Capítulo 7

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Jimin
Capítulo 7


Agora que Naomi estava dormindo tão tranquila, era difícil acreditar que há algumas horas atrás estivesse fora de si. Aquele havia sido o primeiro vislumbre de tudo que ela escondia tão bem. Eu supus coisas erradas, achava que poderia mensurar sua dor. Desde o começo só cometi erros. Tudo poderia ter sido evitado se não fossem minhas escolhas.

Levantei da cama onde estava sentado e Naomi descansava, para caminhar livremente. Não consegui pensar em nenhum outro lugar seguro que não fosse minha casa. Quando ela perdeu a consciência, nada mais ao redor importava. Eu saí feito louco do clube, mesmo Taehyung tentando me impedir, mas eu não ouvia ninguém.

A verdade é que eu não pretendia ir naquela festa, sempre houve comemorações do tipo entre os funcionários, apenas. Não havia razão para eu estar lá, até pensar que teria a possibilidade de Naomi ir. O fato era que, eu não conseguia parar de refletir sobre isso. Tentei procurá-la durante a semana, mas era como se não existisse. Foi então que entendi que estaria fugindo de mim.

Encontrá-la naquela tal festa e exigir respostas, era o plano, mas o que eu vi quando cheguei foi assustador em tantos níveis. Ela gritava e se debatia na água, como um pequeno animal indefeso. Estava se machucando, mas ninguém conseguia se aproximar sem assustá-la ainda mais. Ouvi a chamarem de louca enquanto assistem horrorizados. Nenhum deles tinha ideia do que acontecia. Ninguém sequer poderia entender seus traumas.

Vê-la daquele jeito outra vez me levou ao dia do acidente, a memória viva se repetia como um dejavu. O desespero e a endorfina queimavam em meu sangue, movendo diretamente para ela, exatamente como naquele dia.

Atravessar a aglomeração de pessoas não foi fácil, mas mais difícil foi quando estendi a mão e Naomi me empurrou imediatamente. Estava com os olhos fechados, lutando comigo ou qualquer um que se aproximasse, com uma força surpreendente. Cada som que emitia acabava comigo. Em determinado momento abracei ela com força, até que não lutasse mais. Comecei a sussurrar palavras amáveis que pudessem acalmá-la. Prometi que não a deixaria sozinha e cuidaria dela, só precisava que abrisse os olhos.

Ao mesmo tempo que meus olhos ardiam, os gritos dela se transformaram em choro, e pouco a pouco parou de lutar. Naomi enterrou a cabeça no meu peito se agarrando nos meus braços como sua última esperança. Eu estava com ela, era tudo o que importava.

- Me deixe respirar... Por favor, me deixe... - Ela voltou a sussurrar, provavelmente lutando contra outro pesadelo.

Eu voltei para cama para ficar ao seu lado, toquei seus cabelos suavemente, mas ela instintivamente bateu na minha mão enquanto se contorcia. Seu rosto estava marcado por expressões dolorosas e profundas, que eu não poderia sequer imaginar. O que sei é tão raso, que já não sei se estou ajudando a melhorar ou a agravar ainda mais o problema com suas memórias.

- Não... Não... Não me deixa... Vó... ar, eu preciso... me salve, alguém... por favor...

Ela gritava palavras desconexas sem parar, quando entendi que não era apenas sobre o acidente, um pouco de coragem me deixou abraçá-la. A respiração dela ficou pesada, seu corpo tremia e os soluços ficaram cada vez mais altos.

- Me perdoa - Disse baixinho no seu ouvido - Seja lá o que estiver passando, me ouça Naomi. Volte a abrir os olhos, me deixe ver a cor deles? Me deixe ver...

Assim como na piscina, Naomi se agarrou a mim com tanta força, como se eu pudesse fugir. O que ela não sabia é que jamais iria a lugar algum. Aos poucos o choro cessou. Naomi parou de franzir o rosto e se aninhou em meus braços mais tranquila. O silêncio não era incômodo, mas havia algo pesado no ar que me deixava inquieto. Continuei acariciando seu cabelo e observando cada expressão atentamente. Seus lindos olhos correram ao redor, então voltaram para mim.

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