Prólogo

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Massachusetts, 1690

O vilarejo estava um verdadeiro caos. Pessoas frustradas berrando umas com as outras, acusavam qualquer um que lhes convinha, de ser um praticante de bruxaria. 

Era isso o que acontecia quando mais uma criança desaparecia, fazendo o medo se instalar em toda a cidade. Era a oitava aquele mês.

O xerife sobe no palanque, mas é ignorado por todos, até que impaciente, saca a pistola da cintura e atira para o alto.

O povo se cala. Todos querem ouvir as notícias sobre a busca na floresta, esta que poucos homens se atreviam a ir muito longe. A julgar as caras abobalhadas dos homens do xerife, eles não eram exceção – concluiu Evan, que ao lado de seus amigos, assistia a coisa toda de longe.

_Eu não disse? –Suspirou Brayan – o magrela, cruzando os braços para espantar o frio. –Eles não fazem nada. São uns imbecis! –Chuta um galho no chão, dando ênfase ao seu desgosto.

_Estão com medo! –Aplica Evan, com as mãos no bolso. –Todos sabem que não é inteligente enfrentar uma bruxa.

_Acredita mesmo nessa bobagem de bruxas, Evan? –Questiona Theo – o incrédulo.

A verdade é que nenhum deles vira uma bruxa de verdade. Tudo o que sabiam sobre elas, provinha das histórias loucas que suas mães contavam para que ficassem longe da floresta. Isso nunca funcionou, é claro.

_E o que você acha que levou a Sini, Theo?

_A mãe do Brayan, é claro! –Zomba Theo, ao que Brayan avança para enfrenta-lo.

_Gente, não vamos brigar, ok? –É Dino – o gorducha, quem interrompe. Seu papel era manter a turma unida, por isso estava sempre tentando apaguizar as discussões. Quanto problema isso já havia lhe causado!

_Seja o que for, alguma coisa está levando as crianças. –Evan volta a falar. –Nós temos que voltar! –Decidiu, tentando formular um plano.

_Voltar?! –Todos protestaram ao mesmo tempo.

Evan, você ficou louco? –Um disse. - Não podemos voltar! –Dizia outro. –Aquele lugar é amaldiçoado!

_Então vocês preferem esperar até que um dos seus irmãos sejam levados? –Cortou Evan, sem nem mesmo precisar levantar a voz.

Dino sempre se surpreendia com a calma com que Evan falava. Nem parecia que eles tinham a mesma idade, na visão dele. Evan sempre parecia ser o mais velho deles, o mais altruísta e determinado. Na visão de Theo, Evan era o mais observador de todos eles, o que fazia dele o mais inteligente do grupo, e era verdade. Apesar de longe Evan ser o mais falante, certamente era o mais educado de todos eles, e o mais esperto também, isso porque enquanto todos se davam ao luxo de ficar discutindo, Evan ficava pensando, não nos problemas, mas na solução para eles.

Talvez fosse por isso que as garotas mais velhas sempre pareciam se interessar mais por ele, que no final, já tinha muitos problemas para se preocupar com garotas. A mãe doente em casa que dependia exclusivamente dele, era uma das responsabilidades a que atendia de bom grado.

_Não posso obriga-los a ir comigo! –Diz, encarando o céu. Chuva estava por vir, isso era certo. –Hoje, às 23h na entrada para a floresta. Quem quiser se juntar a mim será bem-vindo!

Um trovão ressoa no ar.

_Eu preciso ir. –Ele diz para os amigos. –Ainda não comprei nada para o jantar e o senhor Barney vai fechar em breve. –ele se apressa. –Até!

Os meninos observam Evan correr, antes de trocar olhares entre si.

Se Dino era o apaziguador do grupo, Evan então era o líder.

A Bruxa e o GólemOnde histórias criam vida. Descubra agora