Capítulo 3 - Thor Willians

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Com 33 anos de idade, já tinha tido minha cota de desgraças e relacionamentos errados em minha vida. Com exceção de meus pais que ainda viviam em eterna lua de mel, eu mesmo tinha me frustrado com uma mulher. Com a mulher que ia me casar.

Conheci a Ana em uma balada. Linda, ruiva e com um corpo matador. Ela tinha um jeito meio brejeiro e nada tímido que me conquistou de imediato. Na noite que a conheci fomos para cama. Ela era um furacão. Uma verdadeira contorcionista e sabia o que fazer para me deixar doido.

Em uma semana estávamos namorando  sério, mas como estava investindo tudo que eu tinha na abertura de meu escritório de advocacia, por muitas vezes tive que ficar trabalhando enquanto ela saia com as amigas. Ela sempre me chamava, mas trabalho em primeiro lugar né?

Com um mês apresentei ela à meus pais. Meu pai é um  juiz de Direito e minha mãe Defensora Pública. Eles não gostaram dela, meu pai tentava disfarçar, mas minha mãe sempre dizia que ela era uma interesseira. Hoje não duvido, mas cheguei a brigar feio com eles  por causa disso.

Passou-se dois anos e meu escritório era um sucesso e pude até dar à Ana uma vida  bem melhor. Quando ela brigou com a amiga que ela dividia o apartamento, para mim nada foi mais natural do que trazer ela para morar comigo. Foi aí que chegamos à decisão, que na época parecia ser a mais sábia: o noivado e posteriormente, o casamento.

Ana era uma noiva excelente. Morávamos no bairro Jardins que ficava perto do shopping onde ela trabalhava. Eu sentia falta dos meus amigos, mas como minha amada noiva não gostava muito deles eu acabei deixando para lá e dava desculpas quando eles marcavam algo para nos encontrar.

Um desses dias que eles marcaram algo eu pensei em fazer uma surpresa para Ana indo busca-la na loja onde ela trabalhava. Quando cheguei lá, a dona da loja disse que a Ana não tinha ido trabalhar devido a uma dor de cabeça, disse inclusive,  que ela andava faltando muito por recomendações médicas.

Achei aquilo muito estranho, pois eu a tinha deixado no shopping naquele dia de manhã, resolvi ir para casa e verificar minha noiva. Quando abri a porta percebi que algo estava muito errado. Na sala havia peças de roupas espalhadas pelo chão e eu ouvia gemidos que conhecia de longe. Aqueles gemidos eu ouvia bem perto de mim de noite.

Ana sempre foi muito vocal na cama.  Eu sempre amei isso, mas ao chegar em meu quarto, eu vi uma performance digna de um filme pornô de quinta, estrelado pela minha noiva, que a todo tempo dizia "vai papaizão" em minha cama. Aquela cena me causou  repulsa.

Fiquei possesso e a expulsei de casa. Descobri que aquele caso era antigo e que estava sendo enganado todo o tempo. Pior que  todos sabiam e se ela evitava estar entre meus amigos era porque tinha  medo que eles dissessem algo ao corno aqui e eu  tirasse a boa vida dela.

Por uma semana evitei tudo e a todos, mas aquele telefonema de meu amigo hoje pela manhã me fez perceber que eu não estava só e eles estariam sempre de stand by para mim. Eles esperariam o meu tempo até que eu resolvesse procurá-los. O jantar proposto me pareceu ser a melhor alternativa.

E agora estou eu na sala, conversando e rindo das aventuras de meus amigos, do tempo que fiquei fora quando vejo meu amigo olhar para o corredor e falar:

_ Chega mais, Júlia. Deixe te apresentar meu amigo Thor. Doutor Thor William advogado que irá cuidar de seu caso - Meu amigo fala, mas só registro ela se aproximando corada e muda.

Essa era a irmã do Heitor? Onde ela se escondeu que eu nunca vi? Meus bons modos me permitem ser educado, mas é como se eu levasse um soco. Ela é linda: cabelos extremamente negros, com a pele clara e os olhos meio verdes, meio azuis a depender de como a luz irradia sobre ela.

Fico hipnotizado e percebo que ela também não é imune a mim. Por sorte meu amigo me tira de meu conflito interior falando:

_ Cara, não acredito que você não conhece a Júlia. Acho que quando éramos pequenos você nunca vinha a minha casa, nossa amizade se consolidou mesmo na faculdade não foi? E, depois você foi estudar no exterior, voltando quando ela casou. Enfim... Ela é meu tesouro. Cuida dela, mas não brinca de anatomia tá? - Vejo a Júlia corar e acho que me apaixonei ali. Apaixonar? Eu disse apaixonar? Cara nunca. Isso é para os fracos. Agora só quero saber de raparigar isso sim!

_ Para com isso Heitor - Repreende a Júlia e a voz doce dela me faz ter uma ereção em uma sala com meu amigo em um encontro de trabalho. Calma Júnior! Desce menino que não é hora de playground não!

_ Ok. Vamos falar de trabalho - Heitor Fala. Ufa! O Júnior não quis escutar mas pelo menos agora o meu amigo não irá perceber.

A Júlia senta-se totalmente desconfortável com a situação e com aquela voz doce como a de uma gatinha ela começa a narrar sua versão dos fatos. Dizer que fiquei chocado e puto de raiva é pouco.

Tão nova. 28 anos e já tinha passado por tanta coisa na vida. E o pior! Em uma cidade desconhecida e sem ninguém para recorrer. Sinto uma onda de náusea tomar conta de mim quando chorando ela narra como e quando ele a violentava.

Na hora seguinte tento ser o maior profissional possível. Pergunto coisas pertinentes ao caso e tento colher provas para deixar aquele imbecil na cadeia por um tempo. Amanhã mesmo revisarei a lei Maria da Penha de cabo a rabo e lógico que farei minha investigação particular para descobrir todos os podres do imbecil.

Saio da casa do Heitor já decidido: No tempo que ele estiver fora, a  defenderei com a minha vida se for necessário. Só não posso me apaixonar. Isso está fora de cogitação.

E AÍ O QUE ACHARAM? 

BJUS

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