Capítulo 4 - De volta a São Francisco

148 9 2
                                    

Estava sentada naquela mesa de lanchonete enquanto as meninas andavam até o balcão para comprar comida. Uma mulher que estava lendo do meu lado parou e me analisou por alguns segundos. Até que ela fechou o livro e o colocou na bolsa.

- Sua mãe está orgulhosa de você.

- Como? - Perguntei.

- Sou do recanto. Tenho contato com ela.

Eu já tinha ido para o recanto um dia. Quando desmaiei e pensei que tinha morrido, fui para um lugar onde todas as almas dos mortos estavam conectadas. Eu não consegui falar com minha mãe, já que ela ainda tinha uma missão para concluir na terra.

- Então quer dizer que ela saiu da cápsula?

- Sim. Logo quando você descobriu quem a matou, ela saiu completando sua missão.

- Então você não existe?

- Na terra? Não.

Olhei para frente, e ninguém ainda tinha reparado que eu estava falando sozinha.

- Eu estou preocupada.

- Eu sei. - Ela disse dando um pequeno sorriso. - Mas não se preocupe... O que for para ser. Será! Não fique tensa para o que vai acontecer ou o que aconteceu apenas aceite que para tudo tem um fim.

- Espere... - Eu disse fazendo ela se virar para mim. - Se eu estou vendo você é porque minhas visões voltaram?

Ela virou de volta para frente e tirou o cabelo da sua face. Mostrou-me uma cara desagradável de quem não queria tocar naquele assunto.

- É que...

- Me fale. Não tem importância.

- Depois que vocês se separaram... - Ela respirou. – Vocês sabem que eram como uma corrente enquanto estavam juntas, depois do que acontecera com Alia... O recanto não é mais o mesmo, aquilo está ficando um verdadeiro caos.

- Fazendo com que nós ficamos vulneráveis aos fantasmas...

Abaixei minha cabeça e cruzei uma mão na outra mostrando tensão. Olhei para frente de volta, observando aqueles carros entrando no posto e as meninas de longe trazendo a comida.

- Onde estava a mulher com quem você conversava? - Sunny disse quando chegou perto.

Olhei para o lado e a mulher tinha sumido, nem eu percebera que ela tinha desaparecido tão rápido.

- Sua casa fica muito longe daqui? - Perguntei.

- Não. Fica perto da estação de trem.

Chegamos à casa da Katharine, onde era perto da estação de trem. Havia apenas um pequeno espaço entre a sua casa e os trilhos. Toda vez que um trem passava por ali, sentíamos como se ele estivesse passando a um centímetro de nós.

Todas estavam dormindo na sala, estavam tão cansadas que caíram em sono sem ao menos ir para as camas do primeiro andar. Abaixei minha cabeça quando vi um vulto. Permaneci com minha cabeça ereta mais uma vez, e então pude ver que alguém estava nos observando. Várias sombras reluziam na janela que estava a minha frente, ou algumas pessoas estavam lá fora nos espiando ou acontecia uma festa em cima dos trilhos.

- O que está acontecendo aqui? - Disse e corri até o sofá onde a Sunny estava.

A Sunny estava cochilando quando toquei em seu ombro a fazendo levar um susto.

- Sunny. Acho que alguém está nos espionando.

- Como você sabe disso? - Disse ela ainda sonolenta.

A SimetriaOnde histórias criam vida. Descubra agora