Capítulo 3

2 1 0
                                    

No ano seguinte, já com 8 anos Alex entrou na escola. Em New Dawn City, após vários movimentos sociais, foi permitido que Heróis e pessoas normais estudassem nas mesmas escolas, desde que os poderes nunca fossem usados. Porem Alex não conseguia obedecer a essas regras, sempre causando dano a colegas, ou patrimônios da escola (Quebrando a mão de alguém ao cumprimentar, ou partindo uma mesa ao meio quando se empolgava e batia nela.). Essas coisas afastavam as pessoas, o que o deixou deprimido, porem ele percebeu que os heróis tinham amigos e reconhecimento pois ajudavam ao próximo, como seu pai havia falado.
Um dia andando pelo corredor, viu um garoto alto e forte intimidando outro garoto, menor e mais magro pelo fato dele estar brincando com um boneco de madeira estranho.
‒ Ei seu otario! Por que não mexe com alguém do seu tamanho? ‒ Gritou Alex.
‒ Olha só outro baixinho com poderes! Eu não tenho medo de você sua aberração, nem desse fracassado. ‒ Disse chutando o boneco do garoto para longe.
‒ Você não deveria ter feito isso... ‒ Disse o garoto sério ao ver seu boneco desmontado no chão do pátio.
‒ Por que não? Você ia dar vida pra ele me bater? ‒ Respondeu o valentão erguendo punho, porem na hora de socar, sentiu um tranco nas costas.
Alex pulou agarrando o valentão, voando com ele para o outro lado do pátio. Uma roda de pessoas se formou para ver o garoto desmaiado e Alex se levantando surpreso “Como eu fiz isso?” Se perguntou ao perceber que literalmente tinha voado pelo pátio. Após isso, Alex tomou uma suspensão de um dia, porem voltou determinado a acabar com o bullying daquela escola.
Com o passar das semanas, Alex aparecia escondido para todos os valentões da escola, mesmo que mais velhos, e usava seus poderes contra eles, como empurra-los por um corredor inteiro, prensa-los contra os armários ou soca-los no estomago com força o suficiente para faze-los vomitar. Com isso, sua popularidade aumentou drasticamente e praticamente todo mundo da escola queria ficar ao lado dele. Isso deixou Alex um tanto arrogante, pois ao ver que as pessoas caiam aos seus pés pelos seus poderes, se declarou superior a todos. Se afastou de seus pais, tornando-se solitário em casa, mas um rei na escola.
Com praticamente uma máfia formada na escola, os alunos encobertavam os atos de Alex em troca de favores e proteção. Um tempo de paz foi instaurado, porem após dois anos, Alex começou a se entediar, e castigava aqueles que não lhe obedeciam. Vendo esta mudança do amigo, Bruno, o garoto baixinho, magro e ruivo com sardinhas nas bochechas que brincava com seu boneco, quando o Alex protegeu pela primeira vez foi tentar falar com ele.
‒ Alex? Posso falar com você? ‒ Perguntou ao chegar na carteira do amigo.
‒ Bruno? Alguém mexeu com você? O que você quer?
‒ Não quero favores Alex, quero só conversar. Olha eu acho que você está se tornando um pouco metido.
‒ O que é isso? Vai querer dizer que eu to igual aos valentões?
‒ Sim, olha só, você está cercado de pessoas que fazem tudo pra você em troca de proteção.
‒ Essas pessoas são minhas amigas.
‒ Não são, elas só ficam com você porque você é poderoso, mas você não consegue enxergar isso!
‒ Acho que isso é inveja... Pode falar, você queria ter os meus poderes e ter o tanto de amigos que eu tenho! ‒ Provocou Alex
‒ Eu já tenho poderes! E só você bastava para ser meu amigo, mas pelo jeito você mudou... ‒ Disse Bruno se virando para ir embora.
‒ Dar vida a bonequinhos de madeira? Sério? Isso é estupido! Eu até te considerava amigo, mas não quero um invejoso do meu lado.
‒ Eu tentei te avisar Alex... ‒ Disse Bruno saindo tristonho da sala.
Enquanto Alex brincava e se divertia com seus inúmeros colegas, Bruno foi para o palco do pátio brincar com seus bonecos. De sua mochila, tirou uma marionete semelhante a Alex, e a que sempre carregava consigo, que era de si próprio. Ao colocar os bonecos no chão, os mesmos se levantaram sozinhos e começaram a brigar, enquanto Bruno olhava triste. Nesse instante, um grupo de crianças apareceu no palco, cercando o garoto.
‒ Nós não gostamos do jeito que você falou com o Alex! ‒ Disse uma menina.
‒ Ele é o Herói mais poderoso dessa escola, e você deveria respeita-lo ‒ Disse um garoto.
‒ Eu respeito ele, apenas não me faço de capacho, que nem vocês, que só fazem isso por que tem medo.
