A tinta preta

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((Continuação do Livro, A estadia).

Estava me preparando para voltar das férias, da minha faculdade de Química. A chuva caía lá fora e minha enxaqueca já estava voltando, a última aspirina não adiantou. Meu café tinha derramado no meu relatório e eu estava irritada.

Essas férias não foram nada legais. Tive que cuidar da Emmy em dobro, já que ela não queria sair do Havaí. Voltei para minha cidade natal depois de alguns ocorridos que aconteceram em Manhattan, não preciso citar que nesses "ocorridos" assassinatos aconteceram, mas já citando... Não sei como, mas a Emmy sabe de todos eles.

Ela não era nascida na época que eu estava atrás dos assassinos da minha mãe. Mas de um modo ou de outro, ela sabe de tudo que aconteceu. Já se passaram quatro anos e eu não consigo esquecer as visões, dos meus flashbacks e das minhas amigas. Ela perguntara também sobre a Sunny, minha única amiga viva, porém nunca contei sobre a existência dela.

Levantei-me da mesa colocando todos os papeis na minha pasta e andei até a cozinha. Peguei a aspirina no armário e um copo de água na geladeira. Coloquei os dois rapidamente na minha boca e os engoli, garganta a baixo.

Estava lavando o rosto na pia da cozinha quando escutei um ruído detrás do armário onde guardo meus medicamentos. Assustei-me, mas não me preocupei, achando que era só um rato, mas na verdade não era.

Algo preto, parecendo uma gosma, estava vazando como se fosse uma infiltração para baixo do armário, pingando em cima dos talheres. Coloquei minha mão na gosma e ela era gelada. Aquilo tinha um cheiro horrível de fumaça. Comecei a tossir, mas não havia fumaça no local, olhei para trás e as portas da varanda estavam abertas. Não posso dizer se a chuva abriu, mas eu a tinha fechado de chave.

O líquido estava jorrando e passando pelos meus pés quando me lembrei da minha filha. A Emmy já tinha ido dormi, então corri para o seu quarto. Escorreguei nas escadas, devido a meus pés melados.

Quando cheguei ao quarto estava tudo no seu devido lugar. A não ser a tinta preta aberta e derramada pelo tapete marrom que tinha no quarto. Vários desenhos estavam no chão e a Emmy estava deitada normalmente na cama.

Andei até os desenhos e peguei um que não tinha sido atingido pela tinta preta. Estava desenhada uma boneca com o meu nome, Kyle, e uma mancha preta em cima do rosto da boneca que continha o nome da Emmy.

Não sei o que a mancha representava. Também não sei por que senti cheiro de fumaça na tinta que caía na cozinha. Só sei que coisa boa não era, e fui dormir com medo de ter mais um sonho estranho que nem eu tinha há quatro anos. Eu estava com medo e com frio, numa casa vazia e com uma criança suja de tinta preta.


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