Cαρítuɭo IV

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  Abro a porta do último quarto e aperto o interruptor da luz, não quer acender que maravilha, meu dia não podia ficar melhor.

  Coloco o material de limpeza no chão e apalpo o bolso de trás do short em busca do meu celular, ligo a lanterna e me arrependo imediatamente.
 
  Um tornado se concentrou nesse determinado cômodo provocando o caos, a poltrona próxima a porta está de pernas pro ar, todas as roupas e o edredom estão em um amontoado gigantesco ao lado da cama, aponto meu celular para cima e descubro o porque da tomada não estar funcionando, a lâmpada do teto desapareceu. 

  Ao continuar minha revista avisto um par de calçados femininos, e o que é aquilo?
  Limpo meus óculos e foco melhor minha visão, uma calcinha no abajur?
Só pode ser brincadeira.

  A dona desde quarto deve ser uma porca, mas como ela poderia se importar com a bagunça que faz? Não é ela quem arruma suas merdas.

  Um alerta em meu celular mostra que ficarei novamente no escuro.
Meu celular está descarregando, sabia que deveria ter colocado pra carregar caramba. Vou ter que ligar a única lâmpada disponível no momento que é a do abajur, tendo plena consciência de evitar aquela calcinha ridícula, e nossa, como vou chegar até ele com toda essa tralha na frente?

  Vou com cuidado pisando em algumas peças de roupas e no edredom caído, espero que não haja nada escondido nessa bagunça.
 
  Além da possibilidade de me machucar, posso quebrar algo. Imagine só, não tenho dinheiro para pagar uma taça dessa casa, imagine qualquer outro item deste quarto luxuoso.

  Caminho com admirável determinação por sobre as coisas, só mais três míseros passos e chegarei lá, passo a perna por cima do amontoado de sei lá o quê e ele se mexeu! Parei! O quê? Não, não, não...  isso é ilusão da minha cabeça perturbada, vou me aproximando mais ainda, estou quase lá, esbarrei em algo no chão, droga! Caio esparramada feito uma boneca de pano em cima de toda a bagunça, chego a rir e me aproveitar da situação, pareço inanimada mesmo, se bem que o descanso é bem vindo.

_ Ah... Eu poderia ficar deitada só mais um pouquinho. 

  Minhas costas doem, e acordei cedo pela a manhã, começo a me arrepender de ter lido até tão tarde.  Começo a agraciar esse descanso. 

Mas o quê? Rapidamente me sento apoiada nas mãos.

  Estou ouvindo murmúrios de uma voz abafada, olho para todos os lados e não vejo ninguém, tento me levantar mas alguma coisa me abraça apoiando as mãos nos meus seios e me leva a baixo novamente, isso é uma loucura, estou ficando louca.
  Usando meu tato consto que pirei de vez, em meio a toda essa tralha há um corpo e por meio da massa de músculo que estou sentindo é um homem, estou deitada em cima dele, mas de onde ele saiu?! Das profundezas do inferno?

_ Merda, merda, ei mano, me solta aí. 

  Não surta coraline, mantenha a respiração curta, se entrar em pânico será pior.
  Me contorço na esperança de me desvencilhar dele, mas com um giro habilidoso o desconhecido  se sobressai sobre mim me encurralando no chão.
  A dimensão do que está acontecendo me deixa sem reação, minha voz  interior me manda sair dessa situação rapidamente, óh céus.

_  Anda gostosa, só mais um beijo. 

  Pela proximidade dos nossos rostos percebo que o cara bebeu todas e mais um pouco, estou ficando tonta apenas com o bafo que sai da sua boca.

  O desconhecido agarra meu quadril, e aproxima seu rosto do meu e logo percebo onde ele quer chegar. Meu coração acelera, meu corpo trava, porém não vou deixar que isso aconteça, nunca beijei um conhecido, quem dirá um estranho que está ainda por cima bêbado.

  Começo a afastá-lo pelos ombros em busca de distância, mas seu peso é tremendo e sou muito pequena para lutar contra ele.

_ Porra cara me... 

E é aí que ele me beija.

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