– Que?
Todos me encaravam como se eu tivesse acabado de fazer a pior piada do mundo. Daquelas beeem pesadas. Nível humor negro.
A mais terrivelmente horrível.
Estávamos parados do lado de fora da escola. A última aula já havia acabado e todos os alunos já estavam indo embora para se preparar para pedir doces ou ir para alguma festa mais tarde.
– Você não está falando sério, né? – Emily perguntou com a testa franzida enquanto comia uma jujuba de um pacotinho que havia trazido de casa.
– Pessoal, é Halloween. – falei para todos. – E qual seria a coisa mais assustadora a se fazer do que passar a noite mais assustadora no lugar mais assustador da cidade?
– Eu não sei se percebeu, mas aquela casa está caindo aos pedaços. – Axel comentou.
– Se aquele lugar aguentou oito décadas, ele aguenta uma noite com cinco adolescentes. – bufei. – Além do mais, vai ser divertido. A gente pode contar umas histórias de terror e se entupir de doces.
– Eu gostei da ideia. – Dannell sorriu. – Vocês vão se fantasiar de que?
– Desculpa, mas essa vergonha eu não passo. – Axel respondeu.
– Vou de Tomie. – Emily respondeu.
– Quem?
– Tomie? Junji Ito? Um dos clássicos do horror japonês?
Axel franziu a testa de um jeito estranho.
– É claro que você não sabe. – Ela suspirou. – De qualquer forma, fica aí a recomendação de leitura.
– Vou ser o Jason mais bonito que vocês já viram na vida. – sorri enquanto passava a mão pelos cabelos.
– Vou de uma coisa mais clássica esse ano. Não tive tempo de planejar muito, então vou pegar algumas coisas do meu guarda roupa e tentar ir de bruxa. – Danni riu e olhou para Axel.
– O que?
– Vai se fantasiar de que?
– Eu não vou me fantasiar, eu já falei.
– Para com isso, aquela sua fantasia de Freddy Krueger do ano passado ficou legal. – Castiel comentou enquanto se aproximava da gente com sua mochila nas costas, usando um pijama e segurando um travesseiro. – Porque não usa ela de novo?
Axel franziu a testa.
– Bom, eu quero ir de sobrevivente de apocalipse zumbi. Nos vamos para onde mesmo?
– Para a mansão. – Emily respondeu.
– Aquela mansão? Aquele lugar que está, tipo, caindo aos pedaços?
– Sim.
– Demais!
– A propósito, adorei sua fantasia. Combina bastante com você. – ri, aquela era uma verdade incontestável.
Castiel tinha a incrível capacidade de dormir em qualquer lugar. Chegava até a ser invejável como seu sono conseguia ser pesado algumas vezes. E a julgar pela quantidade de gente que parava para tirar foto do garoto de pijama na escola, aquela com certeza foi a fantasia mais criativa do dia.
– Eu sei. – ele estufou o peito, sorrindo de orelha a orelha. – Me esforcei ao máximo para ser o melhor desse ano.
– É sério que eu sou o único aqui preocupado? Tem uma placa enorme que a prefeitura colocou lá! – Axel nos olhou como se estivéssemos decidindo qual o melhor horário para roubar os doces das crianças e de bônus chutar umas velhinhas.
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Fronteiras
FantasyPassar a noite mais assustadora do ano, no lugar mais assustador da cidade. O que poderia dar errado? Era para ser uma simples brincadeira de Halloween: ir para uma casa abandonada a noite e ficar comendo doces enquanto contavam histórias de terror.