Thank u, Liar!

Ariana?

Dangerous Women, era essa a nossa surpresa. Dangerous Women. Não apenas Dangerous Women, mas sim a loja da equipe.
Demetria teria ficado com uma das lojas de seu falecido pai. Sem ideias do que inaugurar, resolveu homenagear o grupo com uma loja apenas de roupas e utensílios esportivos. Bom... Essa havia sido uma pequena desculpa para fazer com que eu e Ariana tivéssemos um pouco de privacidade, sim, Demetria faria uma loja apenas para forçar que Ariana ficasse mais tempo ao meu lado. Igor teria sido o responsável pela descoberta, em uma conversa teria deixado escapar esse detalhe.

°°°

Ao chegar no colégio na manhã seguinte me deparei com a maior horda de pessoas, alunos, professores, homens e mulheres fardados. Não fazia ideia do que estava acontecendo no momento, os gritos de paramédicos de um lado para o outro pareciam estar literalmente dentro de meus ouvidos. Ao longe vi Ariana sozinha, totalmente em choque, me apressei em sua direção:

— O que aconteceu aqui??

A mesma teria se assustado comigo, estava apavorada que não se deu conta de minha presença. Respirou fundo algumas vezes, abrindo a boca e desistindo de falar sempre, até enfim segurar suas bochechas com as duas mãos:

— Encontraram o assassino daquela professora.

Arregalei os olhos com suas palavras. A professora de tempos atrás, ou melhor... O culpado pela morte daquela mulher estava de volta, mas por qual motivo?. Era um caso abafado, quase ninguém falava mais sobre o assassinato, já estávamos na metade do ano, faziam meses do ocorrido:

— O que?? Por quê?

Ela engoliu seco, dessa vez esfregando as mãos uma na outra, suava frio, com medo, eu diria.

— Eu não sei, eu só cheguei e... — Ela ergueu o braço em direção a multidão. — Eu preciso ir embora.

Sem olhar para mim ela seguiu caminho para o lado de fora, a segui, seus passos eram largos e apressados, diferente do normal. Isso não era normal de Ariana, nem um pouco parecido com ela.
Antes de abrir a porta de seu carro se virou e pôde preceber que eu andava na mesma intensidade:

— O que aconteceu? — Insisti

Ela suspirou abrindo a porta:

— Tem um psicopata na minha escola, eu não vou ficar aqui.

Ameacei mais um passo:

— Você não está bem.

— Tem a porra de um assassino imobilizado aí dentro. — Senti que sua voz estava falhando. Lágrimas. Não, essa não era a Ariana que eu conheço.

— Você sabe de alguma coisa.

Levando sua mão ao rosto limpou algumas lágrimas, então pôs-se a sentar no banco de seu carro. Como eu imaginava, seus olhos inchados e vermelhos:

— Não, só que... — Balançou sua cabeça em sinal de negação antes de continuar — Ele matou o Ron.

Deixei meu queixo cair. Ron estava morto?. Como?.
Ariana estava mais uma vez secando as lágrimas, evitando trocar olhares comigo:

— O que você fez?

— NADA! — Ela se levantou, ficando cara a cara comigo, apontando o dedo indicador para meu peito — Eu não fiz nada.

— Eu conheço você. Você fez!

— Eu já disse. Eu não fiz na-da. — Disse ela com os dentes cerrados, olhando fundo em meus olhos.

— Por coincidência o cara que não quis você, morre. E você chora por isso. — Empurrei sua mão do meu peito. — Você deveria odiar ele igual odeia todos os outros, mas está chorando. Quis ir embora ao invés de dar uma cena. Sim, eu acho que você fez alguma coisa!

Ariana se virou de costas para mim, apertando os punhos antes de finalmente desabar no choro:

— Não era a minha intenção, Sel. Eu juro. — Seu olhar voltou para o meu, estava com dificuldade para respirar, eu podia ver arrependimento em seus olhos — Era só ela, há meses, eu sei... É cruel, mas eu me arrependi, eu não fiz nada, eu só... Escrevi para o namorado dela, e ele...

Fechei os olhos tentando ingerir o que estava ouvindo, não podia ser real, era sem cabimento algum, ela estava louca e eu em choque:

— Entra no carro e vamos sair daqui. Agora.

Ela me respondeu com a cabeça, já entrando no veículo. Adentrei o mesmo logo em seguida, vendo as suas pequenas mãos girarem as chaves e se perder nas ruas, não tive coragem de dizer nenhuma palavra até estarmos em um lugar distante e sem ninguém:

— Me explica tudo. Desde o começo.

Ariana secou o rosto pela última vez, se preparando para falar:

— Eu estava apaixonada, ele não me quis porque queria dela. Eu perdi a cabeça e escrevi uma carta para o namorado dela, e ele... Ele fez aquilo, eu pensei que ia acabar ali, mas ele se livrou da primeira vez, e agora voltou, e matou o Ron. — Ela fez uma pausa e estacionou o carro, se pondo diante de mim. — Eu deixei de querer ele, mas me senti culpada, é minha culpa! Mas eu não sou mais apaixonada por ele, Selena, não sou.

Neguei com a cabeça, essa história era absurdamente egoísta:

— Você fodeu com a sua vida.

Seus olhos cresceram, naquele momento estava parecendo uma louca:

— Não, não, não, você não pode contar isso para ninguém, só você e Demetria sabem de mim e o Ron, você não pode contar isso para ninguém, Sel.

Suas mãos foram até a boca, como se estivesse rezando:

— Como vamos esconder isso? Você fez uma coisa sem palavras!

Ela franziu a testa e deu um soco no volante:

— Eu me arrependo disso, me arrependo muito, mas não posso contar para ninguém, nem você.

— Então por que fez essa merda?

Seu olhar se fixou ao meu, suas mãos tomaram meu rosto e seus lábios dos meus, por um momento aquilo fez com que eu esquecesse do ocorrido. Seu beijo desesperado tomava conta de mim, fazendo meu corpo tremer e minha temperatura subir. Ao se afastar olhou para meu assento:

— Eu te encontrei e ele sumiu... Eu... Queria voltar atrás para não ter escrito, mas... Já foi. Eu me apaixonei por você, eu quero passar minha vida do seu lado, mas agora eu estraguei tudo.

Ariana suspirou, se editando sobre o banco:

— Não... — Tentei falar, mesmo que essa garota tivesse arrancado todas as palavras de minha boca com seu beijo. — Nós vamos guardar esse segredo, juntas. Ninguém vai descobrir.

Nos olhamos, e mais uma vez estávamos explorando os beijos uma da outra. Duas amigas. Agora duas amantes. Eu consegui o que queria —Ariana—, mas também entrei em uma história que poderia foder minha vida.