Capítulo 7 - Sem Sentido

1.2K 98 67
                                    

Tic.


Tac.

Hoje esse é o único barulho que ouço com o silêncio presente na sala desde que voltamos do intervalo. Claro Marceline, estamos fazendo uma prova. Burra.

Não estou levando esse pedaço de papel muito a sério. Sei que ela só está sendo passada para a professora ter uma noção do que a gente sabe e não sabe, ou seja: não perco nota mas também não ganho. Olho em volta e todos estão concentrados como se fosse a prova mais difícil do mundo, menos Bonnie. Ela escorrega a caneta pela folha com facilidade como se estivesse desenhando, mas, não está. Observando mais um pouco, percebo que ela olha pro relógio várias vezes como se estivesse paquerando com o tempo.

Por que está tão ansiosa?

A aula finalmente acaba e todos saem comentando entre si sobre as alternativas que colocaram na prova, clássico, eu faria o mesmo.

Passando pela porta que acabava no pátio em frente à escola,  ouço alguém me chamando.

Ei Marcy! É o Finn. Ele logo se aproxima com Jake exibindo seu típico sorriso amigável.

E aí rapazes? Cumprimento casualmente. Finn me encara com olhos apreensivos mas ainda gentis.

— Sim, estou ótimo e você? Que bom. Meu dia? Lindo. Você? Precisamos convers-... — Jake adentra a conversa com pressa porém Finn o interrompe imediatamente.

Jake!

— Mals. Hehe. Ele ri brincalhão.

— Desculpa mas, do que é que vocês estão falando? Preciso ir pra casa. — Digo apertando a alça da minha mochila. Estou com frio e esqueci meu casaco então... Ficar exposta aqui fora não é a minha praia.

— Vou dar o fora. Amanhã a gente se vê. — Jake bate no peito e lança um sinal da paz com os dedos. Como se estivesse dando privacidade à nós e desaparece depois de alguns segundos.

A Bonnie está brava comigo? Finn tira minha atenção de Jake.

— Não sei. Nem falo com ela direito. Aquele dia ela estava na minha casa por causa do irmão dela, que conhece o meu. — Finn franze o cenho em confusão. — Louco né? Tento desconversar. Não a quero num assunto meu.

— Que concidência, legal. Desculpa te perguntar sobre isso, eu... Eu só me importo muito com ela. — Ele desvia o olhar envergonhado. — Não quero que ela fique brava comigo.

— Você só comentou que eu xinguei ela. Belo amigo que você é, há. — Fecho a cara.

— Desculpa! — Ele fica surpreso. — Não sabia que era algo privad-...

— Tô te zoando! — Gargalho por um momento com Finn rindo de si mesmo. — Tem que relaxar, Finn. — Digo ainda rindo.

— Eu deveria mesmo. Como eu sou bobo, caí facinho. — Ele sorri brevemente e em seguida olha para o relógio. — Tenho que ir antes que meus pais me matem. Amanhã a gente marca alguma coisa, até.


Finn sai acenando rapidamente e assim, começo meu caminho para casa.

Chega a ser engraçado. Mesmo que supostamente Bonnie o tenha tratado mal (que no caso fui eu), ele ainda se preocupa com ela. É lindo de se ver mas, também triste. Minha intenção era fazê-lo partir pra outra e agora vejo que não deu nem um pouco certo. Amanhã com certeza vou marcar uma saída com ele pra mandar a real. Ninguém merece sofrer por uma Bonnie.

Por quê não penso nela como Bonnibel? Chega a ser esquisito, nem somos íntimas.

Talvez seja pela razão do meu cérebro gostar de abreviar as coisas.

Meus devaneios são invadidos com um carro passando pelo meu lado, com seu motor mais barulhento que o normal.

Era o carro de Ash. Finjo que não vi e continuo andando pela minha sanidade mental pois, sinto vontade de chutar o carro dele toda vez que o vejo na rua.

Como eu agradeço por ser controlada. Às vezes.

Bonnibel

Estou com o atendente da sorveteria, no carro dele. Sou impulsiva ou aventurada?

Não sei mas, sei que não estou vegetando em casa e isso já é o suficiente. Mesmo que seja o suficiente, ir embora da escola no carro de um desconhecido não é algo rotineiro então espero de verdade que eu não morra.

Meu irmão está ciente mas pensa que vou dar uma volta com um conhecido. E eu tô num carro. Me arrependendo aos poucos enquanto olho a janela e vejo a Marceline. Ela estava indo embora a pé. Antes que eu pudesse pensar em alguma coisa Ash chama minha atenção.

— Então... — Ele limpa a garganta. — Já saiu com caras mais velhos?

— Sim. Meu irmão. — Desconverso.

— Você é engraçada. — Ele ri em descrença com a resposta. — Estamos chegando.

Estávamos a caminho de jogar boliche. Nunca joguei boliche.

Entramos no lugar e jogamos a tarde inteira. Comemos um hot dog que vendia lá e rimos de outras pessoas errando os pinos. No começo não falei muito mas me soltei aos poucos e é assim que eu gosto.

Ele foi gentil e teve paciência mesmo quando eu jogava errado umas 3 vezes seguidas. Gente paciente é uma coisa rara então foi um dia agradável e novo pra mim.

Agora estou na cama, pensando no que eu acabei de fazer. Saí com alguém que eu não conhecia e mesmo assim não fui sequestrada, um pontinho pra mim.

Apesar da gente ter passado o dia juntos, resolvi procurar as redes sociais dele e achei.

Sou boa em stalkear pessoas, FBI me contrata?

Desço até as fotos mais antigas dele e vejo os comentários. Pessoas com nomes esquisitos fazendo elogios simples. Até que um me chama a atenção.

"Marcyyy1: mt lindo, espetaculo"

Em algumas outras fotos ela comenta coisas parecidas.

É a Marceline. Entro no perfil e vejo a foto dela com baixa qualidade no topo mas nenhuma no feed. "Desativado" diz a bio. O mundo é muito pequeno mesmo.

Resolvo pesquisar o nome dela pra achar a conta ativa mas não acho nada. 

Porque ela comentaria nas fotos do atendente da sorveteria? Não faz sentido.

Amanhã perguntarei pra ela.











Nicotina - BubblineOnde histórias criam vida. Descubra agora