A carta

719 93 51
                                    

Com as mãos trêmulas Bonnibel caminhava pelos corredores lotados do colégio. Era uma confusão de adolescentes que se espremiam ao passar um pelos outros, uma pressa para ir a um lugar onde eles não queriam estar. Ela não olhava nos olhos de ninguém, permanecia com a cabeça baixa sem importar em quem se esbarrava nela. A multidão se dispersou e ela pôde ter os corredores só para si. Se dirigiu ao penúltimo armário com passos firmes.

Parou em frente a ele e o encarou.

Suas pernas estavam fracas e o coração acelerado.

Olhou para os dois lados, sabia que não tinha muito tempo.

Jogou a mochila para frente colocando-a pendurada em um dos ombros. Silenciosamente abriu-a e de lá tirou uma folha de papel dobrada ao meio.

Fitou o papel e o armário.

Respirou fundo.

Seu estômago em queda livre.

Um arrepio pelo corpo.

Seus braços se ergueram para pôr a carta em uma das três aberturas do armário. E um estalo dentro dela, algo se partindo a fez recuar. Empressou a carta contra o peito como se as palavras que ela tinha escrito ali entrassem em seu coração e o papel voltasse a ser branco novamente.

"Eu não posso...", falou entre sussurro.

Deu dois passos para trás e avistou um lixo. Rasgou a carta em vários pedaços e os jogou fora. Arrumou a mochila e viu no seu relógio de pulso que estava um pouco atrasada para a aula de História. Fez o trajeto em direção a sua sala sem olhar para trás.

Marceline, as coisas nunca mais foram as mesmas desde que foi embora. Não te ter por perto machuca, mas talvez, te ter longe seja melhor. Eu te vejo com seus amigos e acho que está seguindo em frente. Para mim talvez leve um pouco mais de tempo pois ainda guardo na minha galeria prints de todas as coisas bonitas que você já me disse. Não quero me desfazer deles tão cedo. E eu continuo te escrevendo cartas porque nunca estive tão apaixonada por alguém quanto estive por você. Entretanto, você faz parecer que nunca valeu a pena o risco, nunca valeu a pena as noites em claro, nunca valeu a pena colocar todo meu coração nisso. Não vou tentar justificar meus erros nem colocarei a culpa nos fantasmas do passado, só quero que saiba que mesmo que não lembre mais meu nome eu continuo amando você.


Boni




"Eu podia te seguir até o início, só para revivermos o começo. Talvez então nos lembrassemos de ir devagar em todas nossas partes favoritas"

- Paramore

Bubbline: 10 Coisas Que Eu Odeio Em VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora