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P.O.V's Normani

Respirei fundo e guardei o celular no bolso. Estava na hora de falar tudo que tinha para falar. Mesmo sabendo que ela não queria ouvir, irei amar tudo que tenho pra falar, pois não aguento mais isso tudo entalado em minha garganta. É torturante. Dói. Existia grandes chances de Dinah estar do outro lado da porta. Mas também existem grandes chances de Dinah estar em seu quarto, me ignorando totalmente.

Vou acreditar na primeira opção.

- Dinah. Eu sei que você está aí. Eu sei que você vai me ouvir, somente por curiosidade.

Meus olhos já estavam lacrimejando.

- Mas, eu só preciso que me escute por um minuto. Me dê... - Ergui o dedo indicador, olhando para a porta, na esperança de que ela estivesse ali. - ... Uma chance... somente um minuto. Eu quero falar o que eu nunca tive coragem de falar. Coisas que estão entaladas em minha garganta. Algo meio raro, pois eu sempre sou sincera e falo tudo que penso. Você sabe disso, não sabe?

Ri fraco, olhando para meus pés, mas logo desviei o olhar para um canto qualquer.

- No dia vinte e seis de março de dois mil e cinco, eu derrubei o meu macarrão com queijo em cima da pequena garotinha dos cabelos castanhos. Essa garotinha ficou muito, muito, muito brava. Como se eu tivesse quebrado seu brinquedo favorito. - Ri fraco e suspirei. - Mas, na verdade, eu só havia feito uma mancha em sua camiseta vermelha com listras pretas. Eu lembro que... naquele exato momento, eu fiquei extremamente sem graça, não sabia o que fazer, nem lembro o porquê de ser tão desastrada. Na verdade eu lembro sim. O motivo da minha distração, foi a linda garota dos olhos castanhos, da camiseta vermelha com listras prestas e uma mancha de macarrão.

Ei abobada, abaixando minha cabeça.

- Nesse exato dia, a minha vida mudou por completo. Nós fomos chamadas na secretaria, pois você reclamou para a professora sobre isso e exigiu justiça. Não sei o porquê de levar esse tipo de coisa tão à sério. A diretora havia falado que isso não era problema. Era só colocar na máquina de lavar com um bom produto e pronto, estava tudo resolvido. - Ri. - Dias depois, você veio falar comigo. Eu fiquei tão envergonhada que aparentemente poderia explodir, de tão vermelha que estava. Eu era aquela garotinha solitária e isolada. Você era a garota amigável e alegre. Todas as professoras lhe elogiavam, todos lhe amavam. Isso me dava inveja. Causava inveja em qualquer um.

Dei de ombros e ri.

- Nós viramos amigas depois disso. Grandes amigas. Estávamos sempre juntas. Sempre unidas. Sempre falando de bobagens entre nós. Conversávamos sobre nossos desenhos animados preferidos, nossos super-heróis preferidos, nosso dia. Tudo de mais inútil. Mas, um dia, chegou um garoto bem mais velho na escola, que na sua opinião, era muito bonito. E o nome dele era Alfredo Flores. Esse foi o pior dia da minha vida. Você não queria mais saber de mim. Nossas conversas estavam baseadas em: Alfredo. Não tinha como piorar. Bom, era o que eu achava. Até você me dizer que... o amava. Mesmo sendo jovens, já entendíamos o que era amor. Amor era... o que eu sentia por você. E senti por inúmeros anos. Até que você e Alfredo começaram a namorar. Eu não podia estar pior.

Normani suspirou com a lembrança.

- Sempre sorria, para você sorrir. Sua felicidade era a minha felicidade. Eu escondi isso por muitos e muitos anos. Você sempre me contava tudo entre você e o Alfredo, me contou até mesmo a primeira vez de vocês. Eu só queria achar um prédio para me jogar naquele momento. Eu queria que... Você estivesse feliz pela nossa primeira vez, e não de vocês dois. - Ri baixo e tristonha, voltando a fitar a porta. - Eu nunca vou me arrepender de ter levado macarrão com queijo para a escola naquele dia, pois foi um simples macarrão e uma distração, que mudou a minha vida para melhor. Eu não sei como viveria sem você na minha vida, alegrando todos os meus dias, com simples sorrisos e bobagens que falamos uma para a outra. Uma vez... Eu estava muito triste. Extremamente triste. Eu tinha vontade de morrer, somente de lembrar todas as histórias que você me contava, sobre você e o Alfredo. Tudo. Tudo mesmo. Isso aconteceu ano passado, então eu ainda me recordo desta dor. Minha tristeza teve um motivo. E esse motivo foi você. Eu não entendo o porquê, pois você era a minha única felicidade.

Nudes - Norminah [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora