A viúva cobalto

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Tudo que fazemos por amor deveria valer a pena, mas a garota vestida de azul e vermelho não via motivos para alegrar-se perante a aquele momento inexplicável. Assim que Evie saiu do seu momento de pedra ela notou que havia algo errado, algo além do que ela poderia suportar, notou que só estavam ela, Jay, Carlos e Ben na floresta, nada de Mal, nada dos piratas, a respiração falha de quem via o brilho roxo no céu em meio as copas das árvores em silêncio sem entender muito bem, mas sentindo.

O grito de Uma pareceu ecoar por toda Auradon, a imagem de Harry amaparando a pirata em seus braços enquanto Gil levava as mãos a cabeça não parecia nada positiva, em cima da torre Célia era a única figura vista por quem corria pelo jardim, com os olhos arregalados e assustada com o que via. Jay e Carlos pararam alguns metros atrás e a troca de olhares de Ben e Evie parecia apreensiva, o rei deu um passo atrás e a garota azulada o repreendeu com o olhar correndo torre a dentro, tinha algo errado com a sua Mal.

Os passos pelos degraus faziam cada vez menos sentido, pois Evie queria estar errada quanto a amiga, Jay, Carlos e Ben vinham logo atrás deixando que a filha da Rainha Má tomasse a dianteira e chegasse primeiro no topo onde encontrou duas pessoas desacordados e Célia sentada em um canto abraçando os joelhos sem muito entender. Jay e Carlos amparam Audrey desacordada ao lado do cajado de Malévola, Evie desesperada tomou a pálida Mal em seus braços antes mesmo que Ben pudesse fazer qualquer coisa a mantendo juntos do seu corpo.

— Acorda Mal, por favor. — Ela pedia ainda segurando o choro. — Eu tô aqui, tô aqui.

— Evie ... — A voz rouca de Ben já entendia tudo, a face avermelhada da mulher que amava, o nariz sangrando e a forma como, diferente de Audrey, ela não mostrava nenhum sinal. — Ela se foi.

— Não, não. — Evie repetia descompassadamente tentando se convencer do contrário. — Ela é forte, mais forte que nós.

Mas não tinha uma só coisa que Evie pudesse fazer ou que Ben pudesse, nem mesmo Hades que sentiu o exato momento em que sua filha partiu desse plano para o próximo, Mal Bertha estava morta. Mas as circunstâncias por trás da sua partida ainda eram mais nebulosas, os relatos de Audrey, que estava inconsolável e se sentindo culpada, e Célia que falava pouco, montavam o ocorrido: O cetro era uma fonte de magia maligna, ele se aproveitou das fraquezas de Audrey para influenciar a garota, Mal teve que subjulgá-lo, fazendo algo que nem mesmo Malévola ousou fazer um dia, assim a garota de cabelos roxos deu sua alma para aquietá-lo e morreu para proteger Auradon, para pagar a dívida feita com seus amigos com base em suas mentiras, ela tinha partido sabendo que fez o seu melhor, mas a dor cabia aos que ficavam.

Toda Auradon estava lá no velório de Mal, Evie ficou o tempo todo ao lado do corpo junto com Ben, Jay e Carlos se recusando a sair dali, pela primeira vez ela não estava vestida de azul, a garota abandonou suas cores e até os cabelos estavam em um tom tão opaco que nem pareciam tão azuis como sempre, ela não falava nada, apenas tomava a mão fria de Mal e se recusava a sair dali querendo que aquele pesadelo acabasse de fato, que a amiga acordasse de uma vez por todas, mas isso não aconteceu.

Como rei Ben parecia uma rocha, ele apenas alisava entre os dedos o anel que tinha dado a Mal dias antes quando a pediu em casamento, nem mesmo o seu discurso ele conseguiu fazer, nem ele e nenhum VK, cabendo a Bella e a Fada Madrinha falarem algumas palavras no mar de pessoas que passava para se despedir de Mal. Ben não aguentava aquilo, continuar a olhar e perceber que aquela garota nunca mais estaria lá, que o amor da sua vida não estaria ali amanhã, ele teve que se retirar do salão, mas não sem ser percebido por Evie que o encontrou algumas salas ao lado em prantos.

— Ben? — Evie chamou por ele e o viu limpar o rosto com pressa.

— Oi, estou aqui. — Ele não queria se mostrar daquela forma. — Não se sentiu bem e veio tomar um ar?

— Não. — Ela falou com convicção que fez Ben quase chorar novamente, pois parecia Mal falando. — Vim ver como você estava, pode chorar comigo se não quiser fazer isso sozinho, eu sempre vou estar aqui.

Ele não disse nada, apenas passou os braços em torno dela e a apertou com força chorando bastante, entre soluços que Evie nunca tinha visto antes, ele era sorridente, mas estava em pedaços, ela se permitiu abraçar ele também e chorar junto, deixar que suas mágoas fossem embora, deixar que suas dores se misturassem e sua saudades de Mal fossem amenizadas.

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