Fugitivos Por Amor

Capítulo 1

"Você poderia ao menos me ouvir sem revirar os malditos olhos?" questiona Kenny irritado.

Foi a primeira e última coisa que queria ouvir hoje. Eu não estava nem um pouco afim de mais uma discussão bem acalorada com o meu tio tão cedo, mas, pelo visto, ele não pensava da mesma forma que eu.

"Isso depende do grau de absurdo que você vai falar." falo normalmente enquanto colocava o meu avental, me virando para pegar a bandeja com copos para colocá-la no balcão.

"Levi, você já está na idade de se casar com um jovem alfa rico. Você entende isso, então não se faça de idiota."

"Jovem alfa rico... Você quer dizer o senhor sobrancelhudo Smith?" questionei ao me virar para encará-lo.

"Mais respeito com o filho do coronel, seu anão."

"Ai, que medo!" Zombo e ele revira os olhos.

"Isso é para o seu bem, Levi."

"Não, não é. É para o bem de seu bolso, Kenny. E antes que fale alguma outra besteira desse tipo, você já sabe que eu escolho o Eren."

"O viajante? O que esse bastardo pode te oferecer? Nada!"

"A liberdade." respondo irritado

"Liberdade? Sério? Desde que começou a conversar com esse alfa você têm se tornado estranho."

"Eu não me tornei estranho. Eu apenas conheci alguém que me entende, e muito bem por sinal." reviro os olhos pela sua reação exagerada.

"Um viajante não têm casa própria, não têm dinheiro, não tem nada! Como acha que vai sobreviver com ele? Morrendo de fome? E se engravidar? Adivinha... Vai acontecer o mesmo que aconteceu com sua Mãe. E dessa vez, sem 'Tio Kenny' para salvar outro pirralho à beira da morte."

Ao ouvir isso, o encarei irritado, não recuando com o seu olhar mortal. "Calado." rosno

"Está irritado porque estou falando a verdade, Levi. Se acha que apenas os seus serviços em meu bar vai pagar o preço de ter gastado o meu tempo criando você, está muito enganado! Acho melhor você começar a aceitar o seu lugar na dinâmica e abrir as porra de suas pernas para algum alfa rico."

"Tá!" Falo no mesmo tom dele, ouvindo-o rosnar de uma forma que me fez recuar. "Tsk."

Sabendo que eu não poderia fazer mais nada caso ele continuasse daquele jeito, dei as costas para ele e saí da cozinha, fingindo conferir se as mesas estavam certamente limpas.

Seria hoje que o Eren voltaria de seu assalto a cidade vizinha? Ou ele esperaria a poeira abaixar para voltar aqui novamente?

"Tsk."

Sinceramente, eu odeio me preocupar tanto assim, mas o que posso fazer? Desde que conheci aquele maldito, ele me mostrou um ponto de vista diferente para o mundo. Me ensinando que nem tudo era só flertar com os clientes para atraí-los pro bar. Ao contrário de todos, ele foi o único que me respeitou por ser um omega. Me tratando como igual e não como inferior a ele. Então não foi uma surpresa quando começamos a nos encontrar toda vez que meu turno acabava.

Com cada encontro nosso, mais fascinado eu ficava com ele. Com cada história de suas viagens, da sua luta diária para conhecer lugares novos, de como ele queria ver o mar... Cada vez eu me via perdido no meio de sua densidade. Ele parecia saber, pensar e querer tantas coisas... Enquanto eu era apenas um omega qualquer que trabalhava no bar do tio que o salvou em sua infância de uma possível morte. Sem imaginação, sem histórias para contar, sem nada de interessante na verdade. Mas sempre que eu dizia isso, ele apenas sorria e dizia que ainda sim eu era um homem interessante. E aquilo havia sido o primeiro elogio gentil que eu havia recebido durante a minha vida inteira.