Porquê tu?

Capítulo 95

|Catarina|

-Onde queres que te leve agora?-questionou o Fonte.

-Leva-me a casa por favor. Ainda há coisas que tenho de resolver.

-A tua casa? 

-Sim, tecnicamente é minha também. 

-Tens a certeza que queres ir para a casa do André?

-Claro. Aquilo que ficou esclarecido quando estávamos juntos é que a casa seria dos dois. Não é porque estamos de costas voltadas que não vou para lá.

-Tudo bem. E o que tens de fazer?

-Quero esclarecer as coisas com a Leonor. Conheço-a bem o suficiente para saber que vai ser sincera.- digo enquanto estamos a caminho

-----------------------------------------------------

Saímos do carro e fomos até à porta de casa.

-Eu não vou entrar, não preciso. Promete que se não te tiveres a sentir confortável me ligas. Eu venho-te logo buscar e ficas comigo.

-Prometo!- abraço-o

-Fica bem, jeitosa.- era o nome que ele me chamava quando namorávamos.

Abri a porta lentamente, não por estas com medo ds reação do André mas sim porque por detrás daquela porta estavam bonitas lembranças e sentimentos puros. Entrei e a casa estava silenciosa o que me levou a pensar que o André ainda estivesse no treino.
Vou até ao nosso quarto. Organizo as minhas coisas e ligo à Leonor.

EM CHAMADA

-Olá, estás ocupada?

-Olá, Catarina, não. O que precisas?

-Preciso de falar contigo urgentemente. Vens até cá a casa?

-Á casa do André? Sim, ia para aí de qualquer das maneiras

-Até já.

Mal desligo penso naquelas palavras. "Ia para aí de qualquer das maneiras"? O que isso queria dizer?

O tempo passa e ouço uma chave na fechadura. Quando olho para ver quem é deparo-me com o rapaz com quem moro.

-Boa tarde. Estás à espera de alguém?-ele age normalmente

-Sim, André. Estou à espera da Leonor para falarmos. Vais ocupar o quarto?

Ele olhou me surpreendido.

-Por agora não, podem ir para lá.-responde.

Rapidamente ela chega e subimos até à divisão superior.

-Então o que tens para falar comigo?-pergunta

-Nunca pensei que poderia vir a ter esta conversa contigo.
Como sabes no dia do teu aniversário saí do hospital..

-Sei- interrompe me- Vi te no restaurante onde festejei o meu dia, não vieste ter comigo e eu só percebi que lá estavas no final da festa.

-Sim eu já soube disso. Mas aquilo que eu sei é que tu e o André se beijaram exatamente nesse dia, antes da festa. E ninguém me contou eu vi com os meus próprios olhos.

-Catarina... Desculpa, apesar do André já me ter alertado que haviam chances disso ter acontecido eu não acreditava.-ela fala baixo, mas consigo ouvir

-Leonor, eu só te peço que sejas sincera comigo e me contes o que se passou. Eu não estou bem com o André e acabei com ele por isso.

-Vou ser honesta, beijamo nos sim e foi por vontade dos dois. Quando percebemos a loucura que aquilo era rapidamente nos afastamos e reconhemos o nosso erro.

-Leonor, eu pensava que nós éramos amigas, melhores amigas!!!-digo tentando esconder o choro.

-As coisas entre mim e o Afonso estão mas más e entre ti e o André também. Nós confundimos...

Não a deixei acabar de falar. Não suportava a ideia de ele ter beijado outro alguém. Ele era o amor da minha vida por muito que custasse admitir.

Fui ao encontro do carro do Fonte, dei lhe um grande beijo e disse

-Está a tudo a correr bem. Obrigada por tudo. Posso dizer que te amo. Sem ti nada seria possível. Mas agora vai embora, vou ficar cá a dormir pois preciso de aliviar a cabeça. Fica bem

Quando estava a ir em direção à porta da entrada cruzei me com a Leonor que certamente estaria a ir embora para nunca mais voltar.

21.27

Desci as escadas e vi que o André se encontrava sentado no sofá.

-Já jantaste?-pergunto

-Ainda não.

-E vais jantar em casa?-pergunto num tom furioso.

-Sim.-responde-Vou pedir Italiano. Queres?

-Sim-respondo bruscamente

Passado alguns minutos ouço-o a chamar-me.

-Sim?- pergunto enquanto desço as escadas.

-A comida já chegou. E está a dar a nossa série favorita.

-Vais comer no sofá?-questiono

-Sim, não vais querer perdes este episódio pois não? Anda, toma a tua comida e tens a bebida em cima da mesa.

Friamente sento-me lado oposto do sofá e presto atenção à televisão enquanto comemos. Sinto que ele olha para mim algumas vezes até que os nossos olhares acabam por se cruzar.
Ele ri-se com uma peripécia da série. Posso dizer que tinha saudades de ver aquele sorriso, mas ás vezes temos saudades de coisas que não são certas e que talvez não devemos dar muita importância. Acabo por olhar para as horas.

23:20

Levanto-me para arrumar aquilo que foi utilizado.

-Vais dormir?- ele pergunta

-Sim, mas no sofá portanto se não te importares podes sair daí?

-No sofá?Posso saber porquê? Não faz sentido nenhum.

-Faz sim, André. Sabes perfeitamente que não estamos bem e preciso de tempo para pensar ok? Não me forçes a nada.

-Ok, de qualquer das maneiras preciso do quarto livre porque a Leonor vem cá daqui a bocado....

Interrompi-o.

-A Leonor, o quê? Olha para mim! Achas isso correto? Achas isso normal? Ás vezes parece que nao tens consciência dos erros que cometes. André, tu estás tão diferente. Este não foi o rapaz pelo qual me apaixonei.
Tu tens noção das parvoíces que andas a fazer?!
Achas que vai ser confortável para mim dormir e saber que estás com ela no NOSSO quarto?

-Mas...

-Sai da minha frente!!

Subi aqueles degraus que me levaram até ao quarto para retirar do armário alguns lençóis e as minhas almofadas. Volto a descer para desta vez me deitar. Ele ainda estava lá em baixo, desta vez na varanda com a Leonor. Estavam deitados no sofá exterior.
Desligo a televisão.
Eles passam por mim para irem em direção ao quarto e eu viro lhes costas. Coloquei uns fones com uma música tranquila para não os ter de ouvir e adormeci tranquilamente.