Todos os dias esperamos pelo nosso grande dia, todos esperamos ser os heróis, fazer a diferença, não passar despercebidos. E todos os dias acordamos de manhã e dizemos para nós próprios 'Hoje é o meu dia!', quando na verdade sabemos que vai ser um dia igual ao outros, que vamos para as aulas, estudar e ao fim do dia voltar para casa com poucas ou nenhumas novidades relevantes para contar.
A verdade é que queremos que esse dia chegue para não nos sentirmos invisíveis, porém temos sempre a sensação que se o nosso dia chegar, que se tivermos a oportunidade de nos distinguirmos do resto da multidão, vamos ser apenas personagens secundárias, porque nem todos nascemos para ser a estrela. E eu achava ser assim, pensava ter nascido para ser uma mera figurante na vida dos outros, no entanto tinha a ideia errada sobre mim mesma.
...
Acordei um dia de manhã com pouca vontade de enfrentar o mundo. Não tinha vontade de ir para a faculdade ouvir um bando de professores nada inspiradores a discutir finanças, preferia ter ficado em casa como o meu irmão e se tivesse escolhido o caminho mais fácil a minha vida não seria o que é hoje, eu não seria a pessoa que sou hoje.
Sai de casa e fui para a faculdade ter com o meu grupo de amigos, meia hora antes da aula, como todos os dias. Como ainda tínhamos tempo para um café e por a conversa em dia (como se não nos tivéssemos visto poucas horas antes) fomos para a sala comum de onde acabaríamos por nunca sair.
"Blake, olha o teu amorzinho a passar!" – troçou Ian apontando Luke que estava a passar do outro lado da sala.
Lembro-me de olhar para trás pouco discreta apenas para ver a cara do rapaz que fazia o meu coração bater mais depressa. Sabia que não podia estar com ele, sabia que os meus sentimentos não eram correspondidos e, por isso, contentava-me em olhar apenas para ele, na esperança que ele um dia olhasse para mim como eu olhava para ele. O rapaz notou que eu o observava e sorriu timidamente como fazia sempre que passava por ele, não éramos propriamente amigos nem nada parecido, éramos apenas conhecidos da faculdade que falavam cordialmente um com o outro quando se cruzavam e isso foi o bastante me apaixonar. O rapaz de cabelo loiro e olhos castanhos sentou-se numa mesa na outra ponta da sala e com os fones nos ouvidos desligou do mundo e ficou a ler um livro. A visão perfeita.
"Estás apanhadinha, miúda!" – continuou Ian, despertando-me do meu transe. – "Eu se fosse a ti desistia, mereces melhor e consegues melhor. Sabes bem que metade desta faculdade é louca por ti."
Eu sabia bem do que ele estava a falar, mas a mim pouco me interessava. Não queria nenhum daqueles que se dizia apanhado por mim. Queria o único que não podia ter. Luke. E sabia que estava disposta a muita coisa por ele, só não sabia o quanto. Só não conhecia o meu limite. Apenas saberia poucos minutos depois, quando a vida de qualquer uma das pessoas que estava na sala comum se encontrava prestes a mudar radicalmente. Dentro de pouco minutos, cada um de nós tomaria uma grande decisão. Quem somos nós? Figurantes, protagonistas, espectadores, lutadores ou líderes?
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O IDEAL
ActionEste livro conta a história de um grupo de adolescentes que ao ser atacado sem aviso se vê obrigado a tomar decisões difíceis para conseguir derrotar os seus inimigos e acima de tudo sobreviver na sala comum da sua universidade. Quem eram aqueles ho...