❈ twenty three ❈

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virginia brooke

Fui até o vestiário feminino, onde muitas garotas já papeavam enquanto colocavam os uniformes de educação física.

Já conhecia os passos do teste. Ficaríamos em grupo e seríamos dispensadas na medida que não acompanhássemos os passos pedidos.

Dançar não era minha maior preocupação, já que como a grande parte das garotinhas, eu fui para o ballet aos cinco anos de idade e permaneci até os dez.

É óbvio que não retornei à prática, mas todas aquelas aulas me mostraram o quanto eu amo dançar e aprimoraram meus movimentos.

Quando disse a Carpenter que ensaiei as coreografias da Rihanna durante as férias no primeiro dia de aula, eu não estava brincando.

Tirei as roupas que estava usando e coloquei minhas roupas de ginástica, deixando as peças anteriores dentro do armário.

— A treinadora está chamando — Alguém disse.

O grupo de pelo menos trinta garotas e eu nos dirigimos ao ginásio.

A treinadora Lopez, uma mexicana alta e esbelta de pelo menos quarenta e poucos anos, estava parada no centro da quadra, com uma prancheta nas mãos.

Lopez tinha a fama de ser muito brava e exigente com suas líderes e talvez, passar pelas seletivas dela fosse a coisa que mais me trazia pavor — além dos olhos verdes e ferozes de Dionne, que já estavam grudados em mim assim que adentrei o ginásio.

A mexicana ficou à frente do grupo, encarando cada uma de nós com feições duras e disse:

— Como vocês já sabem eu sou a treinadora Lopez. Sou exigente. Detesto atrasos, erros idiotas e homens... —Revirou os olhos, como se falar de homens fosse algo realmente muito estressante. Reiniciou:

— O teste funciona da seguinte maneira: a capitã e mais duas outras líderes, farão movimentos e já que, uma líder que se prese, consegue pegar os passos rapidamente, vocês terão que copiar. A cada eliminada, as quais eu mesma dispensarei, os passos vão ficando mais difíceis, e restaram apenas cinco vagas para as torcidas desse ano — Encarou cada uma de nós com seus olhos castanhos e ferozes. — Comecem logo!

Dionne e mais duas outras líderes ficaram de frente para nós.

— Vamos começar no três, se não nos acompanharem, fora! — A capitã disse, concentrando os olhos em mim ao dizer a última palavra.

As três viraram-se de costas para nós e ambas começaram alguns passos com as mãos e pés.

A treinadora passou por entre cada uma de nós. Chegou a analisar bem os meus movimentos mas dispensou duas garotas, uma ao meu lado direito e outra ao esquerdo.

Seguimos mais movimentos direcionados pela garota e cada vez, mais garotas foram dispensadas.

Eu não deixava de pensar que a qualquer momento eu poderia ser dispensada mas me concentrei nos movimentos que estava efetuando.

O suor descia pelo meu pescoço mas pelo menos, a concorrência reduziu-se a sete garotas além de mim.

De repente, os passos da capitã se tornaram mais sensuais, o que realmente fazia parte da maioria das coreografias das líderes.

Isso me deixou desconfortável porque eu não estava acostumada a rebolar fora do meu quarto, mesmo minha melhor amiga dizendo que eu sou boa nisso.

Se eu queria me tornar uma líder de torcida, precisava realizar movimentos mais sensuais, querendo ou não, e isso não me fazia menos ou mais, hum, eu.

Os repeti sem nenhuma hesitação.

Logo, vi o segundo sentido nos movimentos feitos por Dionne.

Alguns caras do time tinham invadido o ginásio, dentre eles, Cameron. Estavam atrás da arquibancada falando algo uns com os outros.

Senti um pouco de vergonha por Cameron me ver "sensualizando" mas logo afastei essa ideia, pois provavelmente ele, e mais todos da Liberty me veriam dançando e eu não poderia me envergonhar disso.

Paramos com os exercícios e imediatamente, me sentei no chão do ginásio devido ao cansaço. As demais fizeram o mesmo.

Uma garota baixinha, que supus ser a faz-tudo do time nos entregou água enquanto Lopez iniciou uma fala.

— Quem eu apontar o dedo, está fora. Infelizmente, não sou do tipo que deseja boas-vindas, espero que as Tai Leaders cuidem dessa parte.

Cruzei os dedos e olhei para Cameron, que mantinha os olhos em mim com um sorriso nos lábios. Coloquei um sorriso nos lábios.

De repente, me peguei perguntando o porquê de Grier não estar com eles já que também era do time.

Tão de repente quanto o meu pensamento, percebi que haviam apenas quatro garotas além de mim, o que significa que, meu Deus, eu estava na torcida!

Levantei-me e encarei minhas novas companheiras de equipe. Mesmo estando muito suadas e não nos conhecendo, nos abraçamos e rimos.

Os garotos invadiram a quadra e imediatamente Cameron veio até mim e os restos dos jogadores foram até alguma das garotas.

— Parabéns! — Cameron disse sorrindo.

— Hum, obrigada! — disse, sorrindo de volta.

Comecei a encarar aqueles lábios, como nunca tinha encarado antes e o moreno também começou a encarar os meus.

Aquele era o momento, eu podia sentir isso.

virgin mouth | old magconOnde histórias criam vida. Descubra agora