Capítulo 2

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  - Levi -

Continuo em silêncio enquanto ouvia ele colocar seu cinto de volta no lugar, lutando contra a vontade de chorar que só crescia pelo ardor em minhas costas, que, por alto, já sabia que ficariam roxas novamente.

"Vamos ver quem irá me desobedecer agora." disse antes de respirar fundo e cruzar os braços, "Não seria bem mais fácil se me escutasse?"

Engulo em seco, mantendo minha respiração regularizada apesar da forte dor em minhas costas. "Vá se foder... Kenny."

"Tsk. Sua teimosia enche meu saco." Após ter dito isso, ele deu um forte chute em minha costela, me fazendo ir contra o chão. 

Por causa da forte pancada, minha respiração se tornou desregulada, logo me dando uma crise forte de tosse. Mas nem isso o parou, já que pouco tempo depois me puxou pelo cabelo e deu um forte murro em minha boca, deixando-me cair de vez no chão enquanto cospia sangue.

"Bem, acho que estamos conversados por hora. Certo, Levi?" riu ao limpar suas mãos, "Vai dormir sem comida hoje. Tenha uma boa tarde."

Logo depois, ele deu as costas para mim e saiu sem dar a mínima, trancando a porta por fora quando saiu.

Ao ouvir o som da tranca, franzi o cenho e tentei me levantar, gemendo de dor com cada movimento que eu dava. Olhando ao redor, segurei na madeira da cama para me manter em pé, tentando me equilibrar sozinho antes de ir até a porta.

"Kenny?! Abra a porta! Você não pode me manter preso, Kenny!" gritei ao tentar abrí-la, choramingando baixinho quando nada aconteceu. "Kenny!"

Só quando senti a primeira lágrima escorrer, foi quando parei de gritar. Me afastando da porta, enxuguei meu rosto rapidamente. Eu nunca fui de chorar, e não será hoje que isso mudará.

Esquecendo da dor pela raiva, fui até meu guarda roupa e peguei uma velha bolsa que tinha, jogando-a na cama antes de retirar alguns pares de roupas boas que eu tinha. Com elas em mão, fui até a cama e as dobrei para que coubesse todas na bolsa, suspirando de alívio quando consegui o que queria.

Depois de ter organizado minhas coisas na bolsa, fui até o banheiro na intenção de cortar meu cabelo, para não haver um caso de alguém me reconhecer quando estivermos longe daqui. Quando parei em frente ao pequeno espelho, peguei minha velha tesoura e soltei meu cabelo do coque, vendo-o cair sobre meus ombros. Franzindo o cenho ao lembrar que meu tio não deixava cortá-lo para facilitar nos flertes com os clientes.

Sem perder tempo algum, passei a tesoura sem sequer pensar duas vezes, amando a sensação de leveza que estava sentindo. Mas, por não saber cortar, saiu um pouco troncho mas não me importei.

Após ter terminado de cortá-lo, joguei-a na cama e retirei minhas roupas, indo até o grande balde no banheiro para tomar banho, pegando um pequeno balde para tirar água antes de jogá-lo de uma vez em mim, sentindo minhas costas arderem em contato com a água gelada ao mesmo tempo em que alguns fios de cabelos saiam de mim.

Respirando fundo, deixando com que o balde caísse de volta no tambor. Suspirei ao fechar os olhos, passando a mão pelo meu cabelo, colocando-o todo para trás, estranhando um pouco pelo tamanho novo. Pegando o balde novamente, joguei a água mais uma vez sobre mim, sentindo meu coração bater acelerado conforme percebia que logo sairia desse inferno de vez.

Deixando o balde cair no chão, peguei a toalha para me enxugar, tomando bastante cuidado com minhas costas sensíveis. Após ter terminado, saí do banheiro para vestir
alguma roupa enquanto enxugava meus cabelos.

Vestindo minha cueca e calça, peguei uma blusa preta de mangas longas, colocando o espartilho logo depois por cima dela. Já vestido, deixei com que a toalha caísse no chão ao parar em frente ao pequeno espelho da penteadeira, respirando fundo ao ver que meus olhos estavam avermelhados pelas lágrimas não derramadas.

Fugitivos Por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora