Capítulo 1 - O livro da mãe

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As coisas nem sempre são o que pareciam ser. Esse é o caso do nosso amigo Ricardo Portugal. Quando ainda criança, lá para os cinco, seis anos, sua voz fininha e seu jeito manhoso, quase afeminado, lhe valeram vários insultos, ou na melhor das hipóteses piadas maldosas de cunho homossexual. A infância ainda é muito cedo para se decidir sobre a opção sexual, os hormônios ainda nem explodiram; no entanto, os mais desavisados ou menos vividos blasfemaram contra o menino Ricardo Portugal. Esse temperamento doce e delicado criou uma identidade natural dele com as menininhas. Tais amizades inclusive foram usadas como argumento pelos incrédulos da sua masculinidade. Ele só quer brincar com menina de coisa de menina, diziam os maliciosos. Mal sabiam eles que aquele primeiro contato ensinava ao menino como funcionava o universo feminino. A falta de um pai presente facilitava a injúria. Apenas com a mãe e a irmã mais velha em casa, quem iria ensiná-lo a ser homem, a irmãzinha dele, questionavam? E todos riam. Faziam isso porque não havia quem defendesse a família. Aquele que o deveria, do mesmo clube dos reprodutores natos e viris tão críticos, trocou-os por uma fêmea mais nova.

A ironia desses machões, entretanto, não foi sagaz o suficiente para perceber que a pequena Helena Portugal teria amigas e cercaria o irmão de futuras presas. A primeira foi uma chamada Michele, colega da classe dela na sétima-série. Ricardinho tinha nove anos e estudava em colégio de padre, particular, o dia todo – foi uma maravilha, segundo Dona Maria, o patrão dela, professor do estabelecimento, ter conseguido uma bolsa se passando pelo pai do seu garoto. Era idade de primeira comunhão. As aulas de eucaristia o impregnavam de ordens contra o pecado, principalmente o da carne. O menino era quase um santo. Mas a irmã não. Três anos mais velha, a curiosidade pelo sexo a fez se fechar no quarto do cortiço com Michele só para navegarem em sítios pornográficos na internet pelo celular da amiga. Vidradas nas imagens profanas, as duas ficaram um tempo ali, pensando coisas, fazendo perguntas, imaginando. De repente, foram surpreendidas pela chegada de Ricardinho, vindo do colégio. Num primeiro momento, a maior preocupação foi esconder o telefone móvel. Não queriam revelar o segredo. Não queriam, mas não aguentaram. A excitação havia alcançado um nível insuportável. Foi impossível esquecer o desejo ainda latente. Para piorar, a presença do menino incendiava ainda mais o calor que vinha do interior de seus corpos. Elas logo perceberam o potencial sexual da nova situação. Os irmãos nada poderiam fazer por causa dos laços consanguíneos, mas Michele e Ricardo sim. Como ninguém iria aparecer tão cedo, pois Dona Maria, que voltara a estudar depois que o caçula passara a ir sozinho às aulas, só retornaria às onze da noite, mais de cinco horas de prazo, as garotas partiram para o ataque. Ele achou estranha aquela conversa e ainda tentou impedi-las. A pressão feminina foi maior. – Você é um homem ou um rato? – Pra essas coisas eu sou um rato. – Aé, então dá uma olhada nessas fotos aqui.

Eram cenas de tirar o fôlego. Mamadas, metidas, posições, dupla-penetração, seios, gozo. Novidades que endureceram o pau de Ricardinho. A partir daí, não foi preciso mais insistência. Os pudores do menino foram sufocados pelos hormônios. – Está bem, eu aceito – disse ele. O consentimento soou como uma ordem para se livrarem das roupas. Helena apenas observou os dois, cada expressão, cada olhar, tudo, não podia perder nenhum detalhe, afinal, no futuro, sua vez chegaria e ela não queria fazer feio.

Nua, Michele se deitou num pequeno colchão estendido no chão do cômodo. Ricardinho pôs seu corpo sobre o dela e começou um movimento aleatório, sem muito objetivo prático. Ele sabia que deveria entrar nela, estava na internet. Mas, cadê o buraco? Depois de muitos movimentos aleatórios houve um encaixe. Na hora, dor, muita dor. Em ambos. Ricardinho já apresentava um membro masculino desenvolvido para sua idade, talvez fruto da circuncisão que fizera logo após o nascimento. – Para, não estou aguentando – disse a garota. – Mas só entrou a ponta – retorquiu o menino. Ele não queria cessar e empurrou mais um pouco. A reclamação aumentou. Muito. Ricardinho não suportou tantos protestos e cedeu sem nem mesmo passar da metade. Ela nunca mais apareceu.

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