Cαρítuɭo V

58 11 2
                                    

  A princípio não esboço nenhuma reação, meus lábios estão imóveis, mas então ele mordisca minha boca e quebra um pouco da tensão que estou sentindo, o choque de prazer em certa parte do meu corpo me faz querer mais.
Percebo que sua boca é macia e convidativa, saboreio o gosto de uma bebiba qualquer pela primeira vez, sua língua adentra na minha boca, e correspondo, suas mãos vagueiam pelos lados do meu corpo causando arrepios, suas mãos agarram meus seios, e em seguida minha bunda de forma bruta, isso me incomoda, a realidade vem a tona, mas o quê? O que estou fazendo?

O fio de paixão e de completa loucura que me prende é rompido, e o empurro com força, ele não cede, ai nossa, como vou sair dessa?!
Ahhh já sei... aquele lugar, levanto um pouco as pernas e alcanço o ponto mágico, ouço resmungos de dor inteligíveis enquanto ele cai para o lado,  dou um salto ficando o mais distante possível desse brutamontes.

Percebo que ele se recompõe um pouco e fica sentado no chão com cara de quem está sofrendo, e ao mesmo tempo querendo entender o que está acontecendo assim como eu.

_ Mais que merda Ashley! Pensei que queria mais de mim baby. 

Fico morta com essa afirmação, Ashley? Ah minha nossa, esse cara está muito louco, pensa que eu sou outra pessoa.
Lógico que ele não estava esperando por mim.

_ Eeeeeu não sou essa tal de Ashley, meu nome é Coraline, vim fazer a limpeza na sua casa. 

Percebo que a névoa do álcool se dispersa um pouquinho, a joelhada no saco dele deve ter lhe dado um pouco de sobriedade.

_ O quê???? Garota, eu não te dei permissão de entrar no meu quarto, até parece um fantasma com todo esse cabelo branco, onde diabos está o Edgar afinal? E cadê a droga da luz desse quarto? 

_ Eeeeeu não seeei, mememe desculpe por totoda essa confusão, quando entrei já estava assim, caí em cima de você enquanto tentava chegar ao abajur. 

_ Porra menina, faz alguma coisa! Acende a droga desse abajur ou simplesmente abre as cortinas! E o quê, você é gaga? Beijei a porra de uma gaga fantasma? 

Isso me atingiu de forma certeira, é a primeira vez sou chamada de gaga, infelizmente me atrapalho com as palavras quando estou nervosa, e isso causa bastante transtorno tanto pra mim, quanto pra quem escuta minha gagueira descontrolada.
"Fantasma", essa palavra ouço com grande frequência. Por conta da cor dos meus cabelos, tornou-se meu apelido na escola, de segunda a sexta sou o fantasma dos corredores, da sala de aula, e principalmente da biblioteca.

Me enfureço com a forma que ele me chamou, a frustração que toda essa situação me trás me torna um animal enfurecido, chego a janela do quarto e puxo as cortinas de forma bruta, foda-se! Não me importo de rasgá-las.

A luminosidade entra pela vidraça, raios de sol banham todo o quarto evidenciando o caos, e no meio de tudo aquilo, há um rapaz em pé de cueca protegendo os olhos da claridade.

Subindo o olhar dos pés a cabeça vejo que tem mais de 1,80 de altura,
com uma construção magra de forma solida, tanquinho com sei lá quantos gominhos, braços bem fortes e um cheio de tatuagens, levanto minha visão mais um pouco e reparo que seu rosto está encoberto pelas mãos tentando se acostumar com a luminosidade, ao abaixar as mãos minha boca cai aberta, seu rosto é ainda mais lindo que o corpo.

Cabelo castanho desgrenhado , olhos azuis que demonstram esconder muitas coisas, e uma boca rosada em uma carranca profunda.
Ahhh, isso me faz relembrar o quanto ele é idiota, e do que ele acabou de me chamar.

_ Olha cara, eu não sou gaga okay? Apenas me atrapalho com as palavras quando estou sob pressão, e você? É sempre idiota assim, ou só as vezes? 

Percebo que ele também está me avaliando assim como fiz com ele há poucos segundos, a decepção estampada na cara dele, e o arrependimento também. 

_ Sim, eu sou idiota sempre, adoro ser idiota, principalmente com patinhos feios que nem você. 

Meus olhos enchem de lágrimas, o choque de ouvir essas palavras nem é tão grande, mas mesmo assim me machucam, a fúria de ter ouvido isso mais uma vez me deixa sem raciocínio, a raiva líquida escorre pelo meu sangue, me aproximo dele ficando na ponta dos pés e com toda a força que tenho no meu braço magricela dou um tapa na cara dele.

LUAOnde histórias criam vida. Descubra agora