Depois da última aula nos encontramos no estacionamento. Geralmente voltava para casa a pé já que ela ficava a poucas quadras da escola, mas hoje tínhamos uma missão a cumprir. Missão "fantasia descente". E por descente, não me refiro as fantasias comportadas, mas quentes o bastante para não passarem despercebidas.
Foi Jéssica quem nos deu a carona, em seu nada discreto Jeep 4x4, o transporte perfeito para um dia ensolarado como aquele. Era bom aproveitarmos já que a previsão indicava mudanças radicais de temperatura ao cair da noite.
Visitamos loja por loja, mas as fantasias de Halloween estavam quase todas esgotadas. Só havia restado as feias e as caras.
Nossa última alternativa ficava a alguns minutos do centro, em uma loja escondida no final de um beco.
-Acham mesmo que vão encontrar algo interessante nesse muquifo? -Jess franze as sobrancelhas para o gato que escapa pela porta assim que entramos por ela, assinalando sua repulsa por tudo que não era popular em Salem, ou que poderia torna-la mais invejada e de alguma forma, mais notória.
-Não seja azeda! -Eu digo, fechando a porta atrás de mim, calando finalmente o sino que anuncia a nossa entrada.
-Sejam bem vindas! -Comprimento uma mulher de longos e encaracolados cabelos negros, da mesma cor dos olhos que se destacavam na pele branca.
Vestia uma longa saia rodada e um colar de dente de leão. Bom, na verdade, ela usava uma poção generosa de colares e pulseiras que de alguma forma, conseguiam parecer harmoniosos nela. Em mim, por exemplo, seria como carregar um chocalho no pescoço.
-Ah, é...Acho que seu gato...- Eu digo, apontando para a porta.
-Ah, não se preocupe. Ele volta! -Pisca pra mim, me medindo rapidamente antes de se voltar para as outras.
-Você tem fantasia de Halloween? -Atira Lia, com a última fagulha de esperança brilhando nos olhos.
Vou lhe falar, para uma loja de difícil localização, ela era um verdadeiro paraíso de quinquilharias. Havia de tudo um pouco: Roupas, decoração, bijuterias, antiguidades, móveis....
Mas é claro que Jéssica torceu o nariz para o lugar. Felizmente, Lia e Wendy gostavam mais de brechós do que de lojas de verdade, e eu não ficava muito fora disso.
Pagar menos da metade em uma fantasia que só usaria por um dia, era meu melhor investimento!
Lia e Wendy provavam algumas opções no provador, enquanto Jéssica vasculhava o lugar com olhos impacientes. Quase a lembrei de que fora ela quem se ofereceu para ir junto.
-Deixa eu ver o que você escolheu!
Eu estendo para ela minha nova roupa de enfermeira, e surpreendentemente, ela não fala mal da peça.
-Vai ser a melhor enfermeira vadia sexy da escola!
Balanço a cabeça, rindo.
A loja estava vazia, o que nos dava um pouco mais de liberdade para explorar o lugar, e era exatamente isso que eu estava fazendo naquele momento.
Observo uma coleção incrível de bonecas de porcelana. Eram muito engomadas e elegantes.
-Com toda certeza, essa é a última coisa que eu compraria em uma loja assim! - eu penso alto. Jéssica me encara com as sobrancelhas juntas. -Depois de Annabelle eu realmente quero ficar longe dessas coisas! -Explico, ao que ela ri.
-Se acha essas bonecas assustadoras, precisa ver o livro que eu achei!
Ela ergue um livro de capa escura, aparentemente muito velho e pesado. Com toda certeza era um livro pesado!
Jéssica o coloca sobre uma das mesas velhas que estão à venda e puxa uma cadeira. Vou até ela.
-E desde quando você curte livros?
Da de ombros.
-Desde de quando eles são de bruxaria pesada! Fala se não tem tudo a ver com o Halloween?
E pela primeira vez eu vejo minha amiga olhar para um livro com uma verdadeira e genuína curiosidade.
Eu a deixo com a leitura para ver como Wendy e Lia estão se saindo com as suas fantasias.
E realmente aquela loja era uma caixinha de surpresas. Wendy encontrou a fantasia perfeita: Uma camisola velha.
-Peter Pã? -Adivinho e ela sorri de volta.
Era a fantasia mais simples que ela poderia ter escolhido, mas merecia pontos pela criatividade.
-Tenho meias perfeitas para usar com isso. Fala se não vai ficar sexy com uma meia rendada? -Ela mostra a coxa, fazendo sinal na altura em que a meia a alcançaria.
-Muito!
Lia por outro lado, ia vestida de Lara Croft. E vou lhe dizer, havia servido como uma luva!
E por fim, gastei apenas quatro dólares com a minha fantasia. Isso era incrível! A cada centavo que economizava era um passo em direção ao meu primeiro carro. Mal podia imaginar quando estaria finalmente o dirigindo. Um carro só meu! Era como um passaporte para a liberdade. Nada de pedir carona para mamãe ou para Jess. Poderia ir para onde quisesse.
O relógio marcava vinte para as sete quando cheguei em casa. Subi para o quarto e fui direto para o banho. Minha mãe pediu comida chinesa e o Bio chegou logo depois.
Sabe, o Bio é o namorado de longa data da minha mãe. Eu gosto dele! Ele era legal e fazia ela feliz. Só não entendia por que ainda não estavam casados.
Minha mãe era corretora e foi assim que ela e Bio se conheceram. Basicamente a primeira casa que ela vendeu foi para ele. E Bio era vendedor de seguros. Vendeu o seguro da casa pra gente. E evualá! Se apaixonaram.
-Ei Zoe, surgiu uma vaga de estágio lá na agencia. Sua mãe me disse que você estava procurando um trabalho de meio período para juntar uma grana.
Eu baixo o garfo e termino de comer meu brócolis antes de falar:
-Isso seria perfeito! O que eu teria que fazer?
-Basicamente? Editar e imprimir documentos, recolher assinaturas, arquivar...Bom, a parte mais burocrática da coisa. Mas eles pagam bem e ainda terá uma boa parcela do dia livre.
Meu celular toca.
-Quando posso me apresentar?
"SOS. Me encontrem no cemitério. É uma emergência!
Agora, vadias! - Jéssica!"
Eu encaro a mensagem por algum tempo. O cemitério não ficava longe da minha casa, mas já passava das dez da noite e amanhã teríamos aula cedo.
-Passa lá na segunda. Eu te apresento ao Bob. Tenho certeza que ele vai gostar de você.
Assinto, me levantando.
-Beleza. Mãe, precisa de ajuda com os pratos?
Nega, ainda de boca cheia, fazendo sinal com a mão, me dispensando.
Eu finjo subir as escadas para o quarto antes de me mandar pela porta da frente, me limitando apenas em levar as chaves e um casaco comigo.
Que aquela não fosse mais uma das brincadeiras da Jéssica!
(Ok, ok! Eu explico! Não postei o capítulo antes porque estava me sentindo mal com, bom, com o andamento de tudo! Yes! Primeiro, o livro ainda não passou por nenhuma revisão, de modo que é bem provável que muitos errinhos passem por mim, completamente despercebidos. Segundo, costumo revisar um livro umas vinte vezes antes de publica-lo. Escrever não é um dom. Não é sobre algo inato. Leva tempo, horas de dedicação. É muito provável que na revisão muitas coisas/palavras se aperfeiçoem e o texto comece a ser delineado dentro do "esperado" de um bom livro, o que aqui, em minha visão, está ainda em fase de "construção".
Contudo, sei que tem muita gente ligado nessa estória, e esse é o único motivo de eu decidir continuar a postar os capítulos. Bom, isso, e o Halloween logo ai! Então, perdoem se o texto parecer desajeitado ou apresentar alguns errinhos de português. Não me crucifiquem, please!
É isso galerinha! Até a próxima!)
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A Bruxa e o Gólem
FantasyNa véspera de seu aniversário de dezesseis anos, Zoe Howe se deixa ser convencida por suas amigas a comemorar a data em um lugar não muito convencional, no Cemitério Santa Edivigh. É meia noite do dia das bruxas, quando guiadas por um livro velho de...