1 - noah jenkins e seu maior segredo

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Era o último dia de aula do segundo ano, e Noah Jenkins estava atrasado.

Ele havia perdido tempo demais no banho e agora comia seu cereal na bancada da cozinha, o cabelo molhado pingando no uniforme ridículo enquanto ele enfiava uma colherada na boca. Blue, sua vizinha, já havia saído há mais de meia hora atrás – ele a viu empurrar a bicicleta rosa para fora de sua casa pela janela, escondido entre as persianas como um guaxinim.

Sim, ele era patético.

Afinal, era ridículo imaginar que Noah Jenkins, capitão do time de futebol, adorado por pelo menos noventa por cento das estudantes do Avenue High e anfitrião das melhores festas da cidade tivesse uma paixão irrefreada pela vizinha antissocial, que nunca havia olhado em sua direção mais do que duas vezes.

Mas ele tinha, e era extremamente constrangedor.

Ele nunca pretendeu fazer mais do que secretamente admirá-la, no entanto. Noah nunca foi o tipo de garoto que namorava ou, até onde todo mundo sabia, sequer se apaixonava, e estava contente com a sua patética vida superficial que não envolvia em praticamente nada a garota de cabelos curtos e pretos que vivia na casa ao lado.

Isso mudou quando sua irmã gêmea, Liz, mais atrasada do que ele para o último dia de aula, sentou na sua frente durante o café da manhã, os olhos castanhos diabólicos brilhando como nunca.

– Os Hughes vão viajar durante esse verão para um safári na África, ou algo do tipo. – Ela disse, animada como se estivesse ganhando algo com isso.

– Todos eles? – Noah perguntou, engolindo seu cereal, secretamente preocupado com a possibilidade de não ver Blue durante todo o verão.

Eles viviam em um condomínio de luxo ao lado da praia menos movimentada da cidade, mas até Noah sabia que os pais de Blue eram extremamente ricos, mesmo quando comparados aos vizinhos de alta classe.

A casa da esquerda era, ao mesmo tempo, um paraíso hippie e um castelo tecnológico que fazia a casa bem arquitetada dos Jenkins parecer pateticamente sem graça – o que irritava a mãe de Noah, doce e amargurada na mesma medida, mais do que qualquer coisa.

Aparentemente, o pai de Blue havia ficado rico após vender uma ideia milionária para um aplicativo de esportes, que envolvia probabilidade de jogos, economia e toda essa matemática complicada demais para alguém que não era um gênio; agora, ele e a mãe de Blue, uma mulher linda e jovial que não parecia ter quase quarenta anos, viviam em eterna lua de mel.

Eles eram o assunto da cidade quando se mudaram e, por serem inconvencionais demais para um lugar repleto de ricos entediados, continuavam sendo o ponto de atenção entre os socialites até o dia em questão.

Quando o vídeo de Blue vazou, a mãe de Noah o contou, sussurrando a fofoca durante o jantar, que eles pensaram seriamente em se mudar para outro estado – o que desesperou Noah internamente –, mas Blue se recusou, mesmo que Noah não soubesse o porquê. Aparentemente, ela queria enfrentar o problema de cabeça erguida, diferente de qualquer um que já havia pisado em Palm Vale antes.

– Não. Só os pais da garota. – Liz respondeu, trazendo Noah de volta à realidade conforme arqueava as sobrancelhas sugestivamente para ele, e o coração de Noah errou uma batida.

Ele se perguntou o que Liz queria sugerir com aquela cara de quem sabia demais, mas era impossível que Liz soubesse alguma coisa sobre a paixonite secreta de Noah, porque ele sequer já havia falado alguma coisa sobre a vizinha em voz alta. Tudo o que sentia por ela estava enterrado dentro de si, escondido entre muitas camadas de falsas aparências, e ele queria que continuasse assim.

– O que você está querendo, Liz?

Sua irmã estava aprontando alguma coisa, isso era óbvio. Ela sempre estava aprontando alguma coisa desde que eles tinham 12 anos, e desde essa época Noah não gostava de se envolver.

Verão Azul [Em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora