Capítulo 6 - Clichê

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Gumball está tentando descobrir o porquê de eu estar quieta desde que entramos no carro.
— Me diz logo o que aconteceu, Bonnie. — Exige impaciente com a atenção nas ruas.
— Finn me disse umas coisas que me deixaram meio chateada, nada demais. É só isso. — Desvio meu olhar à janela ao meu lado.
— Sei que mesmo eu querendo saber o que ele disse, você não vai me contar. Teimosa desde sempre. — Ele solta uma risada e para no momento em que me olha novamente
pelo retrovisor. — Olha, vamos na sorveteria.
Ele muda a rota do caminho de nossa casa.
— Que? Por que?
— Faz tempo que não passeamos juntos, né? E você tem que deixar de ficar com essa cara de marrenta de alguma forma.
Reviro meus olhos mesmo sabendo que no fundo eu aceitaria um sorvete sem pensar duas vezes.
Depois de um tempinho conseguimos avistar a sorveteria na esquina.
Chegamos.
— Quer sorvete de que? — Gumball me pergunta já pegando a carteira enquanto esperamos alguém vir nos atender no caixa, já que hoje a sorveteria está meio vazia.
— Quero de limão.
— Ew. — Ele enruga o nariz.
— "Ew" por que? É muito bom.
— Concordo. — Uma terceira voz desconhecida invade a conversa. — Boa tarde, bem vindos à Creamy Shop. Já decidiram seus pedidos?
Tomei um leve susto pois não tinha percebido sua presença alí. Era o atendente. Um moço de cabelos platinados, bem pálido.
— Ah sim, queremos um sorvete de chocolate e outro de limão, por favor. — Gumball lhe entrega algumas notas de dinheiro.
Depois de uns 2 minutos, recebemos o sorvete e comemos tudo.
Muito bom.
— Vou ao banheiro, já volto. — Gumball sai às pressas, presumo que ele esteve se segurando desde a casa do Marshall. Ele tem esse mal hábito.
— Ei. — Era o atendente. Ele olha pros lados e se senta no lugar do meu irmão. — Será que você poderia me passar seu número? Você parece ser interessante. Ele sorri de lado.
Tenho quase certeza que isso é proibido já que ele está em seu local de trabalho. Então resolvo dar uma desculpa.
— Não sei meu número, nunca memorizo. — Dou um sorrisinho pra convence-lô.
— Não, relaxa. Então pega o meu. — Ele me entrega um papelzinho com uma fileira de números. Ao lado estava escrito "Ash". Deve ser o nome dele. — Me manda mensagem depois.
Ele sai da mesa rapidamente para meu irmão não chegar antes.
Que cara estranho. Até parece que vou chamar ele depois. Entregar papelzinho com número é tão clichê, isso só é comum em filmes. Talvez minha vida seja um filme, quem sabe?
— E aí. Vamos embora? — Gumball tinha voltado.
— Vamos.
Saímos da sorveteria e conversamos até chegar em casa. Parece que o plano dele de melhorar meu humor deu certo.
Apesar de eu estar de bom humor, eu também estou com muito tempo livre. E sem nada pra fazer.
Não curto muito assistir televisão, só passa coisa chata. Chequei o Youtube e nenhum dos meu canais favoritos postaram algo essa semana. Chamei a Íris para sair mas ela tem compromisso hoje. Marceline passou pela minha cabeça mas daí lembrei que ela foi babaca comigo. Tem Finn mas não tenho vontade de sair com ele, e ainda por cima tivemos aquela conversa estranha.
"Onde você está?"
"Na casa da Marceline"
"Oras, que estranho, vocês são amigas? Pensei que ela não gostasse de você."
"Como assim?"
"No dia em que ela chegou na escola, ela comentou comigo que te achava idiota. Não sei se ela falou sério, mas ela é bem lega..."
"Certo, depois nos falamos"
Depois disso eu praticamente tinha desligado na cara dele. Me senti um pouco culpada mas ele deve ter entendido que eu não gostei muito daquela informação.
Acho que ela disse isso pelo fato de que quando nos conhecemos, naquele dia eu estava muito na defensiva. Sempre tento cumprir com as regras escolares, e sempre consigo. Contribuir para o grêmio é importante pra mim, e ver alguém desrespeitando as regras assim, me deixa irritada. Talvez errei em chamá-la de "burra". Queria intimidá-la de alguma forma para que ela percebesse que ela não pode fazer o que quiser, mas fiz no modo errado.
Ela também tinha desrespeitado a Íris, assim fiquei na defensiva mais ainda.
Porém quando vi Marceline chorando, resolvi deixar isso de lado, vai que tinha acontecido algo sério.
E quando cheguei na casa dela, fiquei sem pensar em nada. Foi uma surpresa pra mim.
E eu estava tentando colaborar com meu irmão então me mantive desarmada. Pelo visto, ela também.
Mas depois daquela mini-discussão eu joguei a bosta no ventilador e fui embora. Parabéns Bonnie, você é demais. Acho que eu deveria parar de pensar nisso.
Ainda continuo não tendo nada pra fazer, estou jogada na minha cama a tarde inteira olhando pro teto com meu celular na mão.
Acabei de lembrar que tenho aquele número do atendente guardado no meu bolso. Vou chamá-lo apesar de ter dito à si mesma que não iria, não tenho nada além disso pra fazer.
"Oi."
"Quem é?"
"A menina pra quem você passou seu número."
"Ah, sim! Tudo bem? Acabei de sair do trabalho"
Depois desse diálogo conversamos sobre qualquer assunto por bastante tempo, até eu ficar com sono.
"Não vou conseguir mais me manter acordada, boa noite."
"Calma! Amanhã quer dar uma volta?"
Que cara apressado. Mas não sei se amanhã tenho algo pra fazer, e ele não parece ser tão ruim assim. Não tenho interesse romântico nele, então sair até que não faria mal algum.
"Talvez."
"Vai ser legal, prometo."
"Depois da escola então."
"Eu te busco poxa. Daí a gente já sai direto. Você deve estudar em "Kingdom of Ooo" né? É a escola com mais alunos da cidade"
"Sim, isso aí."
"Amanhã saímos então, boa noite :)"
Desligo meu celular.
Marquei de sair com o cara da sorveteria.
Coisa mais aleatória que isso não tem, porém vai ser bom. Faz tempo que não saio com alguém que não seja a íris, meus amigos estudam em outra escola, a da cidade vizinha. Tive que me mudar por causa da oferta de trabalho que Gumball conseguiu.
Amanhã espero fazer uma amizade boa com esse Ash, se não eu vou ficar bolada.

Nicotina - BubblineOnde histórias criam vida. Descubra agora