Sincere and Transparent

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Eu estou em ruínas.

Faz mais de uma semana e meia desde a comemoração ocorrida na floricultura e eu estou indo de mal à pior. Minha relação com Jimin tem se firmado cada vez mais, estamos bem próximos e conhecemos basicamente tudo um sobre o outro. Ao término de nossos expedientes, adotamos uma rotina na qual eu o acompanho até sua casa e temos alguns minutos para conversar um pouco, ás vezes chegamos a parar em algum lugar para comer sempre que ele se vê livre.

Toda manhã não perco hábito de olhar para o outro lado da rua e dar de cara com o sorriso brilhante que o loiro joga em minha direção, o ato, em conjunto com a vista do nascer do Sol, faz com que meus dias comecem do melhor jeito possível, o bom-humor se apodera de mim e mal chego a ficar irritado com as besteiras que os meninos fazem vez ou outra. Para se ter uma ideia, eu consigo ser muito mais produtivo e receptivo se receber o sorriso glorioso e tão doce que Jimin possui, sinto como se fosse especialmente feito para mim e que os dias seriam uma merda se não fosse por ele.

E é aí que se mora o perigo.

Estou cada dia mais encantado e rendido por tudo que o loiro faz, seja por ele sorrir bonito ao amanhecer ou suspirar cansado ao entardecer. Todos nossos encontros fazem meu coração pular no peito como um louco e eu me vejo completamente ansioso na medida em que minha mente trabalha em função de acompanhá-lo até sua casa, tudo apenas para poder escutar sua voz me contando qualquer sobre coisa que tenha acontecido, o tom suave e sereno eliminando as dores do cansaço e trazendo o relaxamento que meu corpo almeja e precisa. Estou tão dependente que, em um dia que não consegui o levar para casa devido à alguns trabalhos a mais, tive uma noite de sono horrível, preocupado ao extremo e pensando em uma maneira de compensá-lo por minha falta.

Sei que pareço um louco de pedra, viciado em alguém assim como um usuário de drogas, mas acho que todo começo de paixão é assim, intenso e devastador, deixando nossa mente ocupada o tempo todo com a imagem do rosto perfeito de quem doma nosso coração sempre que estamos longe, e os olhos desesperados em capturar todos os traços e gravá-los na memória sempre que estamos juntos.

Ao mesmo tempo que possa soar triste, a sensação que nos toma é quase sempre tão boa que nos faz esquecer de toda a problemática que aquilo envolve por certo tempo, assim como a morfina alivia nossas dores por um período, fazendo-nos achar que jamais conseguiremos viver outra vez sem ela, que assim que acabar voltaremos a sentir dores que já não existem mais, nos deixando dependentes apenas para em algum momento ir embora.

Antes que me achem pessimista ou algo do gênero, a paixão tem tempo e intensidade definidas, irão acabar em algum momento e não há nada que possa ser feito para impedir isso. A frase ''fogo da paixão'' nunca teve um sentido mais literal, no início uma chama pequenininha que nos recusamos a deixar crescer, tentando encontrar, de todos os jeitos e maneiras, uma forma de tentar apagar antes que tudo já esteja perdido, conscientes de suas consequências. Depois de inúmeras e falhas tentativas, a chama cresce, o fogo se alimenta de nossa energia e queima-nos por dentro, causando sensações tão destrutivas e intensas, arrancando cada pedaço de nossa sanidade e nos deixando completamente à sua mercê, nos cegando com suas cinzas se espalhando tão rápido como nada no universo consegue, nem sequer a velocidade da luz.

No entanto, depois de muito queimar, a chama enfraquece e deixa de causar tanto efeito, morrendo lentamente e deixando nada mais que cinzas do que fomos um dia, tão fraca que um lufar é capaz de apagá-la por completo, sendo tudo o que nos resta são marcas de queimadura e cicatrizes que nunca serão apagadas ou esquecidas, cumprindo o papel de nos fazer lembrar da imensidade de tudo aquilo que foi um dia e que hoje já não é mais nada.

Com as tristes cinzas que restaram há duas possibilidades do que se fazer, pegar um vassoura e juntar toda a sujeira, a jogando no lixo e apagando os vestígios com um pouco de água e sabão, em algum tempo esquecendo-se de que ali pegou fogo e vendo nada mais do que um chão de cimento gasto e velho, onde nossos pés pesados andam todos os dias, não tendo mais relevância alguma.

The flowers count something | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora