Quando a primeira expulsão acontece

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Naquela manhã de quinta-feira Safira foi acordada por sua mãe com um longo monólogo sobre como a preguiça era um pecado abominado por Deus e ela deveria levantar com mais rapidez, parar de dormir sentada na privada e pentear os cabelos ao invés de somente amassá-los com creme.

Esse monólogo conseguiu tirar a garota da cama, não porque fazia sentindo para ela, mas porque Safira não aguentava mais ouvir os termos Deus, cedo e catástrofe no mesmo discurso.

A catástrofe seria o apocalipse cristão vindo mais cedo porque talvez nem mesmo o criador aguentasse mais uma vez aquele sermão vindo de Elizabeth Larsson-Noronha, sua mãe.

Safira sempre estava atrasada, mas não era algo completamente problemático para ela. Seu exemplo favorito era Einstein e a relatividade do tempo, embora ninguém nunca conseguisse entender como ela levava essa teoria tão a sério a ponto de aplicar em todos os seus compromissos.

Então quando a menina Noronha olhou no relógio e constatou que aquela era o típico horário que a senhora Miranda entrava na sala, percebeu que mais uma vez a Teoria da relatividade do tempo tinha vencido.

Veja bem, para Safira 7:55 era cedo, enquanto para Senhora Miranda, professora de química, era tarde.

— Bom dia. — Margaret murmurou para Safira quando ela se esgueirou pela porta depois das 8 – atrasada –, recebendo uma aprovação a contragosto para entrar na sala e sentou-se na primeira cadeira porque tudo o que ela queria era se sentir menos alvo de atenção.

As pessoas que tinham a primeira aula com Safira já estavam acostumadas com seu Einstein interno, mas ainda quebrava a linha de atenção de muitos quando ela entrava no meio da aula derrubando suas coisas, batendo a porta e arrastando cadeira e mesa.

Na sua frente, repousando sobre a mesa, a sua prova de química foi responsável pela lufada de ar que soltou. Geralmente era assim que funcionava, Safira conseguia saber como as coisas correriam no resto do dia, ou talvez fossem somente seu psicológico recebendo os alertas negativos e tomando isso como regra geral para o resto das horas de uma girada perfeita de 360º.

— Dia. — Elevou um pouco a prova para que a morena conseguisse enxergar sua nota.

Uma péssima nota, vale ressaltar.

— Você nem precisa de muita nota para passar, relaxa.

— Não é só sobre passar, Marga.

A garota de trás retorceu os lábios, costumava o fazer quando Safira utilizava o apelido. A menina Noronha nunca foi muito boa com aquilo e um nome que não soava agradável no diminutivo, só a desesperava mais.

— Achei que você tivesse estudado anteontem.

— Eu tentei, mas a biblioteca estava fechada.

— A biblioteca sempre está fechada antes das 9. — Margaret sussurra como se fosse óbvio.

Parece que agora toda a rotina de Safira vai ser alterada por causa de um garoto que nem ao menos aparenta ter idade suficiente para ser bibliotecário.

— A Katherine não estava, o novo responsável pelos livros não me deixou entrar antes para estudar. — A culpa da péssima nota era completamente dele!, pensa

Safira vira para a amiga tentando conter sua revolta, provavelmente Margaret nem sabia da existência do novo bibliotecário. Seu lugar favorito da escola era outro...

— Ele foi completamente debochado. — Reclama. — E ele tem algumas tatuag... — antes que ela concluísse teve a atenção captada pela professora de química que estava bem na sua frente.

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⏰ Última atualização: Aug 14, 2019 ⏰

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Castigo Literário | Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora