Oneshot

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Foi no meio da tarde de uma terça-feira quando ele recebeu a ligação. A escola na qual Will era professor de história estava com as aulas suspensas naquela semana graças a um vazamento de gás, e agora ele tinha cinco dias a mais para colocar os trabalhos de seus alunos (e um milhão de séries na Netflix) em dia.
Aquela era uma tarde particularmente quente, seu ventilador zumbia agradavelmente a sua esquerda mas o vento saia um tanto quente. Will pondeirou ligar o ar condicionado mas achou melhor não quando lembrou do valor da conta de luz do mês anterior. Ele estava sentado em seu sofá, um episódio de Good Girls pausado em sua smart tv e uma pilha de trabalhos sobre a segunda guerra mundial a sua frente mas em vez de se focar em um dos dois, ele estava mexendo em seu Twitter. Ele tem certeza que pegou o celular só para verificar a hora, porém a tela mostrava um notificação não visualizada e a partir dai foi uma distração online atrás da outra. De repente seu celular começa a vibrar e um número surge na tela: alguém estava ligando. Era melhor atender, vai que seja algo importante? Ele só esperava que não fosse cobrança ou alguma operadora.

— Alô?

— Boa tarde, estou falando com Benjamin Helton?— uma agradável voz feminina veio do outro lado; era um tanto aguda e tinha um sotaque que Will não conseguia dizer a origem com certeza. — Estou ligando pois seu IP de computador foi comprometido e, por isso, seu cartão de crédito pode acabar sendo clonado. Eu preciso que o senhor vá até um computador para eu poder ajuda-lo a resolver a situação.

Aquele não era seu nome e Will estava prester a corrigir a moça quando ela começou a falar toda aquela baboseira de IP e cartão. Ele não sabia nada de computadores mas até para ele o que aquela mulher disse pareceu bobagem. Lhe ocorreu que aquilo era provavelmente um golpe para roubar algum velhinho chamado Benjamin. O que ele iria fazer? Ele poderia desligar a ligação e voltar ao seu Twitter como se nada tivesse acontecido, mas algo o impediu de deslizar o dedo no círculo vermelho na tela. Ele estava tão entediado e era terça-feira (o pior dia depois de domingo!!), então foda-se, ele vai se divertir um pouco! Ele também estaria salvando o tal Benjamin Helton, não estaria?

— Senhor? O senhor ainda está na linha? — a voz estava um pouco impaciente mas ainda incrivelmente profissional.

— Sim, claro, desculpe. Benjamin Helton fando. Estou na frente do computador agora. — mentira, ele ainda estava jogado em seu sofá.

—Ok, agora eu preciso que o senhor entre em seu email.

— Tá bom — Will encarou seu ventilador por um minuto inteiro antes de peguntar: — Como eu faço para entrar nesse tal de email?

A moça demorou por uns segundos para responder e ele se perguntou se ela estava pensado se passar o golpe ainda valia pena. De repente ele sentiu muita vontade de rir e teve que pressionar o mão na boca para conter o som.

— Primeiro o senhor entra em seu navegador e-

—Navegador?

— O Google

— Atá, e depois?

— Digita gmail na barra de pesquisa.

— Pra isso eu tenho que ligar o computador, né? — ele estava achando cada vez mais difícil manter a voz séria.

— isso seria essencial, senhor. — ela estava tentando se manter profissional mas ele podia ouvir o sarcasmo na frase e a paciência se esgotando em sua voz.

— Tá, to ligando. Ó, ligou. E agora?

— Entra no navegador e-

— O Google, né?

— Sim. E agora digita Gmail — se seu tom fosse indicação, parecia que a moça queria vir pessoalmente em sua casa e bater em sua cabeça.

— Tá, mas antes de continuar: você não podia pensar em nenhuma historia melhor, não?

Golpista?Onde histórias criam vida. Descubra agora