe submissa e um pai tão ausente, criei uma dependência de não me servir tão vazia enquanto aprendia sobre o mundo da arte. Minha falecida avó costumava me dizer que a arte é a única maneira de compreender o mundo e o incompreensível. Também são as únicas atividades das quais eu pratico desde que me conheço por gente, somente elas me prendem como se fossem parte de mim, como se crescesse junto aos meus ossos e, provavelmente, se me perguntassem agora qual é prioridade da minha vida nesse momento, eu certamente poderia dizer que esses dois itens são meu ponto de partida e chegada.

Eu já perdi a conta de quantas vezes fui questionada sobre o amor e se eu já o senti por alguém. Para mim o conceito de amor é muito amplo, eu amo muitas pessoas, sou uma amante da vida e acredito que o amor é um estágio do afeto muito bonito, mas me imaginar vivendo me deixa um pouco nervosa. Nunca tive problemas com ele, de forma alguma, mas reconheço que sou uma pessoa completamente inapta em relação ao amor romântico por acreditar que ele provém do apego e da fragilidade de um ser consciente. É possível demonstrar amor sem se machucar? É possível se permitir ser amada, romanticamente, sem quebrar seu coração?

Tudo o que eu sei sobre o amor está escrito nos livros de poesia ou romance, nas ondas sonoras das novelas de rádio e nas cenas dos filmes de cinema. Tudo o que eu sei sobre o amor eu aprendi com o meu pai e com a minha mãe, e talvez por isso esse não seja o melhor sinal, já que o relacionamento dos dois não era um grande exemplo de estilo de vida.

Eu também sei que toda a família Myoui espera que um dia eu me case com um rapaz rico e influente, de certa forma que também seja bondoso e me trate bem, mas principalmente bem de vida. É isso, e apenas isso que esperam da minha pessoa, um casamento. Continuar a linhagem da família foi o motivo para eu ser concebida.

Contudo, apesar de esperar de mim um marido e uma ninhada de filhos, descobri através de algumas cartas da minha mãe trocadas com minha minha madrinha – porque mamãe se recusava a aprender qualquer coisa que se tratasse de uma linha telefônica – que os meus dias na Grã-Bretanha não eram mais tão contados assim, e eu provavelmente desfrutaria bastante da prolongação do meu castigo. Claro que não havia problema algum em trocar uma casa cheia de regras com alguns meses de estadia na casa de Tia Miso, não me pareceu uma idéia tão ruim agora que tenho meus treinos na Legacy todos os dias, minhas amigas Sana e Momo e um tempo livre para ler quantos livros eu quisesse.

Era rotina provisória, um período sabático na terra da rainha.

— Mina! — Minha madrinha me chamou do corredor assim que abotoei o último botão que faltava para fechar o vestido. — Não vai para a aula hoje? — Apareceu no batente da porta do meu quarto.

— Só estou terminando de ajeitar minhas coisas e já desço, dindinha. — Sorri.

— Não tenha pressa, seu treino só começa às sete — Ela sorriu de volta — Hoje vou te acompanhar na aula, como disse ontem no nosso jantar, tudo bem por você?

Camélias no Inverno - Michaeng | Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora