Capítulo 4 - Patrícia Hetz

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        _ Ok, pessoal, por hoje já chega - Diz o fotógrafo no estúdio improvisado na Orla de Atalaia e eu finalmente deixo meu corpo relaxar.

        Agradeço a todas aos outros modelos e ao pessoal técnico que estão desde as cinco horas da manhã trabalhando comigo nessa sessão de fotos e encerro meu dia por hoje. São 15 horas, ou seja, estou há exatas dez horas entre poses e sorrisos,  fazendo o melhor para representar a marca de roupa que está pagando meu cachê. Quem disse que vida de modelo é fácil?

        Troco de roupa em um dos trailers que está servindo de suporte para a equipe no dia de hoje e vou em direção ao meu carro. Ninguém pode tirar a minha felicidade estampada no meu rosto. Como é bom voltar para casa!

        No caminho do meu carro começo a divagar a respeito das voltas que minha vida já deu. Nasci e fui criada em uma cidade do interior de Sergipe, chamada Itabaiana. Desfilo e faço fotos desde os seis anos e minha mãe foi minha maior incentivadora. Aos 18 anos mudei-me para São Paulo e fui seguir meu sonho de ser modelo. Durante os sete anos que vivi em São Paulo fui feliz na profissão, mas totalmente infeliz sozinha e sem ninguém. Por sorte encontrei amigas muito queridas que estavam comigo em todos os momentos.

        Com 25 anos, minha carreira de modelo não iria durar para sempre, por isso juntei dinheiro todo esse tempo, peguei parte dele e comprei um apartamento em Aracaju para mim, esse era o passo inicial da minha decisão. A prova concreta que voltaria para minha terra.

        A outra parte do meu dinheiro investiria em outro sonho. Lançar minha marca de moda praia, e que lugar mais perfeito que aqui? Não pretendia largar de todo minha carreira de modelo, mas quando ela encerrasse queria ter outra carreira em vista.

        Para minha sorte, o destino conspirou para que minha mudança se realizasse. Aproveitei um grande contrato com uma empresa de roupas que iria fazer sua campanha aqui e voltei. Aluguei uma casa temporária até que meu apartamento, no Village Club, não era entregue e ontem cheguei a Aracaju de mala e cuia, como diz a minha mãe.

        Outra coincidência foi a mudança de minhas outras amigas. A Bea, finalmente, resolveu preencher as lacunas de seu passado e retornar e a Júlia resolveu largar o crápula de seu ex-marido e retornar para viver com seu irmão. Minha felicidade foi triplicada!

        O incrível foi descobrir que a empresa que está construindo o meu apartamento é do irmão da Júlia. Ela fala tanto desse irmão que já estou curiosa para conhecer, espero que em breve o veja. Segundo ela é um gato e nós nos daríamos muito bem, como se eu estivesse atrás de um relacionamento. A Júlia nem parece que sofreu tanto, por ser tão alegre!

        Outra coisa incrível é saber que a Bea é uma das engenheiras que está auxiliando na construção do meu apartamento , já sei que vai ser lindo , pois ela tem um gosto incrível e ela é super competente. Eu amei saber disso e estou com muitas saudades da minha amiga.

        O toque do  meu telefone me faz acordar para realidade. Pego meu celular e a chave do carro na bolsa e sorrio ao ver a tela de meu celular. Por falar no diabo... rio , comigo mesma, aqui está a Bea me mandando mensagem . Combinei com ela de ir visitar as obras hoje e ela vai me dar um tour e me explicar tudo que ela já aprendeu sobre a obra em seu pouco tempo de trabalho. Respondo rapidamente avisando que já estou a caminho e entro no meu carro.

        Saio pela orla em direção a Tancredo. Do outro lado da cidade. Aff! Ligo o rádio para me distrair e qual não é a minha surpresa ao escutar uma música da Adriana Calcanhoto que adoro e refelete muito minha vida até agora. Aumento o volume e começo a cantar junto com a música a letra de Esquadros:

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⏰ Última atualização: Oct 22, 2014 ⏰

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