Fora dos planos

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Mina não estava tão animada assim quando Chaeyoung lhe convidou para um retiro espiritual. A jovem já havia mencionado em algumas ocasiões que apesar de ter sido criada dentro da igreja, não era exatamente algo que ela gostava verdadeiramente.

E Mina não era exatamente o tipo de pessoa que poderia se dizer "baladeira" ou mesmo agitada, mas até mesmo ela não se animava com essa viagem, mas, se era o que Chaeyoung queria, então ela iria fazer de bom grado pela namorada.

Mina trajava uma calça social cinza claro, um colete azul escuro de lã por cima de uma camisa social azul clara, para contrastar, e nos pés usava um sapato preto, que ela mesma havia levado duas horas para engraxar e deixar brilhando no dia anterior.

Ela estacionou o carro logo a frente da residência da família Son. Não demorou muito para ser atendida após tocar a campainha.

A Sra. Son tinha o seu típico sorriso simpático. Ela lembrava muito Chaeyoung. Era baixa e franzina como a garota.

"Olá, Mina, bom dia, minha querida." Mina respondeu ao cumprimento sorrindo também. "Entre, fique à vontade."

"Com licença, Sra. Son." Mina adentrou então a casa que já lhe era familiar há um bom tempo. Os Son não eram ricos, mas tinham uma casa confortável e espaçosa, e sempre impecavelmente arrumada.

Assim como ela, os Son prezavam pela organização e educação. Vai ver que era por isso que Chaeyoung havia se apaixonado por ela. A psicanálise dizia que inconscientemente estamos sempre procurando pessoas que nos lembrem nossos pais, nossa zona de conforto.

Enfim, percebeu que estava pensando demais, e nem sequer havia respondido ao cumprimento do Sr. Son, que estava sentado em uma das poltronas da sala, lendo um jornal.

"Está tudo bem, Myoui? Ela sorriu com a pergunta do homem calvo e corpulento.

"Sim, senhor, me desculpe, eu só estava um pouco distraída." Ela se desculpou um tanto envergonhada.

"Sente-se, eu conheço minha filha, não acho que ela vira tão já, Chaeyoung parece uma noiva para se arrumar até para ir a esquina." Ele disse e apontou para a outra poltrona, e ali Mina se sentou. "Ontem a noite a previsão alertou sobre uma tempestade que se aproximava, tome cuidado, pista com chuva é muito mais perigosa."

"Eu também ouvi, Sr. Son, mas pelos meus cálculos, até essa tempestade chegar, já estaremos no retiro há um bom tempo." A jovem falou, confiante. Sempre sentia uma ponta de orgulho ao mostrar para o Sr. Son que era tão precavida e organizada quanto ele, portanto estava a altura para fazer Chaeyoung sua esposa.

Por incrível que pareça, naquela manhã Chaeyoung não demorou para aparecer ali, com um largo sorriso e extremamente animada. Usava um vestido rosa claro, um sapatinho com um pequeno salto branco, e tinha seus cabelos separados e presos dos dois lados da cabeça.

Mina se levantou do sofá, e a recebeu com um beijo na testa, o único lugar que seus lábios eram permitidos tocar na presença dos pais de sua namorada.

"Acho melhor irmos logo, não podemos nos atrasar, e você não precisará correr demais." Chaeyoung falou, já segurando na mão da namorada, e a guiando até a porta. O Sr. Son se levantou de onde estava.

"Espere um minuto, mocinha." O homem falou, então as duas pararam e voltaram a olhá-lo, no mesmo momento que Sra. Son apareceu na sala com um objeto em mãos.

"Chaeyoung, minha filha, você estava esquecedo o seu pen drive." Ela disse, e entregou para a garota que abriu um sorriso estranho. "Eu o encontrei debaixo de sua cama, acho que deixou cair."

"Obrigada, mãe." Ela agradeceu. "Não sei como suportaria seis horas de viagem sem ouvir os hinos que ouvimos o dia todo nessa casa."

"De nada, minha filha." A mulher falou sorrindo inocentemente. "Foi Deus quem me mandou varrer debaixo da sua cama, te livrando dessas músicas mundanas que veneram o pecado."

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