‒ Como ousa? Você só fala isso por que tem esse poder inútil e bizarro!
‒ Não é inútil! ‒ Bruno gritou.
‒ Então vamos ver se você consegue se defender!
As crianças começaram a pisar nos bonecos de Bruno, despedaçando-os, o garoto tentou impedir, mas foi segurado por outro menino. Desesperado gritava para pararem com aquilo, até que viu Alex passando pelo Pátio.
‒ Alex! Me ajuda! Não deixa eles fazerem isso! ‒ Gritou, porem foi ignorado propositalmente.
Após o final do ataque, arrasado, Bruno pegou os restos de suas marionetes e saiu correndo.
No dia seguinte, Alex estava em mais um dia normal, bajulado e seguido pelos demais alunos, até que recebeu uma convocação para comparecer na diretoria. De alguma forma, tudo o que Alex fizera nos últimos anos foi descoberto. Desde o espancamento de valentões, a chantagem de alunos para segui-lo e o bullying contra Bruno.
‒ Alex, você não só infringiu a condição máxima para Heróis em escolas, como usou seus poderes para fazer coisas erradas, além de encobertar tudo durante 2 anos!
‒ Mas eu estava fazendo o que era certo, punia apenas os malvados!
‒ O que você achava que era certo! E quanto aos “Malvados” você não tem autoridade, muito menos direito de persegui-los e manda-los para o hospital! Esse tipo de coisa deveria ser repassado a mim! ‒ Disse a diretora enquanto Alex escutava tudo de cara feia.
‒ Mas não fui eu que fiz aquilo com o Bruno! ‒ Protestou.
‒ Ele disse que foram seus amigos, e você não fez nada para ajudá-lo! Que tipo de Herói é esse? Você ajuda o próximo, ou quem lhe convém? ‒ Respondeu a diretora. ‒ Olha, isso deveria lhe causar uma expulsão, mas te darei uma segunda chance. Pegue essa suspensão, fique uma semana pensando no que fez.
‒ O que? Como vou contar isso para minha mãe?
‒ Você quer que eu ligue pra ela para contar pessoalmente?
‒ Não, eu mesmo falo... ‒ Disse Alex com raiva.
‒ Saia da minha sala.
Ao sair da sala, Alex andou até o fim de um corredor e socou um armário, amassando-o inteiro, além de desprende-lo da parede. Sentiu vontade de expelir todo o ódio que estava sentindo. De repente seus olhos começaram a arder, mas não era choro. Em um brilho vermelho, Alex sentiu seus glóbulos oculares queimarem e em um grito de dor misturado com ódio, soltou uma rajada de calor pelos olhos que destruiu todos os armários, parede e o teto do corredor.
Todos os alunos e professores saíram das salas assustados e viram Alex gritando no meio do corredor.
‒ Não consigo enxergar! Ta ardendo! ‒ Gritava, enquanto seus olhos ardiam em uma chama vermelha.
Rapidamente, o garoto saiu correndo, enquanto sua visão voltava, embaçada e turva. Destruiu algumas mesas do pátio e arrombou o portão da quadra com um soco. La se isolou agachado em uma pilastra, esperando o ardor nos olhos passar e sua visão voltar. Após alguns minutos, sem ninguém ter coragem para chegar perto de Alex, alguém se arriscou.
‒ Alex, você está bem? ‒ Perguntou uma voz familiar ao se aproximar e espetar algo em sua nuca.
Ao olhar pra cima e ver que se tratava de Bruno, uma raiva intensa tomou conta de Alex, que se levantou e peitou o amigo.
‒ Foi você! Você contou tudo para a diretora, e ainda vem aqui tentar me machucar! ‒ Gritou.
‒ Acalme-se, apenas fiz o que era certo! Você estava saindo fora de controle, e eu não vim te machucar...
Porém, antes de Bruno terminar de falar, Alex ergueu o punho, pronto para socar, mas na hora que ia desferir o golpe, seu braço não obedeceu, mantendo-se imóvel no ar. Ao olhar para o chão, viu que a marionete de madeira igual a ele, estava na mesma posição, com o braço erguido.
‒ O que é isso? ‒ Bradou Alex sem conseguir se mexer.
‒ Meu poder não é apenas dar vida a bonecos. Eu posso dividir a vida de alguém com eles, o que faz com que eu possa controlar a pessoa que divide a vida com ele ‒ Explicou Bruno ‒ Eu não queria te prejudicar Alex, queria te ajudar!
‒ Fazendo isso comigo? ‒ Gritou, acendendo os olhos novamente, e com uma piscada, disparou uma rajada ótica destruindo o boneco de Bruno e ficando livre.
Em seguida, segurou-o pela gola, e jogou-o até a outra extremidade da quadra. Nesse momento, a diretora apareceu, acompanhada da mãe de Alex, que o olhava com uma fúria, que ele nunca havia visto.


OPboy: AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora