– Anda logo. – um garoto loiro falou enquanto me empurrava por cima da porta de entrada que estava jogada no chão.
– Então, – o líder, Carter, pelo que eu havia descoberto, começou a falar. – quero que saiba que não tenho absolutamente nada contra você. É só que eu acredito que todo o novato deveria saber se colocar no seu lugar. Essa cidade é minha e você não passa de um qualquer.
No mesmo instante, senti uma dor forte do lado esquerdo do rosto. Ele havia me acertado um soco que com certeza deixaria uma marca.
– E eu não gostei do como você me fez passar vergonha na frente de toda escola quando me fez tropeçar!
– Eu estava amarrando o cadarço, cara. Não tenho culpa se você não olha por onde anda. – respondi.
Mais um soco.
Era isso. Eu estava de saco cheiro.
Meus pais sempre me ensinaram que eu não deveria responder violência com mais violência. Mas aquilo já era o suficiente para mim. Se eu fosse apanhar ali por um motivo besta e por uma pessoa com o ego do tamanho do sol, eu preferia pelo menos apanhar batendo.
Antes que qualquer um deles pudesse reagir, parti para cima do líder, acertando um soco forte bem no seu queixo.
No mesmo segundo ele caiu no chão. Um dos amigos dele veio para cima de mim, agarrando meus braços de uma forma que eu não conseguisse me soltar.
O terceiro me deu um soco no estômago, mas com a adrenalina que estava percorrendo pelo meu corpo, tudo que consegui pensar foi em jogar o garoto que segurava contra a janela, fazendo com que suas costas quebrasse o vidro frágil com o impacto.
E urrou de dor e me largou no mesmo instante. Quase pensei que estivesse me saindo bem, até sentir um chute nas costas que fez cair para frente. Era o terceiro garoto.
Ele veio para cima de mim, tentando socar meu rosto mas algo parou ele.
– Que porra...?
Ele se afastou de mim, seus olhos arregalados encarando alguma coisa atrás de mim.
Instintivamente virei a cabeça, localizando uma figura no final do corredor. Era um homem alto, suas roupas estavam sujas e meio rasgadas, e ele usava uma máscara do Jason suja de sangue realista demais para ser daquelas vagabundas vendidas em qualquer lojinha. Na sua mão esquerda estava um taco de baseball sujo.
Merda.
– Escuta aqui, cara, é melhor você vazar daqui! – meu agressor berrou. – Ou você está afim de levar uma surra também?
A figura apenas pendeu a cabeça para o lado, e devo admitir que seu silêncio estava me deixando confortável.
Na verdade, eu nem esperava que alguém estivesse aqui. Afinal o grupinho do Carter passou o caminho todo até a casa falando sobre como aquele lugar estava abandonado e que ninguém iria "nos interromper".
– Ei. – o garoto que eu havia acertado contra a janela, agora de pé, apontou para o corredor oposto, onde havia mais duas outras pessoas mascaradas. Uma delas segurava um cutelo sujo de sangue.
No mesmo segundo que os dois apareceram, um barulho alto foi ouvido do segundo andar, seguido por um grito estridente que me fez pular de onde estava.
E então os gritos começaram a se misturam com o barulho de baques altos, coisas se arrastado e alguma coisa se quebrando. Até que parou subitamente.
– Que merda está acontecendo aqui? – Carter se juntou aos amigos, segurando o queixo dolorido. – Que porra é essa?
De cima da escada, uma figura de preto veio se arrastando em nossa direção, se contorcendo de uma forma horrorosa.
– Me... Me ajuda! – A figura implorou. – Por favor, me ajuda!
Nesse momento, uma outra pessoa apareceu no topo da escada. Ela puxou a figura jogada no chão pelo pescoço e começou a arrasta-lá para o lado oposto. Gritos desesperados ecoaram por toda a mansão.
Engoli em seco. Um frio estrondoso percorria minha espinha.
Senti vontade de correr, mas minhas pernas estavam travadas. Olhei para os lados procurando as figuras mascaradas. Ainda estava lá. E então teve outro barulho de algo se quebrando, os gritos cessaram e eles começaram a correr em nossa direção.
Todos gritamos.
Carter e seus amigos saíram correndo pela porta, e eu tentei fazer o mesmo, mas uma mão segurou meu braço com força.
Meu Deus, eu iria morrer ali.
Gritei por socorro, mas o grupinho de Carter se limitou a me olhar assustado e continuar fugindo. Desgraçados.
Tentei me debater para tentar escapar mas logo ouvi uma voz:
– Ei! Ei, ei, ei, ei! Calma, cara! A gente não vai te machucar!
Olhei assustado para o dono da voz, era o cara vestido de Jason. Ele retirou a máscara e senti meu queixo cair.
Era só um adolescente, cabelos negros com mexas brancas, olhos cinza e alargadores.
As duas outras figuras também removeram suas máscaras, também adolescentes. Um deles era loiro de olhos castanhos e o outro tinha cabelos e olhos escuros.
Me senti um idiota.
– A gente ia te ajudar quando vimos o grupo do Carter, mas sinceramente, – o garoto de alargador riu. - você deu uma bela surra neles, até cheguei a achar que quem precisava de ajuda eram eles. Você luta, é?
– Eu fiz parte do clube de boxe por um tempo na minha antiga escola.
– Cara, você arrebentou eles. – o garoto loiro disse. – Foi demais.
– Meu nome é Noah. – o garoto do alargador estendeu a mão para mim e eu apertei. – O zumbi se chama Castiel e esse Krueger emburrado é o Axel. E você é o garoto transferido, certo?
– Arthur. Obrigada por me ajudarem.
– A gente viu o Carter tropeçar em você naquele dia. Que belo primeiro dia de aula, hein?
– Aquele idiota é sempre assim?
– Quase, se não dizendo, sempre. Ele acha que o mundo gira em torno daquele umbigo magrelo. – o garoto Krueger disse e o loiro riu.
– Viu a cara de assustado dele?
– Um covarde total.
Olhei para o grupo. Todos rindo como se fossem amigos há séculos.
– O que vocês estão fazendo aqui? – perguntei. – Não deveria ter ninguém aqui.
– Ah, a gente resolveu usar esse lugar para contar umas histórias assustadoras hoje. Estávamos procurando o porão quando vimos você. – o loiro, Castiel, respondeu. – Quer se juntar a gente? Vai ser divertido, a gente pegou um monte de doces no caminho.
Sorri, a proposta parecia divertida, mas acho que já havia tido demais por uma noite. Queria apenas voltar para casa e ficar fazendo companhia para a minha avó. Estava a ponto de recusar quando a garoto loiro falou primeiro:
– Gente... Cadê as meninas?
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Fronteiras
FantasyPassar a noite mais assustadora do ano, no lugar mais assustador da cidade. O que poderia dar errado? Era para ser uma simples brincadeira de Halloween: ir para uma casa abandonada a noite e ficar comendo doces enquanto contavam histórias de terror.