Verão Azul [Em revisão]

5 - blue hughes e os típicos garotos do ensino médio

Conforme fumava um cigarro contra a mureta da casa que dava vista para praia, ignorando os desconhecidos ao redor da sua piscina que antes nunca haviam olhado mais que suas vezes na sua direção e agora sorriam para ela, Blue se sentiu uma idiota.

No fim das contas, Noah Jenkins também era um adolescente previsível que, é claro, nunca iria se interessar por ela além do necessário. Isso ficou mais do que claro durante a festa, quando Nicole foi até ela e sussurrou, como se elas fossem amigas de longa data:

– Ei, Blue, se não for incomodo, pode me deixar entrar na casa por um tempinho? – Quando Blue não respondeu de imediato, a garota completou: – Preciso "conversar" com o Noah.

Ela fez aspas no ar conforme dizia a palavra conversar, para deixar bem claro do que aquilo se tratava, e sorriu simpática para Blue.

Blue não teria se importado nem um pouco em falar não para Nicole Matthews, mesmo quando ela parecia tão simpática, mas acabou entregando as chaves da porta de vidro da entrada da piscina, e recebeu um beijo na bochecha da líder de torcida em agradecimento.

Ela entregou as chaves não porque queria agradar Nicole, mas porque queria observar Noah, e ficou mais decepcionada do que imaginava quando o viu deslizar a porta de vidro e entrar na casa.

Garotos populares como Noah eram como bichos de luz, atraídos pela bunda mais redonda e garota mais superficial que pudessem encontrar, e Blue estava longe de se identificar em qualquer uma dessas categorias.

É claro, ela sabia muito bem quem era e se sentia confiante o suficiente para entender que, embora invejasse a popularidade de Nicole, jamais conseguiria se identificar minimamente com ela. Blue não queria ser alguém diferente, mas, infelizmente, isso também significava que continuaria solteira durante todo o ensino médio, porque garotos não gostavam de garotas confiantes, eles gostavam de falsa ingenuidade, insegurança e sexo fácil.

Por um momento, a festa não fez mais sentido, e Blue se perguntou o real motivo para ela ter aceito a proposta de Noah – será que ela realmente queria ficar bêbada e conversar com estranhos, ou será que ela, no fundo, queria a aprovação do garoto mais popular do Avenue High?

Seu cigarro estava pela metade e ela encarava as ondas quebrando na praia contra o escuro da noite quando Anna encostou na mureta ao seu lado, acendendo o próprio tabaco enquanto a encarava.

– Não vai aproveitar sua festa? – A menina perguntou, apontando a área cheia da piscina com a cabeça.

Anna, de certa forma, também era diferente dos garotos populares que Blue estava acostumada a conhecer: a garota loira de grandes olhos castanhos, ao contrário de todas as líderes de torcidas animadas, sempre parecia entediada com tudo. Blue gostou disso nela, porque a fazia se destacar do resto – era melhor encontrar alguém que nem sequer tentava do que alguém que tentava demais.

Blue queria comentar como ela parecia mais desligada da turma com quem geralmente andava, mas teve medo de que isso fosse intrometido demais. Então, ao invés disso, respondeu:

– Não sei se é mesmo minha. – Ela se virou e olhou para as pessoas conversando ao redor da piscina. – A maioria dessas pessoas estava rindo de mim até ontem.

Anna engoliu em seco, se sentindo culpada, e disse:

– Acho que não todos. – Ela respondeu, sucinta. – Seu ex era um babaca, e muita gente desaprovou a atitude dele... mas ninguém teve coragem de enfrentá-lo. Incluindo eu. – Ela olhou na direção de Blue. – Você não merecia ter passado por isso. Ninguém merecia. Sinto muito.

Blue sorriu, apreciando o pedido de desculpas da garota. Ela sabia que a maioria das meninas do colégio havia ficado neutra diante da situação, sem coragem para defender Blue mas também com medo de rir demais e acabar sendo uma das próximas.